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Guiné-Bissau: PR Sissoco deixa Nabiam sem proteção do Estado

25 de junho de 2024

Em Bissau, o PR Sissoco Embaló ordenou a retirada da segurança da residência do ex-primeiro-ministro Nuno Gomes Nabiam, após este criticar duramente o chefe de Estado. APU-PDGB alerta para possíveis reações populares.

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Segurança de Ex-PM Nabiam retirada após conflito com Sissoco EmbalóFoto: Presidency of Guinea-Bissau

Em Bissau, foi retirada a equipe de segurança da residência do ex-primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, que está em conflito com o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló. No sábado passado, Nabiam lançou duras críticas ao chefe de Estado e afirmou que as ações de Sissoco Embaló podem levar o país a uma guerra civil.

As acusações não foram bem recebidas por Sissoco Embaló, que teria ordenado a retirada dos seguranças da casa de Nabiam, deixando o ex-vice-presidente do Parlamento e atual líder do APU-PDGB sem a proteção das forças de segurança do Estado.

Agostinho da Costa, Secretário Nacional da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau, liderado por Nuno Gomes Nabiam, acusa diretamente o chefe de Estado:

"O Senhor Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, mandou retirar o pessoal da segurança da ECOMIB ao Eng. Nuno Gomes Nabiam, Ex 1º Vice-Presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP) e Ex-primeiro-ministro, sem qualquer comunicação prévia à entidade visada. Igualmente, o Senhor Presidente da República, hoje, 24 de junho, mandou retirar o pessoal da Guarda Nacional e da Ordem Pública, afetos ao Eng. Nuno Gomes Nabiam."

Conflito escalando

O APU-PDGB adverte que qualquer tentativa de pôr em causa a segurança do seu líder terá uma reação "popular imprevisível" e que Sissoco Embaló "será o único responsável pelas consequências":

"APU-PDGB vê nessas ações das forças de ordem, sob o comando desesperado e frustrado de um Presidente da República sem sentido de Estado, sem noção de Estado, em pânico e sem qualquer tipo de discernimento e responsabilidade institucional inerentes ao seu cargo político."

Nuno Gomes Nabiam e Umaro Sissoco Embalo
Nuno Gomes Nabiam e Umaro Sissoco Embaló em conflito político após críticas de Nabiam Foto: Presidency of Guinea-Bissau

Retirar segurança de altas figuras do Estado que contestam o regime tem sido uma prática do Presidente guineense, afirmou à DW o analista político Diamantino Lopes:

"Depois das declarações de Braima Camará sobre a situação política no país, que considerou autoritarismo a atuação do Presidente da República, aconteceu o mesmo com Domingos Simões Pereira: foi-lhe retirada segurança. Portanto, é algo recorrente."

Em conferência de imprensa, Agostinho da Costa, secretário nacional do APU-PDGB, afirmou que o partido não vai desistir, pois sabe o que está em causa na Guiné-Bissau:

"O APU-PDGB está firme e determinado na sua luta para reforçar e garantir o estado de direito democrático na Guiné-Bissau, combater e estancar a circulação de barões da droga, com o envolvimento de altas figuras do Estado, e evitar que o país seja visto e considerado como Narco-Estado e corrupto."

Histórico político de Nabiam

Nuno Nabiam foi aliado político de Embaló, sendo primeiro-ministro entre fevereiro de 2020 e agosto de 2023. Como vice-presidente da Assembleia Nacional Popular, foi Nabiam quem deu posse a Umaro Sissoco Embaló, declarado vencedor da segunda volta das presidenciais de 2019 pela Comissão Nacional de Eleições. O então presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá, tinha declinado conferir a posse a Embaló, e Nabiam assumiu a responsabilidade, sendo posteriormente nomeado primeiro-ministro.

Ao deixar de ser primeiro-ministro, na sequência das eleições legislativas de 2023, Nabiam assumiu o posto de Conselheiro Especial do Presidente da República, cargo do qual se demitiu em fevereiro passado, alegando discordância com a atuação de Umaro Sissoco Embaló. Desde então, Nabiam tem feito ataques sistemáticos à gestão de Embaló.

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DW Mitarbeiterportrait | Braima Darame
Braima Darame Jornalista da DW África