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Scholz: "Putin errou no cálculo da guerra"

14 de dezembro de 2022

Após quase dez meses de conflito, chanceler federal alemão avalia estratégia de Putin como um fracasso. Scholz promete mais apoio à Ucrânia, mas recebe críticas da oposição por não enviar novos sistemas de armas.

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Chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, durante discurso no Parlamento alemão
Scholz disse que Putin subestimou a coragem dos ucranianos e a vontade dos aliados europeus de combater o imperialismoFoto: Michele Tantussi/REUTERS

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, calculou fundamentalmente mal a sua guerra contra a Ucrânia, avaliou o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, nesta quarta-feira (14/12), em um discurso no Parlamento alemão.

Segundo Scholz, o presidente russo subestimou tanto a coragem dos ucranianos quanto a vontade de seus aliados europeus de se unirem contra a "mania de potência e o imperialismo". E, de acordo com o chanceler, a Rússia nunca esteve tão isolada. "Esta é a verdadeira história deste ano de 2022", disse.

Scholz acusou Putin de reagir ao seu fracasso na guerra com uma "terrível e ao mesmo tempo completamente desesperada estratégia de terra arrasada", atacando a infraestrutura da Ucrânia. "Mas Putin também não irá se safar dessa. Porque os ucranianos estão unidos e firmes", disse.

O chanceler voltou a prometer mais apoio à Ucrânia pelo tempo que for necessário, inclusive apoio militar. No entanto, não garantiu a entrega de novos sistemas de armas.

O líder da oposição, Friedrich Merz, da União Democrata Cristã (CDU), considera isso urgentemente necessário, e pediu a Scholz que forneça a Kiev os desejados tanques de guerra Leopard 2 e veículos blindados Marder.

Oposição critica "inoperância"

"Mesmo quase dez meses após o início desta guerra, Scholz ainda está se escondendo atrás dos parceiros da Otan, que supostamente também não querem enviar equipamentos. Entretanto, sabemos que isso está errado", disse Merz. "Que a Ucrânia não esteja recebendo essa ajuda é em grande parte responsabilidade de Scholz".

No últimos meses, Scholz enfatizou repetidamente que a Alemanha não agirá sozinha na questão de entrega de armamento à Ucrânia. Até agora, nenhum país-membro da Otan entregou tanques de guerra de fabricação ocidental.

Por outro lado, os EUA afirmaram que não se oporiam caso a Alemanha decidisse entregar sozinha os tanques pedidos pelo governo ucraniano. "Quanto mais ajudarmos, mais rápido esta guerra terminará", disse Merz. 

Após o discurso no Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão), Scholz seguiu viagem para a cúpula UE-Ásia em Bruxelas, onde ficará até quinta-feira para a reunião regular de dezembro da União Europeia. O encontro terá como pauta o apoio à Ucrânia e formas de combater a crise energética decorrente do conflito.

Ceticismo com teto para preço do gás

Scholz reiterou seu ceticismo em relação a um teto europeu para o preço do gás. "Não existem soluções simples e imediatas. Por exemplo, não podemos intervir nos preços de tal forma que afetará a entrega de gás para a Europa", disse. Mas o chanceler demonstrou confiança de que haverá um entendimento adequado e pragmático.

Nas negociações, a Alemanha está preocupada em garantir que a segurança do abastecimento de gás não seja prejudicada pelo teto de preço. Uma reunião especial de ministros de Energia na terça-feira não conseguiu selar um acordo.

Sob pressão de um grande número de países, a Comissão da UE propôs limitar o preço do gás a 275 euros por megawatt/hora em determinadas circunstâncias.

A postura da Alemanha nesse tema gerou críticas da oposição no Bundestag, que acusou Scholz de se isolar na Europa e de ser o responsável pelos distúrbios nas relações franco-germânicas.

"Scholz carece de compreensão da estrutura desta Casa, da fundação desta Casa, e não tem a imaginação de um arquiteto e a vontade determinada de um empreiteiro para deixar esta Casa europeia à prova de intempéries e sustentável para o futuro", disse Merz.

O líder da bancada regional da União Social-Cristã (CSU), Alexander Dobrindt, acrescentou: "Scholz não constrói pontes, ela as derruba".

AfD pede fim das sanções contra a Rússia

O presidente da legenda de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), Tino Chrupalla, pediu o fim das sanções contra a Rússia. Ele argumentou que, como a Alemanha é um país sem matérias-primas e com alta inflação, não poderia se dar ao luxo de impor constantemente sanções econômicas a Moscou.

"Este instrumento prejudica a Alemanha, assim como seus cidadãos. E isso tem que acabar", disse.

Em sua declaração ao Bundestag, Scholz afirmou que as atuais sanções contra a Rússia seão mantidas, e incrementadas se a agressão russa contra a Ucrânia persistir.

pv/bl (dpa, ots)