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Primeiro lote da vacina Coronavac chega ao Brasil

19 de novembro de 2020

São Paulo recebe primeiras 120 mil doses do imunizante chinês, que está no centro de uma disputa política entre Doria e Bolsonaro.

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Vacina
São Paulo receberá também matéria-prima para produção local da vacinaFoto: picture-alliance/Xinhua/Zhang Yuwei

O governo do estado de São Paulo recebeu nesta quinta-feira (19/11) o primeiro lote da vacina Coronavac, com 120 mil doses, vindo da China.

A chegada do lote ao aeroporto de Guarulhos foi acompanhada pelo governador João Doria, pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, e pelo secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchtey.

O governo de São Paulo fechou acordo com a empresa chinesa Sinovac, fabricante da vacina, para a produção de 46 milhões de doses e para transferência de tecnologia ao Butantan, que é parceiro nos testes clínicos de fase 3 que estão sendo feitos no Brasil.

O acordo prevê a entrega de 6 milhões de doses até o fim do ano e a produção no Brasil de mais 40 milhões de doses.

Casos de covid-19

Prontas para uso em janeiro

Nesta terça-feira, o Butantan havia comunicado que receberia as primeiras doses esta semana e, até o fim de novembro, a matéria-prima para produção local.

"Receberemos ainda neste mês uma quantidade inicial de 600 litros de matéria-prima para iniciar a produção aqui no Butantan. Tudo caminha para que rapidamente tenhamos 46 milhões de doses de vacinas prontas para uso já em janeiro", afirmou Dimas Covas.

A aplicação da vacina só poderá ocorrer após aprovação pela Anvisa, o que, por sua vez, depende da conclusão da terceira fase de testes clínicos, em andamento.

Eficácia elevada

Um estudo publicado nesta terça-feira na revista científica The Lancet Infectious Diseases afirma que a Coronavac produziu, depois de 28 dias, anticorpos em 97% dos voluntários saudáveis testadose é segura.

Os dados do estudo são da primeira e da segunda fases de testes clínicos. A terceira fase ainda não foi concluída.

Os resultados são provenientes de testes clínicos feitos na China em abril e maio, com 744 voluntários saudáveis entre os 18 e 59 anos, e revelaram que as respostas de anticorpos podem ser induzidas dentro de 28 dias após a primeira imunização, administrando duas doses da vacina com 14 dias de intervalo.

Disputa entre Bolsonaro e Doria

A Coronavac está no centro de uma disputa política entre Doria e o presidente Jair Bolsonaro.

Em 20 de outubro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou a intenção do governo federal de comprar 46 milhões de doses da vacina chinesa. Porém, algumas horas após o anúncio, Bolsonaro desautorizou o ministro e vetou a compra da Coronavac.

A recusa contrasta com um outro acordo - firmado pelo governo federal com a Universidade de Oxford e com o laboratório AstraZeneca - para a compra de 100 milhões de doses da vacina britânica, que ambas as instituições desenvolvem e que se encontra na mesma fase de testes clínicos que a da Sinovac.

Na semana passada, Bolsonaro elevou ainda mais a polêmica em torno da vacina ao declarar vitória após a suspensão dos testes da Coronavac depois da morte de um voluntário. "Mais uma vitória de Jair Bolsonaro. Morte, invalidez, anomalia. Essa é a vacina que Doria queria obrigar o povo paulista a tomar", escreveu Bolsonaro nas redes sociais.

A posição do presidente gerou várias críticas de políticos e de profissionais de saúde, que o acusaram de politizar o imunizante e de festejar a morte de uma pessoa.

A Anvisa autorizou a retomada dos testes no Brasil após as autoridades terem concluído que o óbito não estava relacionado com a vacina.

Depois de várias críticas, Bolsonaro recuou e admitiu na semana passada a possibilidade de adquirir a Coronavac, caso seja aprovada pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde, e vendida a um preço que considere adequado.

AS/lusa/ots