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Líbano tem novo governo apoiado pelo Hisbolá

22 de janeiro de 2020

Novo primeiro-ministro anuncia gabinete formado por acadêmicos e técnicos, mas protestos por reformas continuam no país. À beira do colapso, economia libanesa atravessa crise mais grave das últimas décadas.

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Ex-professor universitário Hassan Diab foi anunciado como novo primeiro-ministro do Líbano
Ex-professor universitário Hassan Diab foi anunciado como novo primeiro-ministro do LíbanoFoto: Reuters/M. Azakir

O ex-professor universitário Hassan Diab foi anunciado nesta terça-feira (21/01) como o líder do novo governo do Líbano, encerrando meses de um impasse político gerado pela renúncia do ex-primeiro-ministro Saad Hariri, em outubro do ano passado.

Diab, de 60 anos, anunciou seu gabinete composto por 20 ministros, na maioria, acadêmicos e técnicos vinculados ao Hisbolá, o grupo xiita grupo apoiado pelo Irã, e partidos aliados.

O novo governo foi rapidamente rejeitado pelos manifestantes que há meses realizam protestos em massa nas ruas do país. Eles exigem reformas políticas e a formação de um governo composto por tecnocratas independentes que possam tirar o Líbano da pior crise econômica desde o fim da guerra civil (1975-1990).

Antes mesmo do anúncio do novo gabinete, milhares de pessoas saíram às ruas de Beirute e outras cidades do país, insatisfeitos com a influência dos grupos políticos tradicionais nas indicações para o novo gabinete, ainda que fossem de especialistas e técnicos.

Os protestos, que já duram três meses, vêm se tornando cada vez mais violentos. No último fim de semana, cerca de 500 pessoas ficaram feridas em confrontos com as forças de segurança.

O novo primeiro-ministro prometeu trabalhar para atender as reivindicações dos manifestantes e ressaltou que seu gabinete é o primeiro na história do Líbano a ser formado inteiramente por tecnocratas.

Ele assegurou que os 20 ministros não possuem lealdades políticas ou afiliações e que todos têm "capacidade e qualificação" para implementar um programa de resgate econômico no país. "Agora é a hora de irmos ao trabalho", ressaltou.

Diab rejeitou acusações de que seu governo teria laços aprofundados com o Hisbolá, afirmando que seu ministério representa a sociedade libanesa como um todo. Ele disse que é natural consultar os partidos políticos sobre possíveis indicações, uma vez que são eles que concedem a aprovação do gabinete no Parlamento.

Manifestantes protestam em frente à residência de Hassan Diab logo após ele ser indicado para governar o Líbano
Manifestantes protestam em frente à residência de Hassan Diab logo após ele ser indicado para governar o LíbanoFoto: Getty Images/AFP/A. Amro

A composição do novo gabinete inclui alguns acadêmicos de competência reconhecida. Entre estes, seis mulheres, que ocupam as pastas da Defesa, Justiça, Trabalho, Refugiados, Jovens e Esportes, além da vice-primeira-ministra. A representação feminina no governo é a maior da história do país.

O grupo majoritariamente sunita do ex-premiê Hariri e alguns de seus aliados decidiram não participar do novo governo, o que aproxima o país de 6 milhões de habitantes da influência do Hisbolá, que tem o apoio do bloco cristão do presidente Michel Aoun e do partido xiita Amal.

Analistas avaliam que essa composição de governo poderá gerar dificuldades para que o Líbano receba o apoio regional e internacional necessário para implementar as reformas e evitar o colapso financeiro do país.

Um dos principais nomes do novo gabinete é o do economista Ghazi Wazni, que assume o Ministério das Finanças. Logo após ser anunciado, ele alertou que o país necessitará de apoio internacional para sair da crise econômica. "Temos agora múltiplas crises que são enormes e superam de longe as do passado", disse Wazni.

"Estamos em um estado de colapso e, se continuarmos assim, estaremos na fase de falência. Hoje, as pessoas estão nas portas dos bancos implorando por dinheiro", ressaltou. O novo ministro disse que o governo precisa elaborar um "plano compreensivo de resgate" para restaurar a confiança no país.

RC/ap/afp/rtr

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