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Biden desistiu de concorrer. O que acontece agora?

21 de julho de 2024

Com a desistência do atual ocupante da Casa Branca, o processo de escolha do candidato democrata passa a ser uma convenção aberta.

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Kamala Harris acompanha discurso de Joe Biden
Kamala Harris não é automaticamente a candidata democrata por ser a vice de BidenFoto: Susan Walsh/AP Photo/picture alliance

Depois de semanas respondendo a críticas e dizendo que não estava velho demais para um possível segundo mandato na Casa Branca, o presidente Joe Biden cedeu à pressão neste domingo (21/07) e anunciou que não concorrerá novamente.

Um número crescente de democratas e apoiadores pedia que ele se retirasse após o seu fraco desempenho no primeiro debate contra o candidato republicano, Donald Trump, em 27 de junho.

"Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente", disse Biden em uma postagem neste domingo. "E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do meu país que eu me afaste."

Isso significa que os democratas precisarão encontrar um novo candidato a presidente, e isso a pouco menos de quatro meses antes da eleição de 5 de novembro. Mas como isso funcionará?

O que normalmente aconteceria na Convenção Democrata?

Ao longo deste ano, eleitores de todo o país participaram das primárias, o processo pelo qual os democratas e republicanos de cada estado elegem quem eles querem que represente seu partido em 5 de novembro. A pessoa que obtiver o maior número de votos em cada estado ganha os delegados desse estado. O número de delegados de cada estado depende do tamanho de sua população – vencer na Califórnia seginifica mais delegados do que vencer em Vermont, por exemplo.

Na Convenção Nacional Democrata (CND), em agosto, os delegados democratas vão se reunir e votar num candidato presidencial. Nas primárias, Biden conquistou a grande maioria dos delegados – quase 3.900, sendo que apenas cerca de 30 permaneciam não vinculados ou foram para candidatos das primárias que não tinham chance. De acordo com os estatutos do Partido Democrata, esses 3.900 delegados normalmente seriam obrigados a votar em Biden.

Nos últimos dias, muitos desses delegados vinculados já estavam indicando que seu apoio a Biden estava vacilando. Agora que o presidente deixou a disputa, todos os delegados que ele já havia conquistado estão livres para votar em quem quiserem, no que é chamado de convenção aberta.

O que acontece numa convenção aberta?

Antes do evento em Chicago, de 19 a 22 de agosto, a liderança democrata tentará encontrar, o quanto antes, um candidato que, para eles, possa unir o partido. O objetivo é escolher um candidato que atraia eleitores de todo o amplo espectro ideológico que os democratas abrangem. Somente se o candidato democrata conseguir empolgar um número suficiente de americanos para sair e votar é que o partido terá uma chance de derrotar Trump.

O candidato aprovado pela liderança e seu companheiro de chapa disputarão os votos dos delegados em Chicago em agosto, mas qualquer outra pessoa também poderá fazê-lo – essa é a essência de uma convenção aberta. Se alguém achar que será um presidente melhor do que a pessoa escolhida pela liderança, poderá tentar conquistar delegados também. A única coisa que todos que quiserem concorrer precisam fazer é coletar as assinaturas de 600 delegados.

Embora a vice-presidente de Biden, Kamala Harris, seja uma das prováveis escolhas para ser a nova candidata à Presidência, ela não assume automaticamente o lugar de Biden na corrida presidencial simplesmente por ser sua vice-presidente. Quando um presidente fica incapacitado durante o mandato, a vice-presidente assume o cargo. Mas o mesmo não se vale se o presidente candidato à reeleição desistir da disputa pela Casa Branca.

De volta à convenção: há 3.933 delegados de acordo com a Ballotpedia, uma enciclopédia sobre política dos EUA. Todos eles votam num primeiro turno. Se um candidato receber mais de 50% dos votos, ele será o novo escolhido pelos democratas para enfrentar o rival republicano na eleição geral de 5 de novembro.

Essa deverá ser a primeira convenção democrata aberta desde 1968. Nas últimas décadas, as convenções foram limitadas a oficializar o nome dos pré-candidatos mais votados nas primárias, com o suspense se limitando à escolha do vice.

Curiosamente, a convenção de 1968, tal como a prevista em 2024, também ocorreu em Chicago e foi marcada pela decisão do então presidente democrata Lyndon Johnson de não concorrer à reeleição. 

O que é uma convenção intermediada?

Se nenhum candidato obtiver mais de 50% dos votos na primeira rodada, o evento se transforma no que é conhecido como convenção intermediada. Aí, a liderança democrata, figuras poderosas do partido e os próprios candidatos em potencial passarão a abordar os delegados para tentar conquistá-los. É possível que novas alianças se formem, por exemplo, quando um dos concorrentes tentar convencer um rival a se tornar seu companheiro de chapa em vez de concorrer contra ele.

Para se ter uma ideia de como isso é: séries como The West Wing e House of Cards têm episódios que retratam o drama de bastidores que ocorre nessas convenções. Na realidade, a última vez que os democratas tiveram uma convenção intermediada foi em 1952.

Haverá novas votações, e um grupo que não teve permissão para participar da primeira rodada também poderá votar: os superdelegados, ou delegados não vinculados.

De acordo com a Ballotpedia, há 739 deles e, como o nome sugere, eles não foram vinculados a nenhum candidato durante o processo das primárias. Em vez disso, são membros eleitos do Comitê Nacional Democrata (a liderança do partido), membros do Congresso, governadores e líderes ilustres do partido. Como nunca ficam vinculados a um candidato, podem votar em quem quiserem.

A votação continuará até que um candidato consiga garantir mais de 50% dos votos de todos os delegados, independentemente de quantos turnos forem necessários. Ao final será conhecido o nome que substituirá Biden como candidato democrata à presidência na eleição de 2024.