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Iraniana morta na prisão ganha prêmio de direitos humanos

19 de outubro de 2023

Jina Mahsa Amini, cuja morte sob custódia policial gerou onda revolta no Irã no ano passado, é homenageada com o Prêmio Sakharov, do Parlamento Europeu, juntamente com o movimento iraniano Mulher, Vida, Liberdade.

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Manifestantes seguram faixa com foto de Jina Mahsa Amini
Ativista durante ato em Berlim: morte de Jina Mahsa Amini provocou protestos no mundo inteiroFoto: Omer Messinger/Getty Images

A iraniana Jina Mahsa Amini, morta sob custódia policial no Irã no ano passado foi premiada postumamente com o Prêmio Sakharov 2024 de direitos humanos, juntamente com o movimento iraniano Mulher, Vida, Liberdade, anunciou nesta quinta-feira (19/10) a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.

"No dia 16 de setembro completamos um ano desde o assassinato de Jina Mahsa Amini no Irã. O Parlamento Europeu apoia orgulhosamente os corajosos e desafiadores que continuam a lutar pela igualdade, dignidade e liberdade no Irã", disse Metsola, em comunicado.

"Ao escolhê-los como laureados, esta Casa recorda a luta deles e continua a homenagear todos aqueles que pagaram o preço final pela liberdade."

Em 13 de setembro do ano passado, a jovem curda de 22 anos foi presa pela polícia da moralidade durante uma viagem à capital Teerã, acusada de uso incorreto do lenço de cabeça, peça obrigatória para mulheres, segundo o rígido código de vestimenta do país islâmico.

Poucas horas depois, já sem vida, foi levada pela polícia da moralidade a um hospital. Três dias depois, em 16 de setembro, foi oficialmente declarada morta.

Embora a família de Amini tenha afirmado que ela foi morta após receber golpes em sua cabeça e membros, as autoridades disseram que ela havia morrido devido a problemas de saúde pré-existentes.

A morte da jovem gerou meses de protestos que se transformaram nas maiores e mais persistentes manifestações desde a Revolução Islâmica de 1979.

O governo reagiu com repressão e violência em grande escala e, de acordo com organizações independentes de direitos humanos, até o fim de janeiro de 2023, as forças de segurança no Irã mataram pelo menos 527 manifestantes durante os protestos, incluindo 17 menores. Também condenou à morte e executou pessoas que participaram das manifestações. Em agosto, Teerã afirmou que "perdoou" 22 mil manifestantes.

Revolução

Sob a bandeira "Mulher, Vida, Liberdade", os cidadãos iranianos têm protestado contra as leis que obrigam as mulheres a cobrir os seus cabelos e a usar roupas largas.

As forças de segurança iranianas continuaram a reprimir a dissidência e detiveram brevemente o pai de Amini no primeiro aniversário da morte dela, dia em que grandes cidades no país amanheceram com grande presença policial nas ruas para evitar manifestações.

Na data, o governo do Irã acusou mais uma vez os países ocidentais de tentarem provocar sedição no seu território com o anúncio de novas sanções e apelos ao fim da discriminação contra as mulheres.

Um dia antes, o Conselho da União Europeia (UE) anunciou um novo pacote de sanções a mais quatro pessoas e seis entidades responsáveis por "graves violações dos direitos humanos" no Irã. Estados Unidos e Reino Unido também anunciaram novas medidas de restrição.

Homenagem da UE à defesa dos direitos humanos

O Prêmio Sakharov é a mais alta homenagem prestada pela União Europeia a pessoas ou organizações que defendem os direitos humanos e a liberdade.

Ele é concedido anualmente pelo Parlamento Europeu desde 1988, e honra o físico nuclear e dissidente político soviético Andrei Sakharov, que ganhou o Nobel da Paz em 1975 e morreu em 1989.

Em 2022, o prêmio homenageou o povo ucraniano, pelos esforços de resistência frente à invasão russa. No ano anterior, foi concedido ao líder da oposição russa Alexei Navalny, por sua luta contra a corrupção e os abusos de poder no Kremlin.

md/cn (AFP, Reuters, Lusa)