Povo ucraniano vence maior prêmio de direitos humanos da UE
19 de outubro de 2022O "corajoso" povo ucraniano, que vem enfrentando a invasão russa, é o vencedor do Prêmio Sakharov 2022 de direitos humanos, anunciou nesta quarta-feira (19/10) a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.
"Em 2022, o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento foi concedido ao corajoso povo ucraniano, representado pelos seus líderes eleitos e sociedade civil", disse Metsola em sessão plenária em Estrasburgo.
"O prêmio é para os ucranianos que lutam no terreno. Para aqueles que foram forçados a fugir. Para aqueles que perderam familiares e amigos. Para todos aqueles que se erguem e lutam por aquilo em que acreditam. Sei que o corajoso povo da Ucrânia não vai desistir e nós também não", afirmou Metsola.
O Parlamento Europeu informou que o prêmio distingue "os esforços do presidente ucraniano Volodimir Zelenski em conjunto com os papéis desempenhados por outros indivíduos, representantes de iniciativas da sociedade civil e instituições estatais e públicas".
O órgão destaca como exemplos os Serviços de Emergência do Estado da Ucrânia; Yulia Pajevska, fundadora da unidade médica de evacuação Anjos de Taira; Oleksandra Matviychuk, ativista e advogada para os direitos humanos; o Movimento de Resistência Civil da Fita Amarela; e o presidente da Câmara da cidade de Melitopol, Ivan Fedorov, que atualmente está ocupada por forças russas.
Líder indígena brasileira também havia sido indicada
O Prêmio Sakharov é a mais alta homenagem prestada pela União Europeia a pessoas ou organizações que defendem os direitos humanos e a liberdade.
Ele é concedido anualmente pelo Parlamento Europeu desde 1988, e honra o físico nuclear e dissidente político soviético Andrei Sakharov, que ganhou o Nobel da Paz em 1975 e morreu em 1989.
Em 2021, o prêmio foi concedido ao líder da oposição russa Alexei Navalny, por sua luta contra a corrupção e os abusos de poder no Kremlin – à época ele foi representado pela filha, pois está preso na Rússia.
A líder indígena e ativista brasileira Sônia Guajajara também havia sido indicada ao prêmio deste ano pela bancada dos eurodeputados verdes, por seu trabalho na proteção do direito dos povos indígenas, que a fez se tornar alvo de perseguições. Filiada ao Psol, ela é a primeira deputada federal indígena já eleita pelo estado de São Paulo.
Também haviam sido indicados ao prêmio deste ano a Comissão da Verdade da Colômbia, o fundador do Wikileaks, Julian Assange, e a jornalista morta durante uma operação israelense na Cisjordânia ocupada, Shireen Abu Akleh.
Zelenski agradece apoio da UE
O presidente da Ucrânia postou uma mensagem no Twitter congratulando o Parlamento Europeu pela concessão do prêmio.
"Os ucranianos têm demonstrado diariamente no campo de batalha a sua dedicação aos valores da liberdade e democracia contra o estado terrorista da Federação da Rússia. Neste caminho, o apoio dos países da União Europeia é muito importante para a Ucrânia", disse.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também saudaram o povo ucraniano.
"Parabéns ao povo da Ucrânia, representado por seu presidente, Volodimir Zelenski. O seu espírito e determinação para lutar pelos valores que nos são caros são inspiração para todos nós. A UE apoia o corajoso povo ucraniano. Agora e durante o tempo que for necessário", escreveu Von der Leyen no Twitter.
Michel salientou que a atribuição do prêmio ao povo ucraniano "é mais um reconhecimento da sua coragem e da sua luta pela liberdade, pela democracia e pelos inalienáveis valores da UE". "No Conselho Europeu, vamos nos concentrar em continuar a fornecer-lhe ajuda; apoiaremos a Ucrânia durante o tempo que for preciso", escreveu Michel, concluindo com a expressão Slava Ukraini (glória à Ucrânia).
Já o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, afirmou que o prêmio ao povo ucraniano é "um tributo à sua determinação, valentia e resistência". "O corajoso povo da Ucrânia está fazendo sacrifícios todos os dias para defender a sua liberdade – e a nossa", escreveu no Twitter. "Devemos continuar a apoiá-lo até que a Ucrânia vença [a guerra contra a Rússia]."
bl/ek (Lusa)