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Imprensa europeia destaca decisão de Wyllys de deixar Brasil

25 de janeiro de 2019

Publicações destacam clima crescente de homofobia no Brasil, rusgas do parlamentar com Bolsonaro e lembram de campanhas de difamação nas mídias sociais contra o deputado, lançadas por apoiadores do atual presidente.

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Deputado federal do PSOL Jean Wyllys
Deputado federal do PSOL Jean WyllysFoto: Imago/Fotoarena

A notícia de que o deputado Jean Wyllys (PSol) desistiu de seu novo mandato no Congresso e vai deixar o Brasil por temer pela sua segurança foi destaque nos principais veículos europeus nesta sexta-feira (25/01). A mídia europeia ressalta que o "primeiro deputado abertamente gay a ocupar um lugar no Congresso Nacional" e um dos mais destacados desafetos do presidente Jair Bolsonaro tomou a decisão por causa de ameaças de morte relacionadas ao clima de homofobia surgido na esteira da vitória do ex-militar.

O portal de notícias alemão Spiegel Online lembra que "o ex-oficial do Exército Bolsonaro, que repetidamente fez declarações anti-homossexuais, assumiu como presidente no início do ano. Quando era membro do Parlamento, ele e Wyllys se enfrentaram repetidamente". Lembra ainda que "quando Bolsonaro, em 2016, dedicou seu voto pela destituição da então presidente Dilma Rousseff a um torturador da época da ditadura militar brasileira, Wyllys cuspiu no rosto dele".

O veículo destaca que "a notícia da desistência de Wyllys desencadeou consternação entre os ativistas brasileiros que lutam pelos direitos de homossexuais e transexuais".

O site do jornal berlinense Der Tagespiegel critica que "Wyllys foi transformado pela campanha eleitoral de Bolsonaro na imagem do inimigo. Com isso, Bolsonaro queria mobilizar sua base direitista". A publicação prossegue afirmando que "dezenas de mentiras sobre Wyllys foram espalhadas na internet pelo círculo ligado a Bolsonaro: Wyllys seria um defensor da pedofilia. Wyllys estaria querendo proibir partes da Bíblia e ensinar as crianças na escola a serem homossexuais".

O jornal britânico The Guardian especula que a "saída [de Wyllys] provavelmente aumentará o temor da comunidade LGBT no Brasil de que a homofobia aumente ainda mais sob o governo do presidente Jair Bolsonaro, o qual ganhou fama por sua notória homofobia". Mais adiante, a matéria lembra que "apesar da imagem do Brasil como uma nação inclusiva, que abriga a maior parada gay do mundo, há homofobia desenfreada e muitas vezes violenta." O veículo cita estatísticas. "Em 2017, pelo menos 445 brasileiros LGBT morreram vítimas de homofobia – um aumento de 30% em relação a 2016."

O jornal espanhol El País destaca as mensagens em clima de celebração publicadas no Twitter pelo presidente e por seu filho, Carlos, no mesmo dia em que a notícia foi divulgada. "Depois do anúncio de Wyllys nesta quinta-feira, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, escreveu no Twitter: 'Vá com Deus e seja feliz!'", relata a publicação.

"Por sua parte, Jair Bolsonaro, depois de dizer que estava regressando de Davos, publicou na rede social: 'Grande dia!'. Muitos internautas interpretaram as mensagens como uma referência à decisão de Wyllys e o denunciaram nas redes. Depois, ambos os políticos voltaram a publicar mensagens em que desmentiam tal interpretação”, frisa o diário.

O jornal português Público também noticiou a renúncia do parlamentar do PSol, lembrando que "assumidamente gay, Wyllys é um dos mais vocais críticos da agenda política do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, o que lhe tem valido ser alvo de sucessivas campanhas de difamação e de fake news". O periódico lembra que "num dos casos, foi acusado pelo também deputado Alexandre Frota, próximo de Bolsonaro, de fazer apologia da pedofilia. Acabou por levar Frota a tribunal e vê-lo ser condenado por difamação".

MD/ots

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