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Mercosul: Lula ataca "nacionalismo arcaico e isolacionista"

8 de julho de 2024

Presidente brasileiro manda recado para o homólogo argentino, Javier Milei, e defende o fortalecimento da democracia na região. Petista afirma que entrada da Bolívia no bloco é estratégica.

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"Foto de família" de líderes na Cúpula do Mercosul no Paraguai
Cúpula do Mercosul está sendo realizada no Paraguai, sem o presidente argentinoFoto: Jorge Saenz/AP/dpa/picture alliance

Ao discursar na Cúpula do Mercosul, no Paraguai, nesta segunda-feira (08/07), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o que chamou de "nacionalismo arcaico e isolacionista".

"No mundo globalizado, não faz sentido recorrer ao nacionalismo arcaico e isolacionista. Tampouco há justificativa para resgatar as experiências ultraliberais que apenas agravaram as desigualdades em nossa região", disse, em uma clara alusão ao governo do presidente argentino, Javier Milei, o único dos líderes do Mercosul que não compareceu à reunião. Esta a primeira vez que um presidente da Argentina não participa do evento.

Lula lembrou que esta é a 19ª Cúpula do Mercosul de que participa como chefe de Estado. Para ele, "nunca nos deparamos com tantos desafios, seja no âmbito regional, seja a nível global". 

"Nos últimos anos, permitimos que conflitos e disputas, muitas vezes alheios à região, se sobreponham à nossa vocação de paz e cooperação. Voltamos a ser uma região balcanizada e dividida, mais voltada para fora do que para si própria", afirmou.

Apelo por fortalecimento da democracia na região

O petista fez um apelo em prol do fortalecimento da democracia na região após a tentativa de golpe de Estado contra o governo de Luis Arce , na Bolívia, no último dia 26 de junho.

Durante seu discurso, o presidente brasileiro destacou que "não há atalhos para a democracia" e elogiou a posição do Mercosul em defesa do Estado de direito.

"Mas é preciso permanecer vigilantes. Falsos democratas tentam solapar as instituições e colocá-las a serviço de interesses reacionários", alertou Lula em seu discurso.

O presidente lembrou que, assim como a Bolívia, o Brasil também sofreu uma tentativa frustrada de golpe no início de seu terceiro mandato, em 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro atacaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.

Mais uma vez Lula criticou as desigualdades vividas na região e disse que democracia e desenvolvimento "andam de mãos dadas".

"Entrada da Bolívia é estratégica"

Além disso, Lula recordou os progressos que o bloco tem feito em questões comerciais e convidou os demais países-membros a "pensar grande" e a não se limitar a "propostas simplistas" que o enfraquecem institucionalmente.

"Precisamos de uma integração regional profunda, baseada no trabalho qualificado e na produção de ciência, tecnologia e inovação para geração de emprego e renda", comentou.

Lula também destacou em seu discurso a entrada da Bolívia como membro pleno do bloco e descreveu-a como "estratégica" devido ao seu importante papel no setor energético.

O presidente brasileiro também frisou a necessidade de avançar no comércio exterior e destacou os progressos feitos durante a presidência paraguaia do bloco para um acordo com os Emirados Árabes Unidos. 

Já em relação ao acordo que está pendente com a União Europeia, disse que está parado porque "os europeus ainda não conseguiram resolver as suas próprias contradições internas".

Além de Lula, a cúpula do Mercosul, que tem como anfitrião o paraguaio Santiago Peña, conta com a participação dos presidentes do Uruguai, Luis Lacalle Pou; da Bolívia, Luis Arce; e do Panamá, José Raúl Mulino, este último como convidado.

md/le (EBC, EFE)