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SociedadeSérvia

Após massacres, presidente da Sérvia fala em desarmar o país

5 de maio de 2023

Com cultura de armas disseminada, país dos Bálcãs registrou dois ataques em dois dias, que deixaram 17 mortos. Em reação, presidente promete "desarmamento quase total da Sérvia".

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Aleksander Vucic
O presidente sérvio Aleksandar Vucic anunciou pacote de medidas de desarmamento após chacinasFoto: Darko Vojinovic/AP/picture alliance

O presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, anunciou nesta sexta-feira (05/05) um pacote de desarmamento destinado a recuperar as centenas de milhares de armas nas mãos da população do país dos Bálcãs, depois que dois massacres deixaram 17 mortos em apenas dois dias.

"Realizaremos um desarmamento quase total da Sérvia. Devemos tomar uma decisão para enfrentar esse mal", declarou Vucic, poucas horas depois da segunda chacina, que deixou oito mortos em três aldeias nos arredores da capital, Belgrado. Neste episódio, ocorrido na quinta-feira, um suspeito de 21 anos acusado de disparar a partir de um carro em movimento foi capturado na madrugada de sexta-feira, após uma extensa operação que envolveu centenas de policiais.

Na quarta-feira, o país já havia sido palco de outro massacre, executado por um adolescente de 13 anos, que usou duas armas registradas legalmente em nome de seu pai para matar oito colegas de escola e um segurança.

O presidente sérvio, que considerou os dois incidentes como atos terroristas, anunciou uma revisão das permissões de porte de armas como pistolas, fuzis e armas pertencentes a caçadores. Segundo o presidente, o objetivo será reduzir o número de armas nas mãos da população para "não mais de 30.000 a 40.000".

 "O ataque desta noite foi um ataque terrorista, um ato em que as nossas unidades especiais foram incumbidas de prender e neutralizar o terrorista. O criminoso foi preso e não verá mais a luz do dia, metaforicamente falando. Ele não sairá da prisão", disse o presidente, sem especificar o tipo de motivação terrorista a que se referia.

Massacre em escola de Belgrado
País ainda absorvia o choque de massacre em escola quando ocorreu um segundo ataqueFoto: Zorana Jevtic/REUTERS

Cultura de armas

Esse tipo de ocorrência costumava ser rara na Sérvia. O último massacre antes desta semana havia sido em 2013, quando um veterano de guerra matou 13 pessoas num vilarejo na região central do país.

Com cerca de 6,8 milhões de habitantes e uma cultura de armas disseminada, a Sérvia tem 765.000 armas registradas entre a população, incluindo perto de 360.000 de caça.

No entanto, esses números não incluem armas em situação irregular. Uma estimativa do grupo de estudos Small Arms Survey aponta que havia 39 armas por 100 mil habitantes na Sérvia em 2021 – o que coloca o país em terceiro lugar no ranking global, apenas atrás dos Estados Unidos e do Iêmen.

Ao anunciar o pacote de desarmamento, Vucic declarou que o governo também vai abordar o problema da posse ilegal de armas e que 1.200 policiais serão contratados nos próximos seis meses, com o objetivo de posicionar um agente em cada escola, além dos guardas de segurança já presentes.

Massacre na Sérvia
Operação para capturar autor de massacre de quinta-feira envolveu 600 policiaisFoto: Antonio Bronic/REUTERS

O presidente ainda anunciou planos para que as penalidades por posse ilegal de armas de fogo sejam dobradas. As penalidades por porte de armas brancas como facas também serão aumentadas.

Ainda segundo o governo, pessoas com posse de armas serão submetidas a testes psiquiátricos e psicológicos mais frequentes, bem como testes de drogas aleatórios.

Desde o desmembramento da antiga Iugoslávia e das guerras sangrentas dos anos 1990, circula nos Bálcãs um grande número de armas de fogo.

jps (Lusa, DW, ots)