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TerrorismoFrança

Alunos franceses prestam homenagem a professor decapitado

2 de novembro de 2020

No primeiro dia de aula após ataque, estudantes fizeram um minuto de silêncio em memória de Samuel Paty. Protestos contra Macron seguem nos países muçulmanos.

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Alunos, de máscara, em uma sala de aula. Eles estão em pé, atrás de suas carteiras escolares.
Cerca de 12 milhões de alunos voltaram às aulas hoje na França e prestaram homenagens a professor morto por extremista. Foto: Patrick Hertzog/AFP/Getty Images

Alunos e professores de escolas de toda a França fizeram um minuto de silêncio nesta segunda-feira (02/11) em memória de Samuel Paty, o professor que foi decapitado em meados de outubro após mostrar uma caricatura do profeta islâmico Maomé em sala de aula.

Com a França em seu nível de segurança mais alto, cerca de 12 milhões de alunos voltaram às aulas após duas semanas de férias e homenagearam o professor que foi morto na véspera do recesso. Os alunos franceses ficaram em silêncio exatamente às 11h. Estudantes e professores refletiram ainda sobre direitos e deveres em uma democracia.

O primeiro-ministro, Jean Castex, e o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, participaram da homenagem na escola onde Paty lecionava. "Não é normal que um professor seja assassinado, vocês entendem? É importante vir para a escola, aprender e respeitar as outras crianças", disse Castex aos alunos.

"A ideia do terrorismo é criar ódio", escreveu o presidente da França, Emmanuel Macron, em uma mensagem para estudantes nas redes sociais. "Nós vamos superar isso juntos", acrescentou. Macron descreveu Paty como uma "heroi silencioso", dedicado a incutir os valores da República em seus alunos e a personificação do "desejo da França de interromper a vontade de terroristas".

Em 16 de outubro, Paty, de 47 anos, foi decapitado nos arredores de Paris por um refugiado tchetcheno de 18 anos. Segundo testemunhas, ele teria gritado "Allahu Akbar" ("Deus é grande", em árabe) ao ser abatido pela polícia.

Em reação, o presidente francês enviou milhares de soldados para proteger locais de cultos e escolas, e endureceu o discurso contra agressores islâmicos.

Indignação e protestos

Em uma cerimônia de homenagem ao professor, Macron defendeu a liberdade de expressão e o direito de divulgar caricaturas no país, incluindo de Maomé, e acabou virando alvo de uma onda de indignação no mundo muçulmano, onde têm se multiplicado os apelos ao boicote de produtos franceses e protestos contra o país.

A onda de protestos em vários países muçulmanos continuou nesta segunda-feira. Na capital de Bangladesh, Dhaka, ao menos 50 mil pessoas participaram de um ato pedindo boicote aos produtos franceses, segundo a polícia.

A manifestação foi interrompida por agentes de segurança, quando centenas se aproximavam da embaixada da França. Alguns manifestantes pisaram em fotos de Macron e bonecos representando o presidente foram queimados. Foi o terceiro protesto no país contra a França em uma semana.

Pessoas ao redor de um boneco pegando fogo. Alguns deles riem.
Manifestantes atearam fogo em boneco representando Macron, em Dhaka. Foto: Mohammad Ponir Hossain/REUTERS

Em Jacarta, capital da Indonésia, cerca de 3 mil manifestantes protestaram em frente à embaixada da França.

Além da morte de Paty, outros ataques ocorreram na França recentemente num momento em que o país está em alerta para atos terroristas em meio a tensões envolvendo caricaturas do profeta Maomé. Na quinta-feira, três pessoas foram mortas em uma igreja de Nice, entre elas uma brasileira.

Já neste sábado, um padre ortodoxo grego de 52 anos foi baleado em frente a um templo religioso no centro da cidade de Lyon, no  sudeste da França. Ele estava fechando a igreja no meio da tarde quando foi atacado pelo atirador e agora está em estado grave num hospital.

O agressor fugiu do local, mas o promotor público de Lyon anunciou mais tarde que um suspeito havia sido preso, acrescentando que a motivação para o ataque ainda não estava clara.

Em 25 de setembro passado, duas pessoas foram esfaqueadas perto do local onde ficava a antiga sede do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris. O autor do atentado disse que não conseguiu suportar a nova publicação de caricaturas de Maomé pelo jornal.

LE/efe/rtr/afp