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Alemanha tem maior número de mortes por covid em 9 meses

1 de dezembro de 2021

Em meio a quarta onda da pandemia, associação médica alerta para colapso de hospitais e defende lockdown. Cerca de um terço da população alemã ainda não foi imunizada.

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Paciente com covid-19 em maca, transportado por pessoal médico com equipamentos de proteção em hospital na Alemanha
A Alemanha registrou 446 mortes por covid-19 nesta quarta, a maior marca desde 20 de fevereiroFoto: Julian Stratenschulte/dpa/picture alliance

Assolada pela quarta onda de covid-19 no país, a Alemanha registrou nesta quarta-feira (01/12) o maior número diário de mortes em decorrência da doença em nove meses.

O Instituto Robert Koch (RKI), agência estatal alemã de controle e prevenção de doenças, notificou 446 mortes, a maior marca desde 20 de fevereiro, quando foram computados 490 óbitos.

Ao mesmo tempo, após sucessivos recordes, a incidência de novas infecções por 100 mil habitantes em sete dias caiu pelo segundo dia consecutivo nesta quarta, para 442,9, depois de ficar em 452,2 na véspera. A maior taxa desde o início da pandemia foi registrada no último domingo (479,4). 

No entanto, como entre infecções e mortes pela doença decorre certo tempo, a previsão é que os óbitos ainda aumentem nos próximos dias. O número de casos de covid-19 registrados em 24 horas reportado pelo RKI nesta quarta foi de 67.186.

Atualmente, o número de mortes diárias ainda corresponde a menos da metade do registrado no auge da segunda onda de covid-19 no país, no fim do ano passado, apesar de agora haver muito mais infecções. Especialistas afirmam que isso se deve à vacinação, que protege contra casos graves da doença.

Acontece que o percentual de pessoas vacinadas está praticamente estagnado em torno de 68%, ainda bem abaixo da meta do governo de 75%. Os imunizantes enfrentam a resistência de uma parte significativa da população, apesar de esforços do governo e das agências de saúde.

Scholz defende vacinação obrigatória

Nesta terça-feira, o futuro chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, se pronunciou a favor de uma vacinação obrigatória geral e culpou os não vacinados pelo agravamento da crise sanitária.

Scholz declarou à emissora de TV Bild que a obrigatoriedade deveria começar o mais tardar no início de março do ano que vem. Ele ressalvou, porém, que a decisão final cabe ao Parlamento e defendeu que não haja orientação partidária para o voto, ou seja, que cada parlamentar vote de acordo com a própria consciência.

As declarações foram dadas depois de uma reunião entre Scholz, a chanceler federal em exercício, Angela Merkel, e os chefes dos governos estaduais. Eles concordaram que novas medidas contra a covid-19 devem ser implementadas nos próximos dias.

Os líderes devem decidir os detalhes nesta quinta-feira. Entre as medidas a serem adotadas deverão estar a imposição de restrições de contato para não vacinados, regras mais rígidas para grandes eventos e a permissão apenas de pessoas vacinadas ou recuperadas da doença em grande parte do comércio.

Vários estados já reimpuseram restrições segundo seus próprios critérios, mas especialistas e políticos vêm pressionando para uma ação federal coordenada para enfrentar a crise.

"Precisamos salvar os hospitais do colapso"

O presidente da Associação Alemã de Medicina Intensiva (DIVI), Gernot Marx, alertou que o país poderia ter 6 mil pessoas com covid-19 internadas em UTIs até o Natal, independentemente das medidas decidas agora pelos políticos.

O pico anterior foi de 5.745 pacientes infectados pelo coronavírus em UTIs em 3 de janeiro. Desde então, o número de leitos intensivos diminuiu no país devido à falta de enfermeiros.

"Precisamos salvar os hospitais do colapso", afirmou Marx à emissora ZDF, pedindo que o governo considere impor um lockdown temporário. 

Marx afirmou que já não há muitos leitos disponíveis e que a maioria dos pacientes com covid-19 em UTIs não foram vacinados. Cirurgias que não forem urgentes devem ser postergadas, disse.

Variante ômicron

A Alemanha confirmou oficialmente os dois primeiros casos no país da nova variante ômicron do coronavírus, possivelmente mais contagiosa, no último sábado. Ambos foram registrados em viajantes que chegaram da África do Sul e que entraram no país em 24 de novembro pelo aeroporto de Munique.

Nesse meio tempo, autoridades também informaram que uma pessoa que testou positivo para a ômicron chegou ao aeroporto de Frankfurt já no dia 21 de novembro. O paciente, totalmente vacinado, apresentou sintomas ao longo da semana e então testou positivo.

Mais quatro casos de infecção pela ômicron, possivelmente mais contagiosa, foram confirmados no sul do país. Os casos foram detectados no estado de Baden- Württemberg, e as quatro pessoas estavam totalmente vacinadas contra a covid-19. Três dos quatro infectados retornaram de uma viagem de negócios à Africa do Sul em 26 e 27 de novembro, e a quarta pessoa é um familiar de um deles. Todos os quatro apresentaram sintomas moderados.

Mais de 20 países já detectaram a variante após ela ser identificada pela primeira vez no sul da África. Entre eles estão o Brasil e vários na Europa, incluindo, além da Alemanha, Bélgica, Holanda, Reino Unido e Itália.

lf (Reuters, DPA, AFP, ARD)