Alemanha proíbe organizações ligadas ao Hisbolá
19 de maio de 2021Diante da escalada de violência no Oriente Médio, o governo alemão proibiu nesta quarta-feira (19/05) o funcionamento de três associações que apoiam o movimento xiita libanês Hisbolá. Paralelamente ao anúncio do banimento, uma operação de busca ocorreu em sete estados do país.
"Aqueles que apoiam o terror não estarão seguros na Alemanha. Não importa em qual disfarce seus apoiadores emergem, eles não encontrarão um lugar de retiro no nosso país", afirmou o ministro alemão do Interior, Horst Seehofer.
Sob a alegação de agir com objetivos religiosos e humanitários, as associações alvo da medida são acusadas de recolher doações para as chamadas "famílias-mártires" do Hisbolá e, desta maneira, financiar ataques contra Israel.
A ala armada do Hisbolá é considerada um grupo terrorista pela Alemanha e por todos os países da União Europeia (UE). Já a ala política, que organizava regularmente manifestações anti-Israel, foi autorizada durante muitos anos, antes de ser proibida no país em 2020.
Segundo a imprensa alemã, operações de busca ocorrem nos estados de Hamburgo, Bremen, Hessen, Baixa Saxônia, Renânia do Norte-Vestefália e Schleswig-Holstein.
O anúncio do governo alemão surge num cenário de escalada militar no Oriente Médio entre Israel e do movimento islâmico palestino Hamas, que governa Gaza desde 2007. O conflito se estendeu ao sul do Líbano, de onde foram lançados foguetes contra territórios israelenses na noite de segunda-feira.
Embora, o Hisbolá não tenha reivindicado a responsabilidade pelos foguetes, a organização xiita é considerada há décadas um inimigo declarado de Israel e rejeita o direito da existência de Israel.
Fundado em 1980 para combater a ocupação israelense no sul do Líbano, o Hisbolá cresceu e se tornou o principal representante regional do Irã, com operações na Síria, Iraque e Iêmen. Única facção libanesa que manteve armas depois da guerra civil de 1975-1990, o movimento possui um arsenal mais poderosos do que o próprio exército do Líbano.
Preocupação com o antissemitismo
Com o agravamento das tensões entre Israel e palestinos, as autoridades alemãs receiam um aumento do antissemitismo no país. No sábado, milhares de pessoas foram às ruas de várias cidades alemãs, como Frankfurt, Berlim e Colônia, em atos contra os bombardeios israelenses à Faixa de Gaza.
Os protestos foram majoritariamente pacíficos. Mas foram registrados também gestos antissemitas entre os manifestantes. Alguns manifestantes, segundo a imprensa alemã, tentaram queimar bandeiras de Israel e entoaram gritos pedindo a morte de judeus e o bombardeio de Tel Aviv.
Na semana passada, foram queimadas bandeiras de Israel em frente a duas sinagogas nas cidades alemãs de Bonn e Münster.
Na sexta-feira, o governo Angela Merkel disse que protestos contra Israel são permitidos, mas que atos antissemitas não serão tolerados. "Qualquer um que use esses protestos para externar seu ódio contra judeus está abusando do direito de protestos. Marchas antissemitas não serão toleradas na nossa democracia", afirmou um porta-voz do governo.
Para o governo Merkel, quem protesta diante de sinagogas e ataca símbolos judaicos não está criticando um Estado, mas mostrando "agressão e ódio contra uma região e quem pertence a ela". O governo disse estar trabalhando para solucionar os crimes, punir os criminosos e proteger instituições judaicas.
cn (Reuters, DPA, Lusa)