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PolíticaIsrael

Quem pode evitar uma nova guerra em Gaza?

Ian Bateson
17 de maio de 2021

A violência entre palestinos e israelenses já dura mais de uma semana, sem que haja sinal de um cessar-fogo. Comunidade internacional apela por negociações, mas quem poderia liderá-las?

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Homem observa área bombardeada por Israel no norte da Faixa de Gaza, em 17 de maio de 2021
Homem observa área bombardeada por Israel no norte da Faixa de Gaza, em 17 de maio de 2021Foto: Ashraf Abu Amrah/REUTERS

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu o fim imediato dos combates entre Israel e Hamas. Mas qualquer cessar-fogo, ainda que seja alcançado, será de curta duração –  a menos que possa ser resultado de negociações mais amplas.

Atualmente, porém, não está claro quem poderia assumir o papel principal nas negociações. O conflito já é o mais intenso desde 2014, e há temores de que a região possa novamente entrar em guerra.

ONU 

Apesar de ser o mediador natural, a ONU atualmente vem lutando mais para superar as questões estruturais que, no passado, a impediram de desempenhar um papel significativo na resolução do conflito. 

No último domingo (16/05), em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, os membros condenaram a violência, mas não conseguiram chegar a um acordo sobre uma declaração pública. A China, país que ocupa atualmente a presidência rotativa do órgão, culpou os EUA pelo fracasso.

Historicamente, os EUA usaram seu poder de veto e seu assento permanente no Conselho de Segurança para bloquear resoluções e declarações contra Israel, um aliado tradicional americano. Essa relação entre os dois países foi um dos obstáculos, por exemplo, para que a ONU adotasse papel mediador no passado. 

Estados Unidos 

Israel é o aliado mais próximo e incontestável dos EUA no Oriente Médio. Os americanos são uma fonte vital de ajuda militar e equipamento para Israel. Esse relacionamento sempre deu aos EUA uma influência significativa para levar Israel à mesa de negociações em momentos de conflito intensificado. 

As relações EUA-Israel chegaram a um novo auge durante a presidência de Donald Trump, que patrocinou medidas populares entre os israelenses, incluindo a mudança da embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém. A proposta de paz fracassada de Trump era significativamente pró-israelenses e teria reconhecido os assentamentos judaicos em território ocupado como parte de Israel.

O governo Joe Biden parece ter sido pego de surpresa com a mais recente escalada do conflito. O democrata não tinha a intenção de tornar a questão uma prioridade, após seguidos fracassos de gestões anteriores em obter avanços no tema. Atualmente os EUA não têm um embaixador em Israel. 

No sábado, Biden falou com o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, e com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. No mesmo dia, um emissário do governo americano chegou a Tel Aviv. 

A Liga Árabe pediu que o governo Biden assumisse um papel mais ativo no processo de paz do Oriente Médio. Ainda não está claro como Washington poderia chegar a um plano viável para o conflito - que até então não estava entre as prioridades do atual governo. 

União Europeia

O Alto Representante da UE para política externa, Josep Borrell, pediu o fim imediato da violência em Israel e nos territórios palestino. Os ministros do Exterior da UE se reunirão nesta terça-feira para discutir os acontecimentos recentes. 

Borrell disse que está em contato com os membros do Quarteto do Oriente Médio – um grupo que inclui Nações Unidas, Estados Unidos, União Europeia e Rússia - em um esforço para amenizar a situação. 

A UE não tem tradicionalmente desempenhado o papel principal nas negociações de paz no Oriente Médio. Em vez disso, tem se concentrado na ajuda humanitária. A UE é o maior doador individual para a Autoridade Nacional Palestina e, desde 2000, a Comissão Europeia (órgão executivo do bloco) forneceu 700 milhões de euros em ajuda humanitária aos palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. 

"Os EUA estão desempenhando um papel ativo, eles despacharam imediatamente o representante do Departamento de Estado sobre este assunto", disse o presidente do comitê de política externa do Parlamento alemão, Norbert Röttgen. Segundo ele, a UE não desempenha praticamente nenhum papel em negociações de paz e poderia contribuir basicamente continuando a fornecer ajuda humanitária. 

Egito

O Egito faz fronteira com Israel, e seus serviços de inteligência ainda têm boas conexões com o Hamas. No fim de semana, o Egito fez parte de um esforço de mediação junto com a ONU e o Catar para negociar um cessar-fogo de duas horas para permitir o transporte de combustível para a única instalação elétrica de Gaza. O esforço fracassou depois que Israel atingiu a casa do chefe do Hamas, Yahya Sinwar.

Na quarta-feira passada, uma delegação egípcia se reuniu com grupos palestinos em Gaza antes de ir para Tel Aviv. Desde então, o Cairo diz que os líderes israelenses têm rejeitado um acordo de cessar-fogo. No domingo, Netanyahu sinalizou que os bombardeios israelenses ainda estão longe do fim.