Alemanha anuncia novas restrições para não vacinados
2 de dezembro de 2021Apenas vacinados ou recuperados de uma infecção pelo coronavírus Sars-Cov-2 deverão poder frequentar lojas e eventos culturais na Alemanha até segunda ordem, segundo decisão tomada nesta quinta-feira (02/12) pelos governos estaduais alemães em conjunto com o governo federal.
As novas e mais severas medidas, já em vigor em alguns estados, deverão passar a valer em âmbito federal, independentemente das taxas de incidência locais na Alemanha. O país tenta controlar as altas de infecções e de mortes por covid-19, em meio à quarta onda que atinge o território atualmente.
Apenas supermercados e o comércio de necessidades diárias deverão funcionar também para não vacinados. Os controles deverão ser feitos pelos próprios estabelecimentos.
Quais são as novas regras na Alemanha?
As novas regras foram negociadas pela chanceler federal Angela Merkel e seu substituto no cargo Olaf Scholz, que deverá ser apontado como novo chanceler na próxima semana, juntamente com os governadores estaduais.
Além da aplicação da medida conhecida como 2G ("geimpft oder genesen" – "vacinado ou recuperado"), que permite a entrada a certos locais apenas de vacinados ou recuperados da covid-19, clubes e discotecas deverão ser fechados se as taxas de infecção pelo coronavírus forem demasiado altas, segundo Merkel.
O fechamento dos locais deverá ser determinado se a taxa de incidência ultrapassar 350 novas infecções por cem mil habitantes nos sete dias anteriores. Haverá restrições a festas privadas em localidades com incidências acima desse limite: apenas 50 pessoas (vacinadas e recuperadas) poderão se reunir em ambientes fechados. No exterior, o máximo de pessoas reunidas será de 200.
Mais da metade das cidades alemãs registra atualmente incidências acima de 350.
Restaurantes, cinemas e teatros, além de estabelecimentos de lazer e cultura como museus, também só poderão ser frequentados por vacinados e recuperados, sem consideração das taxas de incidência. Há a possibilidade de exceções para crianças e também de implementar a regra conhecida como 2G+, que permitiria apenas a entrada de pessoas vacinadas ou recuperadas que apresentem um teste negativo de covid-19.
Os restaurantes não deverão ser fechados em todo o território nacional, mas o acordo fechado nesta quinta-feira prevê a possibilidade de realizar "fechamentos temporários" por uma alteração da lei federal de infecções. A regra também deverá valer para possíveis proibições de venda de bebidas alcoólicas e restrições no pernoite em hotéis.
Não haverá os chamados "jogos fantasma" (sem espectadores) nos estádios de futebol alemães, mas as arenas deverão abrir para, no máximo, 50% da capacidade de torcedores, com um limite de 15 mil pessoas.
Em grandes eventos realizados em locais fechados, vale a mesma regra, de 50% da capacidade e no máximo 5 mil espectadores, vacinados e recuperados, e usando máscara.
Sem fogos de artifício na virada do ano
Assim como em 2020, será proibida a venda de fogos de artifício para indivíduos. Comunidades com praças que costumam encher deverão proibir exibições com fogos de artifício, e há a possibilidade de proibir aglomerações no fim do ano.
Os contatos entre os alemães também deverão ser limitados. Encontros com participação de uma pessoa não vacinada ou não recuperada deverão ser restritos a uma família e, no máximo, duas pessoas de outra, com exceção das crianças. Apenas encontros familiares com participação exclusiva de vacinados ou recuperados não serão limitados.
Escolas permanecem abertas
O governo alemão não pretende voltar a fechar escolas, mas reintroduziu a obrigatoriedade de uso de máscaras em sala de aula. Ficou em aberto se as crianças precisam usar a máscara enquanto estão sentadas. O acordo desta quinta-feira prevê apenas que, "nas escolas, vale uma obrigatoriedade de máscaras em todas as classes".
Regras que já estavam valendo continuam em vigor. Um exemplo é que hotéis, academias, salões de beleza e cabeleireiros deverão implementar a regra 2G se a taxa de ocupação de leitos de hospitais numa determinada região ultrapassar determinados limites.
Virá a vacina obrigatória?
A quarta onda de covid-19 na Alemanha é atribuída principalmente à estagnação da taxa de vacinação no país, de cerca de 68% da população com ciclo vacinal completo. O número é uma das taxas mais baixas de imunização da Europa Ocidental. Virologistas dizem que a baixa adesão se deve principalmente à resistência à imunização e ao ceticismo em grande parte da sociedade alemã.
Quem quiser receber a primeira vacina ou obter a segunda ou terceira doses de imunização deverá poder fazê-lo até o Natal. Farmácias, enfermeiros geriátricos e dentistas poderão passar a aplicar os imunizantes.
A chanceler Angela Merkel afirmou ainda que alemães imunizados com duas doses não deverão ser reconhecidos como vacinados por muito tempo, reforçando a importância das doses de reforço.
As autoridades reunidas nesta quinta também deverão discutir futuramente sobre uma obrigatoriedade de vacinação para funcionários de casas de idosos ou de repouso e hospitais, mas não houve anúncio nesse sentido.
A obrigatoriedade de imunização, no entanto, será discutida e votada no Bundestag (Parlamento alemão) no início do próximo ano. A legislação correspondente deverá ser esboçada por um comitê de ética, segundo Merkel.
O social-democrata Olaf Scholz afirmou que "é com a vacina que sairemos desta crise" e que, "se tivéssemos uma taxa de imunização mais alta, não estaríamos discutindo isso [a obrigatoriedade da vacina] agora".
Leve baixa nos casos
Atualmente, a incidência média nacional de novas infecções pelo coronavírus é de 439,2 infecções por cem mil habitantes em sete dias. O número representa uma leve baixa em comparação com o novo recorde de 452,4 registrado na última segunda-feira.
O número de novas infecções nas últimas 24 horas divulgado nesta quinta-feira foi de 73.209, o equivalente a 2.500 casos a menos do que há uma semana.
Especialistas alertam, no entanto, que o alto número de novos casos diários na Alemanha pode estar sobrecarregando o sistema de registros do país, fazendo com que nem todos os casos sejam relatados. Dessa forma, a incidência pode não estar refletindo a tendência real de infecções.
Além disso, a Alemanha registrou na quarta-feira o maior número diário de mortes em decorrência da doença em nove meses. O Instituto Robert Koch (RKI), agência estatal alemã de controle e prevenção de doenças, notificou 446 mortes, a maior marca desde 20 de fevereiro, quando foram computados 490 óbitos.
Atualmente, o número de mortes diárias ainda corresponde a menos da metade do registrado no auge da segunda onda de covid-19 no país, no fim do ano passado, apesar de agora haver muito mais infecções. Especialistas afirmam que isso se deve à vacinação, que protege contra casos graves da doença.
rk/ek (DPA, Reuters, OTS)