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A máfia dos carrinhos de bebê

11 de fevereiro de 2019

Nos últimos dois anos, mais de 1,5 mil carrinhos de bebê foram roubados de prédios em Berlim. Ladrões visam modelos mais caros para revendê-los na internet. De todos os furtos, a polícia elucidou apenas 69.

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Adultos empurrando crianças em carrinhos de bebê
Primeiros furtos sistemáticos de carrinhos de bebê em Berlim foram registrados em 2007Foto: picture-alliance/dpa/F. Kästle

A primeira vez que ouvi falar sobre furto de carrinhos de bebê em Berlim foi quando um amigo contou que havia comprado uma corrente para prender o carrinho de seu filho, pois alguns haviam sido roubados do hall de entrada de seu prédio. Foi também quando descobri que esses objetos infantis podem custar pequenas fortunas aqui na Alemanha. Há modelos cujo valor de venda ultrapassa facilmente os mil euros.

Diante de valores exorbitantes, a procura por carrinhos de segunda mão em bom estado em sites de comércio eletrônico, como o eBay, é grande. Essa demanda contribui para impulsionar o roubo desses objetos.

Para a chamada máfia dos carrinhos de bebê, o furto costuma ser tão fácil quanto roubar pirulito de criança. Sem elevadores e com pouco espaço nos apartamentos, os carrinhos, usados praticamente todos os dias, costumam ser deixados nos halls de entrada dos prédios. Assim, qualquer um que consegue entrar no edifício pode levar os carrinhos, principalmente à noite, quando a movimentação urbana diminui drasticamente e fica mais fácil agir à surdina.

Em Berlim, nos últimos dois anos, mais de 1,5 mil carrinhos foram roubados. A polícia estima que o número deva ser bem maior, pois em muitos casos o furto não é informado às autoridades.

As marcas mais caras são os principais alvos dos ladrões. Os primeiros furtos sistemáticos desses objetos foram registrados em 2007, em Prenzlauer Berg, um bairro com muitas crianças e onde vivem famílias de classe média e alta. Atualmente, a máfia de carrinhos de bebê atua principalmente nos bairros Tempelhof, Schöneberg, Moabit, Prenzlauer Berg e Charlottenburg.

O furto de carrinhos parece ser um crime que compensa: a polícia conseguiu identificar os culpados em apenas 69 casos dos mais de 1,5 mil registrados. Em algumas situações faltam provas para confirmar que o objeto vendido na internet foi mesmo roubado.

Para evitar o furto, a polícia recomenda guardar o carrinho em locais fechados e usar cadeados. Além disso, quem compra usado pela internet deve exigir a nota fiscal original do produto. Só assim é possível garantir que não se está adquirindo um produto roubado.

Clarissa Neher trabalha como jornalista freelancer para a DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.

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