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Tensão entre RDCongo e Ruanda volta a aumentar

Lusa | rl
30 de outubro de 2022

Após avanços do M23 em território congolês, o Presidente Felix Tshisekedi decidiu expulsar o embaixador ruandês em Kinshasa. Preocupado, secretário-geral da ONU contactou Presidente angolano, que tem mediado o conflito.

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Bildkombo | Felix Tshisekedi | Joao Lourenco | Paul Kagame
Foto: Arsene Mpiana/Michele Spatari/Ludovic Marin/AFP/Getty Images

A tensão na RDCongo aumentou este fim de semana devido ao avanço realizado pelo grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23)- antiga rebelião tutsi que pegou em armas no final de 2021 - no leste congolês.

Em declarações à imprensa, este sábado (29.10), o porta-voz do governo congolês, Patrick Muyaya, reconheceu que o avanço do M23 nas cidades de Kiwanja e, sobretudo, Rutshuru, representa uma "ameaça à segurança nacional", considerando que a "chegada maciça nos últimos dias de elementos do exército ruandês para apoiar os terroristas do M23" tem em vista uma "ofensiva geral contra as posições das forças armadas congolesas". 

Por isso, Kinshasa anunciou no sábado a expulsão imediata do embaixador ruandês, Vincent Karega.

Ruanda lamenta decisão

Em reação ao sucedido, este domingo (30.10), o Ruanda diz ter recebido "com pesar" a decisão da República Democrática do Congo de expulsar o seu embaixador e anunciou ter colocado em alerta as forças de segurança ruandesas na fronteira.

"É lamentável que o governo da RDCongo continue a culpar o Ruanda pelas suas próprias falhas de governo e segurança", escrevem as autoridades ruandesas, em comunicado.

Mediação: Guterres expressa apoio a Angola

Face aos desenvolvimentos, o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, contactou o Presidente angolano, João Lourenço, que tem mediado as conversas entre os dois países.

"O Presidente João Lourenço pontualizou ao secretário-geral da ONU sobre as suas últimas diligências e António Guterres, na sequência, manifestou todo o seu apoio aos esforços de mediação do estadista angolano na RDCongo", divulgou a presidência angolana na sua página no Facebook.

António Guterres manifestou também urgência em falar com os presidentes Félix Tshisekedi, da RDCongo, e Paul Kagame, do Ruanda.

Em julho, Félix Tshisekedi e Paul Kagame encontraram-se em Luanda para uma cimeira tripartida mediada por João Lourenço para discutir uma solução para o conflito armado na fronteira leste da RDCongo. 

Na altura, João Lourenço assinalou os "progressos positivos" que resultaram num cessar-fogo entre outras medidas que constam de um roteiro para a paz. 

Mais tarde, em setembro, discursando na 77ª assembleia geral da Organização das Nações Unidas, Félix Tshisekedi encorajou o seu homólogo João Lourenço a prosseguir com as ações em prol da paz e estabilidade no seu país.

Acusações

Um relatório não divulgado pelas Nações Unidas, consultado em agosto pela agência France-Presse (AFP), apontou o envolvimento ruandês com o M23 e, esta semana, um diplomata dos Estados Unidos na ONU deixou claro que as Forças de Defesa ruandesas estão a ajudar o M23.

O Ruanda nega e acusa a RDCongo - que também o nega - de conluio com as Forças Democráticas de Libertação do Ruanda, um movimento rebelde hutu ruandês, com alguns dos seus elementos envolvidos no genocídio dos tutsis no Ruanda em 1994.