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Soldados franceses combatem no Mali

11 de janeiro de 2013

O Presidente, François Hollande, anunciou ter enviado tropas francesas para o Mali. A decisão veio a sequência do avanço dos rebeldes islamistas no norte do Mali sobre o sul. A Alemanha ainda hesita.

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Ansar Dine grupo rebelde islamista no Mali
Ansar Dine grupo rebelde islamista no MaliFoto: Romaric Hien/AFP/GettyImages

Nesta sexta-feira (11.01) o jornal francês "Le Figaro" anunciou que soldados franceses e alemães já ocuparam posições perto da cidade de Sévaré, no centro do Mali. Significará esta ação que a Europa já interveio na guerra contra os rebeldes islamistas, que lançaram uma ofensiva a partir do norte, e avançam em direção a Sévaré? Não, diz o Ministério alemão da Defesa. No Mali não se encontram estacionadas forças alemãs.

Alemanha nega solução puramente militar

E numa conferência de imprensa convocada expressamente para esse fim, o ministro federal dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle, insiste que "não vai haver uma solução puramente militar para o problema do Mali. Por isso devemos reforçar as iniciativas políticas. É importante continuar com o diálogo promovido pelos países africanos."

O ministro lembra que a União Europeia apenas apoiará o exército do Mali com logística e treino na luta contra os rebeldes extremistas. E mesmo assim, apenas mediante condições específicas, que "incluem um plano viável de todo o Mali para o regresso à ordem constitucional". O que, para já, parece estar fora de questão.

Europa hesitante

O Governo de Bamako não foi eleito democráticamente e permanece sob influência direta dos oficiais do exército autores do golpe de Estado, e em torno do ex-golpista Amadou Sanogo. Este executivo controla apenas um terço do território nacional. O Norte está ocupado por vários grupos rebeldes desde abril de 2012 e alguns desses grupos pretendem impor um estado islâmico fundamentalista. Após uma trégua de vários meses, os rebeldes começaram agora a avançar sobre o sul.

Amadou Sanogo (centro), responsável pelo golpe de Estado de março de 2012
Amadou Sanogo (centro), responsável pelo golpe de Estado de março de 2012Foto: picture-alliance/dpa

Mas a França, contrariando o que dissera poucas horas antes, nomeadamente que não tomaria sozinha qualquer iniciativa, aguardando as decisões da Nações Unidas, anunciou na sexta-feira que já tinha enviado tropas para o país, e que estas se encontram activamente envolvidas nos combates desde a tarde. Simultâneamente terão chegado ao Mali também tropas senegalesas e nigerianas.

Na noite de quinta para sexta-feira, uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas resultou na exigência do envio rápido de tropas para o Mali.

Manifestantes malianos nas ruas da capital Bamako pedem estabilidade no país
Manifestantes malianos nas ruas da capital Bamako pedem estabilidade no paísFoto: HABIBOU KOUYATE/AFP/Getty Images

Missão militar pouco definida

Já em Dezembro de 2012, o Conselho tinha anuído a uma missão militar internacional para o Mali, sob liderança africana. Wolfram Lacher da Fundação Ciência e Política, em Berlim, afirma que "é dado adquirido que vai haver uma missão. Mas falta acertar muitos pormenores: quando será formada a missão, que países enviarão as tropas e como será o financiamento? Também há que ver que a situação no Mali, apesar das notícias recentes, continua muito pouco clara."  

Por isso Wolfram Lacher duvida que uma missão conjunta da União Europeia esteja para breve e continua dizendo que "este avanço dos rebeldes nos últimos dias não tem consequências diretas para a segurança da Europa. Claro que a médio prazo, a existência de uma zona para a qual os jihadistas no Norte do Mali se possam retirar representa um perigo para os interesses europeus, sobretudo naquela região. Trata-se de um risco de segurança para cidadãos europeus na África Ocidental, e para os interesses económicos de alguns Estados na região, nomeadamente a França." 

Autor: Peter Hille / Cristina Krippahl
Edição: Carla Fernandes / António Rocha

Soldados franceses combatem no Mali