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ONU dá luz verde à missão militar para o Mali

21 de dezembro de 2012

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou por unanimidade, na quinta-feira (20.12), o envio de uma força de intervenção para combater os grupos rebeldes islâmicos no norte do Mali.

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Conselho de Segurança da ONU
Conselho de Segurança da ONUFoto: dapd

Os 15 Estados membros do Conselho de Segurança concederam um mandato inicial de um ano à força militar internacional. Tem autorização para tomar as medidas necessárias no sentido de ajudar o governo maliano a recuperar o controlo do norte do país, nas mãos de "grupos armados, extremistas e terroristas", segundo o Conselho.

Peritos militares e soldados da ONU trabalharam com a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), com a União Africana (UA) e com as autoriadades malianas para o desenvolvimento da Missão Internacional de Liderança Africana para Apoio ao Mali (na sigla em inglês AFISMA).

A resolução prevê que se comece a estabilizar o Mali no plano político, através do estabelecimento de um roteiro para reabilitar a Constituição e realizar eleições até abril de 2013, e só posteriormente se passariam a ações ofensivas.

Antes de avançar para o norte, a força dos capacetes azuis, AFISMA, deverá ter um plano militar. Este plano será posteriormente submetido à aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas. O prazo para o início da operação militar está estimado para setembro ou outubro do próximo ano.

“Resolução histórica”

Em reação, Dioncounda Traoré, Presidente interino do Mali, disse que foi “um dia importante para o decorrer dos acontecimentos” no país. “Faremos a guerra contra os terroristas e vamos continuar a dialogar com os nossos irmãos que estão disponíveis para o diálogo”, acrescentou Traoré.

Também satisfeito com a aprovação, Youssoufou Bamba, embaixador da Costa do Marfim, país que preside a CEDEAO, falou à rádio ONU numa “resolução histórica” porque: é “uma mensagem de solidariedade e mostra que não esquecemos o povo maliano. E queremos por isso agradecer ao Conselho de Segurança pelo elevado sentido de responsabilidade que demonstrou”, justificou.

Em março passado, o Mali entrou numa situação caótica depois de um golpe de Estado que criou um vazio de poder e permitiu à etnia tuaregue, tradicionalmente marginalizada pelo governo, ocupar a região norte do país.

No entanto os próprios rebeldes tuaregues acabaram por ser expulsos por grupos islamistas ligados à rede terrorista internacional Al-Qaeda, que impuseram a lei islâmica. Calcula-se que dois terços do território maliano esteja ocupado por grupos rebeldes.

Críticas ao Mali

A resolução das Nações Unidas critica os militares do Mali pela sua ingerência no trabalho do governo de transição. Recorde-se que o primeiro-ministro maliano, Cheick Modibo Diarra, foi detido a 11 de dezembro, por militares e posteriormente demitiu-se. O fato desestabilizou ainda mais o país e pôs em causa a capacidade de as forças armadas malianas participarem no resgate do norte do território dominado por islamistas.

Por isso, Nestor Osório, presidente do Conselho de Segurança, em declarações à rádio ONU, afirmou que com o "sim" ao envio da força militar, aquele órgão das Nações Unidas tem uma mensagem “clara”: todas as força no Mali devem unir-se para terem um diálogo compreensivo, inclusivo e que permita o estabelecimento da ordem constitucional”, explicou.

Segundo estimativas da ONU cerca de 412 mil pessoas foram forçadas a abandonar o norte do Mali e aproximadamente cinco milhões de pessoas foram afetadas pelo conflito.

Autora: Carla Fernandes / AFP / DPA
Edição: Glória Sousa / António Rocha

ONU dá luz verde à missão militar para o Mali

Rebeldes do grupo islâmico Ansar Dine
Rebeldes do grupo islâmico Ansar DineFoto: REUTERS
Rebeldes islâmicos em Douentza, cidade estratégica do Mali
Rebeldes islâmicos em Douentza, cidade estratégica do MaliFoto: AP
Dioncounda Traoré, Presidente interino do Mali
Dioncounda Traoré, Presidente interino do MaliFoto: AP
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