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PolíticaRepública Democrática do Congo

RDCongo: Porque não se convida o M23 para conversações?

22 de agosto de 2024

Terminaram sem acordo as conversações em Luanda para analisar uma proposta de paz para a República Democrática do Congo. O dossier ainda não foi encerrado. Há novos encontros previstos. Até aqui, o M23 não foi convidado.

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Rebeldes do M23 em Kilumba, no leste da República Democrática do Congo, em dezembro de 2022
Grupos armados, como o M23, não participam nas conversações em Luanda. Por isso, dizem que não estão "automaticamente vinculados" a possíveis decisõesFoto: Moses Sawasawa/AP Photo/picture alliance

Foram dois dias de conversações, que terminaram sem um acordo sobre a paz no leste da República Democrática do Congo (RDC).

Numa nota de imprensa produzida pelo Ministério das Relações Exteriores de Angola, destaca-se que a reunião decorreu "num ambiente sereno e fraterno" em que as partes reiteraram o compromisso em trabalhar em conjunto para se encontrar uma "solução duradoura" para o conflito que afeta o leste da RDC. 

No encontro em Luanda participou não só o chefe da diplomacia da RDC, como também o homólogo do Ruanda, país acusado de apoiar militarmente os rebeldes do M23 no leste congolês. O M23 não foi convidado.

Para o jornalista Georges Nsimba, a exclusão do grupo armado pode retardar o processo.

"A única questão que se levanta é que os que estão a conversar não estão oficialmente no terreno. São os militares do M23 que estão no terreno. O M23 também tem uma direção, e nestas conversações devia se convidar uma personalidade do M23", diz Nsimba em declarações à DW África.

Porquê o Ruanda?

O M23 exige falar diretamente com o Governo congolês.

Ainda assim, foram agendadas novas datas para continuar a analisar a proposta de paz, apresentada pelo mediador designado pela União Africana, o Presidente angolano, João Lourenço.

Quem são os principais atores no conflito na RDC?

Na próxima semana, a 29 e 30 de agosto, haverá uma "reunião de peritos". Em setembro, haverá um novo encontro entre os dois ministros das Relações Exteriores na capital angolana. 

Angola esperava, no entanto, que estas últimas conversações – as terceiras depois de acordo de cessar-fogo no início do mês – resultassem finalmente num acordo de paz. Mas o politólogo angolano Agostinho Sikato insiste: É preciso mudar o formato do diálogo.

"Quem está a fazer guerra, de facto, é o M23 e os outros movimentos considerados forças negativas na República Democrática do Congo", comenta Sikato. "Quaisquer negociações que se faça terão necessariamente de exigir a presença do M23. A ausência do M23 significa que, mesmo que haja um acordo, será por tempo determinado."

Há ainda outra questão que se impõe, acrescenta o politólogo: Se os rebeldes não são chamados às conversações, porque é que o Ruanda é?

"O Ruanda sempre negou o seu envolvimento no teatro das operações. Então, porque é que vai para a mesa das negociações e o M23 não?"

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