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PRS em Bissau: Um partido, dois congressos, dois presidentes

Djariatú Baldé
28 de junho de 2024

A direção superior dos renovadores, chefiada interinamente por Fernando Dias, começou hoje em Bissau um congresso em que Dias se recandidata à liderança. Mas amanhã haverá um congresso à parte, dos "inconformados".

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Fernando Dias, presidente interino do Partido da Renovação Social
Fernando Dias, presidente interino do Partido da Renovação SocialFoto: Iancuba Dansó/DW

Na prática, o partido de Kumba Yalá está dividido. Em dois dias, há dois congressos diferentes do Partido da Renovação Social (PRS): Um deles é organizado pela ala do líder interino do partido, Fernando Dias. O outro é realizado por uma ala de "inconformados" que contestam a liderança de Dias e querem eleger o seu próprio presidente. É uma situação inédita no PRS.

Na abertura do congresso "oficial", esta sexta-feira, Fernando Dias disse que é preciso estancar a imagem de divisão do partido, face aos protestos dos "inconformados".

"Não é incomum reconhecer que o cenário interno atual do nosso partido constitui não só um desafio para os militantes, mas também surge como uma oportunidade do PRS se reencontrar e avaliar as qualidades dos verdadeiros militantes capazes de encarnar a ideologia do PRS para os próximos desafios", afirmou.

Dias referiu que os "inconformados" estão a tentar fragmentar o PRS e comprometer a agenda do partido, mas não vão conseguir. 

Já o presidente da comissão de gestão transitória do PRS, Sori Djaló, da ala dos "inconformados", não se mostra preocupado.

O congresso paralelo dos "inconformados", previsto para amanhã, deverá avançar com a escolha do presidente "legítimo" do partido: "Não vamos suspender o congresso por causa do capricho de uma pessoa. Amanhã, vamos iniciar o congresso e não impedimos ninguém de realizar o seu. Quem quiser se juntar a nós pode vir", acrescentou Djaló.

"Inconformados" serão "apoiados pelo regime"

Depois dos congressos, haverá um partido com dois presidentes? Qual deles seria o legítimo? A decisão final poderá caber à Justiça.

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Sori Djaló garante que, qualquer que seja a decisão dos tribunais, será acatada: "Vamos juntar com eles [caso o tribunal reconheça os resultados do seu congresso], mas também podem se juntar a nós caso o tribunal decida a nosso favor, para fazermos um partido único."

Estas divisões no PRS têm a ver as críticas do líder interino do partido, Fernando Dias, ao regime do Presidente Umaro Sissoco Embaló, comenta o jurista Fodé Mané.

"A situação passou a ser entre os elementos do PRS, apoiantes do atual regime, e aqueles que são mais fiéis à direção, e o conflito tem se agudizado." 

Uma das alas tenta "afirmar-se pela legitimidade e os outros tentam legitimar-se a força com o apoio do regime, como aconteceu na reunião da comissão política", no início do mês, afirma Mané. A polícia tentou impedir membros da ala de Fernando Dias de entrarem na sede do PRS, para onde estava marcada a reunião da comissão política.

Fernando Dias foi escolhido como presidente interino do PRS em 2023 durante uma reunião do conselho nacional dos renovadores. O objetivo seria concluir o mandato do então presidente Alberto Nambeia até a data da realização do congresso ordinário do partido, em 2026, mas Dias foi confrontado mais tarde com vozes discordantes.