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DesportoFrança

Jogos Paralímpicos arrancam em Paris

Thomas Klein | AFP | Lusa
28 de agosto de 2024

Os Jogos Paralímpicos começam com uma cerimónia de abertura no coração de Paris, em que estarão presentes 4.400 participantes. "Estamos a um nível mais elevado do que há alguns anos", diz atleta alemão Johannes Floors.

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Phryge, a mascote dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, em frente à Torre Eiffel
Paris acolhe os Jogos Paralímpicos de 28 de agosto a 8 de setembroFoto: STEPHANE DE SAKUTIN/AFP/Getty Images

Mais de um mês após a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos no Rio Sena, o evento de abertura dos Jogos Paralímpicos também terá lugar fora de um estádio, desta vez nos Campos Elísios e na Praça da Concórdia.

Tony Estanguet, chefe do comité organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2024 em Paris, espera um evento "histórico".

"Já vendemos quase 2 milhões de bilhetes. É um facto excecional. Estamos muito satisfeitos com os estádios que estarão cheios em várias modalidades", destacou.

Atletas a postos

A capital francesa está preparada e a expetativa entre os atletas é cada vez maior. "Estamos a um nível mais elevado do que há alguns anos", afirmou o atleta paralímpico alemão Johannes Floors numa entrevista à DW sobre o desenvolvimento dos Jogos Paralímpicos.

O velocista de 29 anos diz estar pronto para Paris2024: "Correr e fazer sprint é algo muito especial para mim, porque nunca fui capaz de o fazer durante 16 anos da minha vida. Já não tenho dores. Já não tenho restrições".

Velocista Johannes Floors
Johannes Floors ganhou a medalha de ouro nos 400 metros em Tóquio há três anosFoto: Mika Volkmann/picture alliance

Esta será a terceira participação de Floors nos Jogos, depois do Rio em 2016 e de Tóquio em 2021. É também o recordista mundial dos 100 metros (10,54 segundos), dos 200 metros (20,69) e também dos 400 metros (45,78).

Este ano, conquistou o seu quarto título mundial consecutivo nos 400 metros no Campeonato do Mundo de Kobe, no Japão. O velocista é reconhecid como um dos melhores atletas do mundo na sua categoria de T62, amputado bilateral abaixo do joelho.

Os Jogos em números

Ao longo de 11 dias, Paris vai receber em 18 instalações, que há pouco tempo foram palco das competições olímpicas, atletas de 167 países, que competirão em 22 modalidades.

Oito atletas vão formar a maior equipa paralímpica de refugiados até à data. Os atletas representam os mais de 120 milhões de pessoas deslocadas em todo o mundo.

Entre as 168 delegações participantes na competição, que reúne atletas de quatro das cinco áreas da deficiência - intelectual, motora, visual e paralisia cerebral –, contam-se três estreantes: Eritreia, Kosovo e Ilhas Kiribati.

Nos últimos sete anos, os responsáveis investiram cerca de 125 milhões de euros para tornar a metrópole francesa mais inclusiva. Os edifícios públicos e os transportes locais foram tornados mais acessíveis e foram instalados 10.400 módulos acústicos em cruzamentos críticos para pessoas com deficiências visuais.

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Andrew Parsons, presidente do Comité Paralímpico Internacional, só lamenta que o evento decorra em tempos difíceis em várias regiões do mundo.

"É vergonhoso que em 2024 estejamos a assistir ao que vemos nas notícias em termos de conflitos em todo o mundo, em termos de polarização, em termos de hostilidade, basicamente as pessoas não conseguem viver juntas", disse.

A história dos Paralímpicos

No verão de 1948, o neurologista alemão Ludwig Guttmann, judeu que tinha fugido dos nazis para a Grã-Bretanha em 1939, organizou a primeira competição para atletas em cadeira de rodas em Londres, a que chamou "Jogos de Stoke Mandeville".

Esta foi a origem dos Jogos Paraolímpicos, que se realizaram pela primeira vez em Roma, em 1960, com 400 atletas de 23 países. Desde então, têm-se realizado de quatro em quatro anos.

Os primeiros Jogos de inverno da história dos Jogos Paraolímpicos foram organizados na Suécia em 1976 e, desde então, realizam-se também de quatro em quatro anos. Desde 1988, os Jogos têm sido realizados no mesmo local que os Jogos Olímpicos, devido a um acordo entre o IPC e o Comité Olímpico Internacional (COI).

Arco do Triunfo, em Paris, com o logotipo dos Jogos Paralímpicos de 2024
Arco do Triunfo, em Paris, "veste-se a rigor" para os Paralímpicos Foto: Straubmeier/nordphoto GmbH/picture alliance

A importância dos Paralímpicos

Os Jogos Paralímpicos são um dos eventos mais importantes do desporto paraolímpico. O número de atletas participantes tem vindo a aumentar de forma constante e o interesse dos meios de comunicação social também não pára de crescer. "A corrida dos meios de comunicação social é cada vez maior e as perguntas nas entrevistas são cada vez mais universais", afirma o velocista Johannes Floors.

Já não se trata apenas da deficiência, mas cada vez mais da pessoa, do carácter, da motivação, diz o vencedor dos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2021. "Há muito mais interesse de fundo", destaca.

Para a nadadora paraolímpica e campeã mundial Elena Semechin, os Jogos Paralímpicos são mais do que meras competições desportivas. "Também o vejo como uma atividade de embaixadora, como um modelo a seguir para outras pessoas. É por isso que é ainda mais importante para mim poder representar a Alemanha e o nosso desporto nos Jogos", disse em entrevista à DW a medalhista de ouro de Tóquio.

"Queremos apresentar-nos, deixar os nossos pais orgulhosos e, claro, o nosso país", acrescenta o ciclista Thomas Ulbricht, de 39 anos, que compete nos Jogos Paralímpicos pela quinta vez.

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