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Cafunfo: Ativistas denunciam detenção e tortura de moradores

Lusa | cvt
7 de fevereiro de 2021

Ativistas acusam a polícia angolana de ter detido André Candala, catequista e morador em Cafunfo que denunciou a "morte de inocentes" na semana passada, e o seu filho Paulo André Candala.

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Angola | gewaltsamer Polizeieinsatz während einer Demonstration des Lunda Tchokwe Protectorate Movement
Foto de arquivo: Polícia reprime manifestação do Movimento Protetorado Lunda Tchokwe (2017)Foto: Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe

Em declarações à agência de notícias Lusa, os ativistas referiram André Candala, catequista e morador em Cafunfo, e o seu filho, Paulo André Candala, foram detidos esta madrugada e que ambos foram espancados. 

Uma das fontes, que pediu para não ser identificada, adiantou que há mais pessoas que estão a ser presas, depois de terem falado sobre o caso à comunicação social. 

Também a ativista Laura Macedo, que se encontra na entrada de Cafunfo e está a ser impedida de entrar na vila desde a passada quarta-feira (03.02), bem como cinco deputados da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), alertou para a detenção. A ativista usou as redes sociais para denunciar o caso.

As autoridades policiais locais não confirmaram a detenção de André Candala e seu filho, Paulo André Candala.

A agência Lusa esteve no local durante alguns dias e falou com vários populares, que denunciaram a violência policial que resultou na morte de um número indeterminado de pessoas no dia 30 de janeiro, bem como perseguições de ativistas e defensores dos direitos humanos na vila mineira, situada na Lunda Norte.

"A situação não está para menos, todos os entrevistados estão em risco. O Governo local não queria que se divulgasse as chacinas e tem o propósito de prender todos os ativistas locais. Estamos a pedir intervenção por parte da comunidade internacional para pedir ao Governo angolano que pare com as perseguições", disse um jovem que pediu para não ser identificado.

Angola Proteste in Luanda
Protestos em Luanda, a 4 de fevereiro, contra a violência policial em CafunfoFoto: Borralho Ndomba/DW

Desenvolvimentos em Cafunfo

Segundo a polícia, o "ato de rebelião" foi protagonizado por cerca de 300 elementos do Movimento Protetorado da Lunda Tchokwe (MPLT) que tentaram invadir uma esquadra de Cafunfo, incidente que acabou por causar seis mortes.

A versão da polícia é contrariada por populares e responsáveis do MPLT segundo os quais se tratou de uma tentativa de manifestação pacífica e previamente comunicada às autoridades, durante a qual morreram mais de 20 pessoas.

Organizações não-governamentais, bispos católicos e a oposição angolana condenaram o que dizem ter sido "um massacre" e pediram um inquérito independente sobre os acontecimentos.

Uma delegação da UNITA, integrada pelos deputados Alberto Ngalanela, Joaquim Nafoia, Domingos Oliveira, Sindiagani Bimbi e Rebeca Muaca, foi barrada à entrada de Cafunfo e aí se mantém desde quarta-feira.

O líder do maior partido da oposição angolana, Adalberto da Costa Júnior, afirmou na sexta-feira (05.02) que a retenção de cinco deputados à entrada do Cafunfo é "a confissão clara do massacre praticado" na vila mineira, rica em diamantes, da Lunda Norte e da ocorrência de "operações de limpeza" na zona.

O presidente da Assembleia Nacional angolana, Fernando da Piedade Dias dos Santos, recusou, no sábado (06.02), qualquer responsabilidade sobre a missão de cinco deputados da UNITA, alegando que "a deslocação não foi feita no quadro de uma comissão parlamentar multipartidária, como seria recomendável".

Desde sábado, dia 30 de janeiro, que Cafunfo está fortemente militarizada, sendo visível o patrulhamento das ruas pela polícia e Forças Armadas Angolanas (FAA).

A Lusa testemunhou no local que são frequentes os disparos durante a madrugada.

Vários moradores fugiram para as matas e encontram-se escondidos desde a semana passada. Há também um número indeterminado de detidos.

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