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Angola: Morgue no Golungo Alto em estado crítico

António Domingos
11 de setembro de 2023

Avaria na refrigeração da morgue municipal gera alarme no Kwanza Norte. População preocupada com decomposição de corpos e dificuldades na transladação.

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Famílias são forçadas a conviver com os mortos até o dia do funeralFoto: António Domingos/DW

Há dois meses, foi registrada uma avaria no motor de refrigeração da morgue do Hospital Municipal de Golungo Alto, na província angolana do Kwanza Norte. Esta situação tem gerado preocupação entre os moradores da região, uma vez que a decomposição de cadáveres tem se acelerado nas residências dos familiares, que enfrentam dificuldades para transladar os corpos de seus entes queridos.

A situação tem impactado diretamente as famílias locais, que enfrentam dificuldades significativas ao tentar preservar os corpos de seus entes falecidos. Alguns munícipes relatam ter percorrido mais de cinquenta quilômetros até à cidade capital da província, a fim de utilizar a morgue do Hospital Provincial do Kwanza Norte para acondicionar os corpos.

Denúncias

A denúncia foi feita por munícipes locais que foram ouvidos pela DW África.

Manuel Kizembe, residente no bairro Kiaposse, descreve a situação como preocupante: "É mesmo preocupante porque das vezes que temos casos de cadáveres transferimos para Ndalatando e chega o ponto de alguns familiares que venham de Luanda ou outros pontos do país não vejam o cadáver. Apelamos às autoridades para que se preocupem mais com a morgue."

Angola Leichenhalle in Golungo Alto in kritischem Zustand
Segundo o diretor do gabinete municipal de saúde local, um novo motor de refrigeração já foi adquirido e está em processo de substituição do motor defeituoso.Foto: António Domingos/DW

Rita André, moradora do bairro Kakolombolo, nos arredores da vila de Golungo Alto, compartilha suas dificuldades ao enfrentar o falecimento de um ente querido: "Muito mal se preocupar com carro para levar o corpo à Ndalatando devido a esta situação, porque está mesmo mal."

Lidar com o mau cheiro

A falta de recursos financeiros e meios técnicos para a transladação dos corpos tem deixado muitas famílias sem alternativas, sendo forçadas a conviver com os mortos até o dia do funeral, mesmo tendo que lidar com o mau cheiro.

Fernanda Moniz, residente no bairro Tundesanji, na vila municipal de Golungo Alto, denuncia:

"Sempre que morre alguém aqui no município, o corpo estraga, as pessoas não conseguem ficar dentro por causa do cheiro, então, nós nos sentimos muito mal. No Tundesanji, morreu lá um senhor, as pessoas não conseguiram ficar lá dentro, o corpo estava a dar mau cheiro, tiveram que meter medicamento para desabafar aquele cheiro aí, então, gostaria que a morgue funcione já", apelou.

 Institut für Rechtsmedizin am Universitätsklinikum Frankfurt
A comunidade local permanece na expectativa de ver solucionado o problema.Foto: picture-alliance/dpa/A. Arnold

Novo motor de refrigeração

Em resposta às preocupações dos munícipes de Golungo Alto, Celso Tandala, diretor do gabinete municipal de saúde local, afirma que providências estão a ser tomadas para resolver a situação.

Tandala pede calma à população e assegura que um novo motor de refrigeração já foi adquirido e está em processo de substituição do motor defeituoso. Tandala também menciona negociações em andamento com uma empresa para garantir o armazenamento adequado dos corpos.

A comunidade local permanece na expectativa de uma solução rápida para essa situação que afeta diretamente a dignidade e o bem-estar das famílias em luto.

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