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Morreu mediador da paz em Moçambique Dom Jaime Gonçalves

Johannes Beck / Lusa6 de abril de 2016

Jaime Gonçalves foi o mediador da Igreja Católica moçambicana e do Vaticano no Acordo Geral de Paz de 1992, que encerrou 16 anos de guerra civil entre o Governo da FRELIMO e a RENAMO. Enterro será no sábado (9/4).

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Foto: DW/Marta Barroso

O vice-reitor da Universidade Católica de Moçambique, Rafael Sapato, afirmou que Dom Jaime Pedro Gonçalves, "partiu para o Pai" na quarta-feira (7/4), vítima de doença. Jaime Gonçalves sofria de uma doença renal crónica, e, segundo o vice-reitor da Universidade Católica, não recebia tratamento de hemodiálise. O funeral está previsto para sábado.

Jaime Pedro Gonçalves nasceu em Nova Sofala a 26 de novembro de 1936, tendo frequentado o seminário em Zobué, província de Tete, e prosseguido os estudos em Maputo, Namaacha, no Canadá e em Roma, Itália. Após os estudos superiores em Educação, Ciências Sociais e Teologia, assumiu a diocese da Beira em março de 1976, menos de um ano após a independência de Moçambique.

Dom Jaime Gonçalves foi um dos mediadores no Acordo Geral de Paz, assinado a 4 de outubro de 1992, em Roma, e que encerrou 16 anos de guerra civil entre o Governo da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) e a RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana).

Já como arcebispo emérito, em 2014, voltou a juntar-se a Joaquim Chissano e Afonso Dhlakama num evento da Universidade Católica, em setembro de 2015, na Beira, acusando os políticos de ameaçarem a paz com seu "orgulho e medo" e de promoverem uma democracia de ódio. "Estão todos os dias enchendo a boca a dizer paz, paz, paz! Qual paz? Paz de vergonha? Onde está a paz?", questionou.

Apelo para novo diálogo

Na sua última entrevista, divulgada pela agência Lusa a 18 de fevereiro de 2016, Jaime Gonçalves defendeu que o entendimento de Roma ainda é a solução para os conflitos no país e deve ser revisitado pela Igreja, quando Moçambique vive uma nova crise política e militar. "O documento do Acordo Geral de Paz continua a ser o mais atual e ainda é a luz para a solução dos conflitos em Moçambique", sustentou o autor do livro "A Paz dos Moçambicanos".

Na entrevista à Lusa, o arcebispo emérito da Beira afirmou que povo espera um novo diálogo. Mas também questionou "onde estão aqueles que fizeram a reconciliação", assinalando que os acordos de Roma "foram obra da Igreja Católica".

Para Jaime Gonçalves, os acontecimentos recentes em Moçambique deixaram claro que "o Acordo de Paz não está a ser praticado pela FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique)". Argumentou que há um plano para eliminar o líder do principal partido da oposição RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana), Afonso Dhlakama.

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