Özil e Gündogan são criticados por foto com Erdogan
14 de maio de 2018Os jogadores da seleção alemã Mesut Özil e Ilkay Gündogan foram alvos de críticas nesta segunda-feira (14/05), na Alemanha, após um encontro com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que ocorreu em Londres. Ambos são descendentes de turcos e nasceram em Gelsenkirchen, no oeste alemão.
Gündogan, do Manchester City, e Özil, do Arsenal, entregaram a Erdogan camisetas de seus respectivos clubes. Fotografias do encontro, que ocorreu no domingo, foram divulgadas nas redes sociais do partido do presidente, AKP. "Com respeito ao meu presidente", dizia a dedicatória de Gündogan.
"O futebol e a DFB defendem valores que não são respeitados suficientemente por Erdogan. Por isso, não é bom quando nossos jogadores são manipulados para sua campanha eleitoral", afirmou o presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB), Reinhard Grindel. Ele destacou ainda que a ação dos jogadores não contribui para o trabalho de integração feito pela federação.
O diretor esportivo da seleção alemã, Oliver Bierhoff, anunciou uma reunião com os jogadores, que são contados para integrar o time que a Alemanha enviará para a Copa do Mundo da Rússia. "Os dois não tinham consciência do simbolismo e significado dessa foto, mas não aprovamos essa ação e falaremos com eles", afirmou.
Nesta terça-feira, o técnico Joachim Löw anunciará a equipe que representará o país na Copa do Mundo da Rússia, em junho. A Alemanha é a atual campeã mundial.
Além de críticas da DFB, a atitude dos jogadores foi censurada por políticos de todos os partidos. "O presidente alemão se chama Frank-Walter Steinmeier, a chanceler federal, Angela Merkel, e o Parlamento, Bundestag", afirmou o deputado do Partido Verde Cem Özdemir, que também é de origem turca.
O porta-voz de política esportiva do Partido Social-Democrata (SPD), Detlev Pilger, afirmou que os meio-campistas jogam na seleção da Alemanha e, por isso, deveriam ser mais solidários com o Estado alemão.
A copresidente da AfD, Alice Weidel, disse que ambos os jogadores não deveriam mais ser convocados para a seleção alemã e que o caso comprova a pouca identificação de jovens de origem turca com a Alemanha.
O porta-voz de política esportiva da bancada da União Democrata Cristã (CDU), Eberhard Gienger, disse que a posição dos jogadores vai contra os esforços de integração da comunidade turca na Alemanha. "Queremos que os cidadãos turcos no nosso país vejam a Alemanha como o seu país", destacou.
Após as críticas, Gündogan disse que não tinha intenção de fazer uma declaração política e muito menos campanha eleitoral ao posar para as fotos. "Como jogadores da Alemanha, defendemos os valores defendidos pela DFB e estamos cientes da nossa responsabilidade”, afirmou.
No poder há 15 anos, Erdogan se encontra em meio à campanha eleitoral, após antecipar as eleições parlamentares e presidenciais do país em um ano e meio, para 24 de junho de 2018. Desde o golpe de Estado fracassado na Turquia, em julho de 2016, o presidente turco promove uma dura onda de repressão contra seus adversários. Milhares de pessoas já foram presas no país.
CN/dpa/rtr/afp
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