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CiênciaÍndia

Índia vacinará adolescentes sem uso de agulhas

Murali Krishnan
8 de outubro de 2021

Vacina de DNA com três doses, que dispensa agulhas, já recebeu aprovação de uso emergencial no país. Especialistas destacam vantagens de vacinar menores de 18 anos.

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Criança usando uma proteção facial de plástico de mão dadas com pessoa adulta em meio a um surto de coronavírus em Calcutá, na Índia, em 14 de julho de 2021
A vacina ZyCoV-D será a primeira vacina sem agulha contra o coronavírusFoto: Indranil Aditya/picture alliance

Uma vacina contra a covid-19 desenvolvida na Índia estará em breve disponível para pessoas acima dos 12 anos. Aplicada em três doses e sem agulha, o imunizante da farmacêutica Zydus Cadila foi aprovado recentemente para uso emergencial pelo Controlador Geral de Medicamentos da Índia (DCGI).

A vacina, conhecida como ZyCoV-D, será a primeira a ser administrada em adolescentes no país asiático. É também a primeira do mundo construída com a tecnologia de DNA a receber autorização para uso emergencial.

O imunizante é aplicado por meio de um dispositivo sem agulha que é pressionado contra a pele, criando um fluxo fino e de alta pressão de fluido que perfura a superfície e é menos doloroso do que uma injeção, segundo a revista Nature.

Em breve, o grupo consultivo técnico para imunização (NTAGI) também deverá fornecer recomendações científicas sobre a vacina ao Grupo Nacional de Especialistas em Administração de Vacinas contra covid-19.

Segundo o chefe da NTAGI, N.K. Arora, logo serão anunciadas as diretrizes e um cronograma para o lançamento em fases da vacina. O NTAGI é o principal órgão consultivo do país sobre imunização. A agência examinou os dados científicos sobre comorbidades entre crianças, além do tamanho desse grupo vulnerável.

De acordo com os números do censo do país, 41% da população indiana, com seus mais de 1,3 bilhão de habitantes, é composta por menores de 18 anos. No mês de junho, uma pesquisa sorológica descobriu que a soroprevalência era de 55,7% na faixa etária abaixo de 18 anos e de 63,5% em adultos.

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'Cautelosos mas otimistas'

Embora as crianças tenham um risco baixo de sofrer efeitos significativos do coronavírus, a diminuição do número de infecções na população reduz as chances de propagação de variantes perigosas. Os pediatras indianos mantêm uma postura cautelosa, mas otimista, sobre a vacinação de menores.

No mês passado, vários estados indianos reabriram as escolas para certas faixas etárias. Após a devastação causada por uma segunda onda catastrófica do coronavírus, em abril e maio, que adoeceu dezenas de milhões e deixou centenas de milhares de mortos, a vida na Índia começou lentamente a voltar ao normal.

"Acredito que vacinar esta faixa etária é uma boa ideia. A vacina mostrou ser eficaz e oferecer proteção. Sabemos que crianças podem ser portadoras do vírus e infectar adultos e idosos", diz a pneumologista pediátrica Shally Awasthi, da King George's Medical University, de Lucknow.

Médicos apontam que os hospitais na Índia viram muitos casos de síndrome inflamatória multissistêmica (SIM-P) durante a segunda onda. A SIM-P é uma condição na qual diferentes partes do corpo ficam inflamadas, incluindo coração, pulmões, rins, cérebro, pele, olhos e órgãos gastrointestinais.

As crianças diagnosticadas com SIM-P também haviam contraído o coronavírus ou tido contato com infectados.

"É bom vacinar crianças, mas são necessárias boas pesquisas sobre vacinas, especialmente para menores de 10 anos e também para crianças com menos de 5 anos. Existe a possibilidade de que elas possam receber metade ou até mesmo um quarto de dose", diz a pediatra Promila Bhutani.

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Em prol do bem comum

"Nenhuma vacina ou medicamento é 100% seguro, e dados dos Estados Unidos mostram que o número de crianças afetadas é muito pequeno. Mas devemos olhar para o bem comum mais amplo que a vacinação pode trazer na prevenção de complicações", comenta um médico da força-tarefa da NTAGI.

Além da vacina de DNA da Zydus Cadila, a Índia está preparando outras vacinas pediátricas para imunizar o restante da população infantil.

O Serum Institute of India (SII), com sede em Pune, recebeu recentemente permissão para conduzir testes clínicos de fase 2 e 3 da Covovax, a versão indiana da vacina da empresa de biotecnologia americana Novavax, em crianças entre 7 e 11 anos.

A segunda e terceira fases dos ensaios, que começaram em agosto, incluem um total de 920 crianças: 40 na faixa de 12 a 17 anos, 230 na faixa de 7 a 11 anos e 230 de 2 a 6 anos.

A Bharat Biotech, por sua vez, concluiu os testes clínicos de fase 2 e 3 da Covaxin para uso em crianças com idades entre 2 e 18 anos.

A fabricante da vacina já enviou os dados do ensaio ao DCGI. O estudo foi realizado em seis locais, em todo o país.

"Teremos duas ou três opções para nossa população infantil e isso é um bom sinal", disse Arora.
 

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Atualmente, apenas adultos com mais de 18 anos podem receber a vacinação, de acordo com a campanha nacional de imunização. A situação na Índia tem melhorado continuamente desde a segunda onda. Nesta quarta-feira (06/10), o país registrou apenas 18.833 novas infecções nas últimas 24 horas, elevando o número total de casos de covid-19 para mais de 33,8 milhões, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

Mais de 915 milhões de doses únicas de uma vacina contra a covid-19 foram administradas até agora, com pelo menos 70% da população adulta do país parcialmente vacinada. Mais de 240 milhões de pessoas receberam as duas doses da vacina.