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"É a melhor Alemanha que já tivemos", diz Gauck

18 de janeiro de 2017

Após cinco anos no cargo, presidente afirma que país jamais foi tão democrático, mas alerta que estabilidade está ameaçada: "Projeto político e normativo do Ocidente estão sob fogo."

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Deutschland Abschiedsrede von Bundespräsident Gauck
Joachim Gauck em seu discurso de despedidaFoto: Reuters/H. Hanschke

Em seu último discurso como presidente, Joachim Gauck disse nesta quarta-feira (18/01), em Berlim, que vive na "melhor e mais democrática" Alemanha da história, mas fez um alerta de que a estabilidade do país e do Ocidente enfrenta ameaças.

Pastor luterano de 76 anos, com papel importante nos protestos na antiga Alemanha Oriental que levaram à queda do Muro, em 1989, Gauck chegou à presidência em março de 2012 e deixará o cargo em fevereiro. Seu provável sucessor é o atual ministro do Exterior, Frank-Walter Steinmeier

"Esta é – assim eu pensava na época e penso hoje – a melhor e mais democrática Alemanha que já tivemos", afirmou Gauck, no Palácio Bellevue. "Agora, após quase cinco anos, estou cada vez mais convencido de que perigos ameaçam essa Alemanha democrática e estável."

O presidente pediu coragem aos alemães para enfrentarem os desafios pela frente. Como exemplo, mencionou a crise da União Europeia, com o iminente Brexit, além do nacionalismo crescente e o frequente discurso de ódio em relação à imigração.

Segundo o presidente, é necessário fortalecer a Alemanha para o futuro. Sobretudo, disse ele, perante grupos que apresentam planos alternativos, mas nenhum programa coerente; que propagam a rejeição a estrangeiros e ao livre-comércio.

"Nós não podemos evitar nos colocarmos diante desse desafio: a democracia liberal e o projeto político e normativo do Ocidente estão sob fogo", afirmou Gauck.

Depois, ao tratar sobre o terrorismo, Gauck insistiu em um Estado forte: "O Estado de Direito perde quando se mostra fraco ou indefeso diante da violência e do terror", avaliou, acrescentando que uma vigilância maior não ameaça a democracia, e sim é uma exigência à sua proteção.

Na política internacional, Gauck afirmou que a Alemanha deverá assumir mais responsabilidades. "A julgar pelos desafios dos nossos tempos e por nossas oportunidades, podemos e devemos fazer muito mais", enfatizou. "Temos que fazer mais para, unidos, mantermos a ordem, prevenirmos conflitos, neutralizarmos crises e desencorajarmos adversários."

Gauck disse ainda que a Alemanha não pode se tornar uma "ilha" e citou a atual situação na Síria. "[É preciso avaliar] se perdemos a nossa credibilidade ao não nos posicionarmos contra os casos mais dramáticos de desumanidade, perseguição brutal e destruição de vidas humanas pelo mundo", afirmou.

O papel do presidente

Apesar de, como chefe de Estado, o presidente possuir algumas atribuições executivas, seu papel é quase apenas simbólico. A Lei Fundamental (Grundgesetz) lhe garante a competência de assinar acordos e tratados internacionais, mas a política externa cabe ao governo, chefiado pelo chanceler federal.

Da mesma forma, o presidente oficialmente nomeia e destitui ministros. No entanto, ele o faz sempre a pedido do chanceler federal, o qual também é indicado pelo presidente, porém sempre respeitando o desejo da maioria parlamentar. Seus atos executivos são, na prática, o cumprimento formal de decisões tomadas pelo Parlamento ou pelo governo.

Também cabe ao presidente a nomeação e exoneração de juízes federais, servidores públicos federais, oficiais e suboficiais das Forças Armadas (Bundeswehr). Ele igualmente decide a concessão de indulto a presidiários e sanciona as novas leis federais. Como chefe de Estado, recebe e credencia embaixadores.

O presidente não é eleito diretamente, mas por um colégio eleitoral, a Assembleia Nacional (Bundesversammlung), que se reúne exclusivamente para este fim. Metade dela é formada pelos deputados federais e a outra, por delegados escolhidos pelas assembleias legislativas dos 16 estados. O mandato presidencial é de cinco anos, sendo permitida uma única reeleição.

IP/epd/dpa/ots