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Zelenski demite ministro da Defesa da Ucrânia

3 de setembro de 2023

Oleksii Reznikov será substituído pelo ex-deputado Rustem Umerov, marcando uma das maiores mudanças na cúpula do país desde o início da guerra. Troca ocorre após desgaste provocado por acusações de corrupção na pasta.

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Zelenski e Reznikov
Reznikov (dir.) ocupava a chefia do Ministério da Defesa da Ucrânia desde 2021Foto: SERGEI SUPINSKY/AFP/Getty Images

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, anunciou neste domingo (03/09) que vai substituir o titular do Ministério da Defesa do país, marcando uma das mudanças mais significativas na cúpula do governo ucraniano desde o início da guerra de agressão da Rússia, em fevereiro do ano passado.

A permanência de Oleksii Reznikov, que ocupava a chefia do ministério desde 2021, vinha sendo alvo de especulações nas últimas semanas, após a eclosão de dois escândalos consecutivos envolvendo suspeitas de corrupção nas Forças Armadas.

Em um comunicado, Zelenski afirmou que Reznikov – que não foi oficialmente implicado nos escândalos – será substituído por Rustem Umerov, um ex-deputado e empresário de origem tártara. No ano passado, ele atuou na equipe ucraniana que negociou o acordo de grãos do Mar Negro com a Rússia, que contou com intermediação da Turquia.

A substituição ainda precisa ser aprovada pelo Parlamento da Ucrânia.

"Oleksii Reznikov passou por mais de 550 dias de guerra de grande escala", disse Zelensky no comunicado, divulgado no domingo à noite. "Acredito que o ministério precisa de novas abordagens e outros formatos de interação tanto com os militares como com a sociedade em geral", acrescentou.

"O Parlamento a Ucrânia conhece bem este homem, e o Sr. Umerov não precisa de mais apresentações", disse Zelenski, sobre seu novo indicado. "Espero que o parlamento apoie esta candidatura".

Trajetória e desgaste

Reznikov ainda não comentou a decisão. Desde o início da invasão russa, ele se tornou, ao lado de Zelenski, um dos rostos mais conhecidos da cúpula governamental ucraniana. Ele estava entre os membros do governo que permaneceram em Kiev no ano passado quando a cidade foi parcialmente cercada pelos invasores.

Como ministro, Reznikov também foi responsável por negociar grandes quantidades de material bélico transferidas por países ocidentais à Ucrânia.

No entanto, sua gestão também foi marcada por suspeitas de corrupção e má administração. Em janeiro, o então vice-ministro da Defesa, Vyacheslav Shapovalov, renunciou após denúncias de que ele teria supervisionado a compra de suprimentos alimentícios militares a preços superfaturados.

"O estresse que suportei este ano é difícil de medir com precisão. Não tenho vergonha de nada", disse Reznikov na época, acrescentando: "Minha consciência está absolutamente limpa".

Ao anunciar uma auditoria interna nas compras, ele admitiu que o departamento anticorrupção do ministério "falhou" no cumprimento do seu trabalho e precisava de ser "completamente reiniciado".

À época, a posição de Reznikov no governo ficou fragilizada, mas ele ainda conseguiu se manter no cargo. No entanto, novos escândalos surgiram.

Em agosto, foi a vez de Zelenski demitir todos os chefes regionais dos escritórios de recrutamento na Ucrânia. A onda de demissões foi impulsionada pelas inúmeras suspeitas de corrupção dentro dos quadros militares. Pouco antes, todos os escritórios de recrutamento militar em diferentes regiões do país haviam sido auditados.

De acordo com o Departamento de Investigações da Ucrânia, foram abertos 112 processos criminais contra representantes destes escritórios, 33 casos foram declarados suspeitos e ações judiciais estão sendo movidas contra 15 pessoas.

Nesta semana, um novo escândalo: a imprensa ucraniana apontou suspeitas de superfaturamento na compra de casacos militares de inverno de um fabricante na Turquia.

De acordo com o Índice de Perceção da Corrupção da Transparência Internacional, a Ucrânia ocupa o 116.º lugar entre 180 países acometidos por corrupção, mas esforços realizados nos últimos anos permitiram uma melhora na posição.

jps/rk (ots)