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Perda global de florestas atinge área maior que a Alemanha

13 de janeiro de 2021

Regiões ricas em biodiversidade cedem espaço para agricultura e pecuária, sendo que 29 locais na América do Sul, África e Sudeste Asiático são responsáveis por mais da metade da perda global desses ecossistemas.

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Regiões ricas em biodiversidade são utilizadas para abrir espaços para a pecuária e plantações. Clareira aberta na Amazônia colombiana.
Regiões ricas em biodiversidade são utilizadas para abrir espaços para a pecuária e plantações Foto: Raul Arboleda/AFP/Getty Images

Mais de 43 milhões de hectares de florestas – uma área maior do que a Alemanha – foram destruídos em pouco mais de uma década em apenas alguns dos locais mais atingidos pelo desflorestamento, informou a ONG ambientalista WWF. 

Amplas áreas de floresta continuam a ser devastadas todos os anos, principalmente em razão da agricultura em larga escala. Muitas regiões ricas em biodiversidade são utilizadas para abrir espaços para a pecuária e plantações.  

Os analistas da WWF revelaram que apenas 29 locais na América do Sul, África e Sudeste Asiático são responsáveis por mais da metade da perda global de florestas. 

O pantanal, a Amazônia brasileira e boliviana, juntamente com regiões da Argentina, Paraguai, Madagascar, além de Sumatra e Bornéu na Indonésia e Malásia, estão entre as regiões mais afetadas.

No cerrado brasileiro, que abriga 5% das espécies de animais e plantas do planeta, a terra vem sendo devastada com enorme rapidez para a produção de gado e soja, com perda de 32,8% da área de floresta entre 2004 e 2017.

Preservar florestas pode evitar futuras pandemias

O Painel Intergovernamental do Clima da ONU lançou um relatório inovador sobre o uso da terra em 2019, que relacionava uma série de ameaças iminentes do uso da terra. Naquele ano, segundo o painel, 75% de toda a superfície da Terra havia sido “gravemente degradada” pela atividade humana. 

Florestas são importantes consumidores de carbono e, juntamente com outras vegetações e solos, absorvem em torno de um terço da poluição de CO2 produzida anualmente pela humanidade. O desaparecimento rápido desses ecossistemas ameaça causar perdas irreparáveis à biodiversidade do planeta.   

Com o encolhimento dos habitats de várias espécies de animais selvagens, o risco de doenças zoonóticas infectarem os humanos é cada vez maior – como foi o caso da covid-19.

"Devemos lidar com o excesso no consumo e valorizar mais a saúde e a natureza, ao invés da atual ênfase preponderante no crescimento econômico e no lucro a qualquer custo”, afirmou a diretora de práticas florestais da WWF, Fran Raymond Price.

Ameaça aos povos indígenas

“O risco de novas doenças emergirem é maior nas regiões de floresta tropical que vivenciam a mudança do uso da terra”, afirmou. Ela alertou que se o desflorestamento não for contido rapidamente “poderemos perder a chance de evitar a próxima pandemia”.

A destruição dos ecossistemas gera também uma enorme ameaça aos povos indígenas que há séculos tiram seu sustento dos recursos das florestas.  

Ana Mota da Silva, membro da comunidade Mumbuca, do cerrado, onde a perda de florestas aumentou em 13% em 2020, teme pelo seu futuro. “Sabendo que os rios estão secando e que tantas árvores estão morrendo... vem a certeza de que meus filhos, primos e descendentes não verão o que eu vi”, lamentou, “O cerrado está sendo devastado e nós, junto com ele”.

Pesquisas recentes mostram que, acima de um determinado limite, o desflorestamento na bacia amazônica poderá transformar o clima na região, transformando florestas tropicais em savanas.

O WWF pede que as pessoas façam sua parte ao evitar produtos associados aos desflorestamento, como algumas carnes, sojas e óleos de palma. A entidade  também urge os governos a assegurarem os direitos dos povos indígenas e conservaem as regiões ricas em biodiversidade.

RC/afp/dpa