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Verdes avançam em meio à crise dos grandes partidos alemães

Austin Davis md
12 de outubro de 2018

Ambientalistas trocaram sandálias por ternos e se adaptaram aos novos tempos. Sondagens indicam que eleição na Baviera pode elevar Partido Verde a segunda força no tradicionalmente conservador estado do sul da Alemanha.

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Ludwig Hartmann e Katharina Schulze
Ludwig Hartmann e Katharina Schulze formam o duo de candidatos do Partido Verde na eleição da BavieraFoto: picture-alliance/SvenSimon

Enquanto analistas políticos e a mídia alemã prestavam atenção à ascensão dos populistas de direita da Alternativa para a Alemanha (AfD), um outro abalo político, bem mais silencioso, vinha ocorrendo do outro lado do espectro político.

Apesar de receber apenas 8,9% nas eleições gerais de 2017, o Partido Verde alemão está atualmente em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, tanto em nível nacional quanto na Baviera, onde uma eleição estadual importante acontece neste domingo (14/10).

Quando o partido entrou no Parlamento alemão pela primeira vez, em 1983, seu ambientalismo radical e sua aparência de recém-chegado de Woodstock chocaram um sistema político do pós-Guerra dominado por partidos tradicionais.

Trinta e cinco anos depois, os verdes amadureceram: trocaram as sandálias por ternos de corte justo e o ambientalismo radical por uma realpolitik focada em integração, inovação digital e coesão social.

"Não consideramos mais só soluções que são importantes para 5%, 6% ou 8% dos eleitores", disse à DW Priska Hinz, secretária de Meio Ambiente do estado de Hessen e colíder do Partido Verde no estado. "Em vez disso, posicionamos mais amplamente nossos tópicos e soluções, para que muitas pessoas possam ganhar com isso."

Segundo lugar na Baviera

"O aumento da popularidade dos ambientalistas é um atestado de aprovação à correção de curso implementada pelos atuais líderes do partido, Annalena Baerbock e Robert Habeck", avalia o professor de ciência política Gero Neugebauer, da Universidade Livre de Berlim.

Usando uma retórica que une a cultura tradicional alemã à conservação da natureza, Baerbock e Habeck, que lideram o partido desde janeiro de 2018, deram uma nova imagem à tendência nacionalista que atinge a Alemanha.

A dupla diversificou a plataforma do partido, defendendo a digitalização em indústrias tradicionais, como a agricultura, e o fortalecimento das forças policiais e agências de inteligência após uma onda de ataques terroristas nos últimos três anos.

Tais políticas, tradicionalmente conservadoras, mas agora com tonalidade verde, ajudaram os ambientalistas a fazerem seu primeiro governador, Winfried Kretschmann, eleito em Baden-Württemberg em 2011. Ele continua governando o estado em coalizão com a União Democrata Cristã (CDU), da chanceler federal Angela Merkel.

Presidentes do Partido Verde alemão, Annalena Baerbock e Robert Habeck
Presidentes do Partido Verde alemão, Annalena Baerbock e Robert Habeck: mudança de rumo adaptou legenda aos novos temposFoto: Reuters/H. Hanschke

Agora, os verdes estão tentando repetir esse sucesso na Baviera: uma pesquisa recente indicou que eles podem garantir até 19% dos votos neste domingo.

Se as pesquisas acertarem, a União Social Cristã (CSU) – partido-irmão da CDU, só existente na Baviera – não vai poder continuar governando sem ter os verdes como um parceiro de coalizão. Com uma exceção, a CSU governou o estado com maioria absoluta durante mais de 50 anos.

Fadiga

Mais do que qualquer outra coisa, no entanto, analistas ouvidos pela DW atribuem o sucesso dos verdes ao desgaste dos maiores partidos do país, a CDU/CSU e o Partido Social-Democrata (SPD).

Os eleitores estão cansados de Merkel, em seu quarto mandato consecutivo, até porque acreditam que o governo deu um passo maior que as pernas durante a crise dos refugiados de 2015, como ficou evidenciado na ascensão dos populistas de direita da AfD, agora a terceira maior bancada no Bundestag – e o maior partido de oposição no país.

Além disso tudo, o parceiro de coalizão em três mandatos de Merkel, o SPD, perdeu seu centro ideológico. Uma vez um partido socialista dos trabalhadores, o SPD fala hoje mais aos interesses da classe média. "Este é um reposicionamento que não combina com o foco declarado do partido nas políticas de justiça social", avalia o analista Olaf Boehnke, do Rasmussen Global, um think tank de Bruxelas.

O SPD tem agora apenas 16% da preferência do eleitorado, segundo pesquisa do Instituto Forsa – uma baixa histórica para um partido que obteve 40% dos votos há apenas 20 anos. "Eles perderam a confiança de que podem administrar o país", diz Boehnke. "Eles ainda estão no limbo."

"Grandes partidos não existem mais"

De um modo geral, os verdes são os maiores beneficiários do fim dos grandes partidos populares na Alemanha. Metade dos atuais eleitores do Partido Verde votaram no SPD e na CDU nas eleições parlamentares de 2017, segundo a pesquisa do Instituto Forsa.

"Mas isso não significa que os verdes estejam a caminho de se tornar um grande partido popular", pondera Neugebauer. "Não se fala mais em grandes partidos porque eles não existem mais", avalia.

Em vez disso, o sucesso dos verdes em se adaptar ao atual momento político vai posicioná-los como um parceiro de coligação natural para os tradicionais grandes partidos, que estão definhando – e como um contraponto político ao crescente sucesso da AfD.

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