1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

União Européia condena violência no Oriente Médio

(as)15 de março de 2006

Os conflitos no Oriente Médio foram debatidos no Parlamento Europeu e condenados por várias instâncias da UE. Imprensa alemã credita intenções eleitoreiras à invasão de prisão palestina por forças israelenses.

https://p.dw.com/p/87Jn
Ataques palestinos contra instalações européias também são criticadosFoto: AP

Na agenda do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, estava marcado para esta quarta-feira (15/03) um discurso do presidente palestino, Mahmoud Abbas. Os conflitos nos territórios autônomos palestinos e a invasão de uma prisão em Jericó por forças israelenses fizeram com que Abbas interrompesse sua viagem.

Josep Borrell, presidente do Parlamento, criticou severamente a ação militar de Israel, apontando a invasão da prisão como ilegal e desnecessária. "Nós nos perguntamos como as terríveis imagens, veiculadas pela televisão, podem contribuir para a segurança de Israel. A União Européia vai ter que pagar agora por uma nova prisão, da mesma forma como teve que pagar por outras coisas que foram destruídas", concluiu Borrell.

Jose Manuel Barroso EU Pressekonferenz in Brüssel
José Manuel Durão BarrosoFoto: AP

O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, fez um apelo ao lado palestino e afirmou que a UE poderá suspender a ajuda financeira aos territórios autônomos, caso não haja um cessar da violência. "Ninguém auxiliou tanto os palestinos quanto a UE. E pretendemos continuar ajudando. Por isso faço um apelo explícito para que deixem de lado todo tipo de ataque a organismos da União Européia ou de seus países-membros".

Proximidade das eleições

Os conflitos, ocorridos a apenas duas semanas das eleições gerais israelenses, também não escaparam à atenção de analistas da imprensa alemã. "Missão militar como comercial eleitoral", afirma um analista do diário Süddeutsche Zeitung.

"A ação militar aconteceu pouco antes da eleição parlamentar israelense, o que faz com que ela deva ser interpretada como autopromoção do primeiro-ministro em exercício, Ehud Olmert", escreve o comentarista do jornal. Segundo ele, o "sucessor sem carisma de Ariel Sharon quer incorporar a reputação de linha dura e pai da nação" do seu antecessor.

Críticas a Abbas

Supporters from Popular Front Liberation of Palestine
Militantes da FPLP atacam prédio da União Européia na Faixa de GazaFoto: AP

Já o jornal conservador Frankfurter Allgemeine Zeitung observou que a resposta palestina à invasão israelense levou a ataques violentos contra pessoas e instalações estrangeiras num nível como há tempos não se via, lembrando que colaboradores de organizações humanitárias foram seqüestrados e instituições culturais e um comitê da Cruz Vermelha foram atingidos.

"Pode-se fazer objeções ao ataque a uma prisão palestina por Israel, mas o que os europeus têm que ver com isso?", perguntou Jacques Schuster, articulista de outro importante jornal conservador, o Die Welt, numa referência ao seqüestro de cidadãos europeus pelos palestinos.

Segundo ele, a ministra das Relações Exteriores de Israel, Tzipi Livni, tem razão: "O presidente palestino, Mahmud Abbas, é irrelevante". Já o Frankfurter Allgemeine Zeitung escreveu que "o fraco presidente Abbas ficou ainda mais fraco depois da vitória do Hamas nas urnas".

Retirada de observadores estrangeiros

O governo de Israel justificou a invasão afirmando que os palestinos estavam perto de libertar o secretário-geral da Frente Popular para Libertação da Palestina (FPLP), Ahmed Saadat, detido em Jericó. Ele estava sob a vigilância de soldados britânicos e americanos, que deixaram o local pouco antes da invasão. Saadat é acusado da morte do ex-ministro israelense do Turismo, Rehvam Zeevi.

"O problema é que as lideranças palestinas disseram publicamente que essas pessoas seriam libertadas. Além disso, as lideranças palestinas precipitaram uma situação que obrigou os observadores estrangeiros a se retirar. A nossa ação teve como objetivo impedir que esses presos fossem libertados", afirmou o porta-voz do Ministério israelense das Relações Exteriores, Mark Regev.

EU-Außenminister-Treffen Newport - Jack Straw
Jack Straw: ministro britânico do ExteriorFoto: dpa - Bildfunk

O comportamento de britânicos e americanos causou indignação entre os palestinos. O secretário-geral da Liga Árabe, Amre Mussa, afirmou que a retirada dos observadores internacionais antes da ação de Israel deixa no ar a suspeita de uma ação coordenada.

Em resposta, o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Jack Straw, afirmou que os observadores foram retirados devido às crescentes ameaças à sua segurança.