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Universidade a serviço da Guerra Santa

(ef)15 de novembro de 2002

Universidades alemãs estão na mira do serviço secreto, sob suspeita de serem usadas por grupos extremistas islâmicos, para propagar seu ódio aos EUA e Israel e pregar a Guerra Santa.

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Islâmicos oram em Berlim durante RamadãFoto: AP

O debate no antigo restaurante da Universidade Livre de Berlim, promovido por um grupo de faculdades de Ciências Humanas e Naturais, denominado Aqida, não parecia conspirativo. O tema, altamente atual, era sobre as conseqüências de uma possível guerra no Iraque. Mas o caráter do simpósio foi muito além disso. Observadores relataram depois sobre um tom extremamente antiamericano e islâmico.

A Aqida entrou num fogo cruzado de críticas, nesse meio tempo, ante o agravante de que é ligada à associação islâmica Hitzb ut-Tahrir. Este grupo dominado por palestinos é predisposto à violência e propaga a Guerra Santa, segundo o serviço secreto alemão.

O incidente na Universidade Livre de Berlim não seria tão grave se o piloto Mohammed Atta, que chocou um avião numa das torres gêmeas do World Trade Center, não tivesse estudado pouco antes na Faculdade Técnica de Hamburgo e se outros jovens árabes residentes na Alemanha não estivessem envolvidos no maior ato terrorista de todos os tempos aos Estados Unidos.

Estado islâmico

O encontro foi em 27 de outubro, mas só chegou ao conhecimento público, aos poucos, esta semana. A diretora do serviço secreto de Berlim, Claudia Schmid, esclareceu que a Hitzb ut-Tahrir é classificada como extremista e estava sob vigilância. "Sabemos que a Hitzb ut-Tahrir tornou-se muito ativa nos últimos tempos e, além das universidades, usa mesquitas e feiras para propagar suas metas", disse Schmid.

A organização islâmica foi fundada por palestinos, em 1952, no Leste de Jerusalém. Além dos territórios palestinos, ela conta atualmente com milhares de membros na Jordânia, Líbano, Síria, Kuweit, Uzbequistão e Turquia. Sua meta é fundar um Califado, um Estado para todos os islâmicos do mundo. Numa batida policial em toda a Alemanha, nesta semana, foram detidos 25 membros da Hitzb ut-Tahrir, que estavam sendo vigiados há mais de um ano.

Alianças estranhas

O encontro em Berlim serviu também para revelar alianças estranhas. Entre os participantes, encontravam-se funcionários do Partido Nacional Democrata (NPD), de extrema-direita, cuja extinção está sendo examinada pelo Tribunal Federal Constitucional a pedido do governo e do Legislativo alemães. Na ocasião, o presidente do partido, Udo Voigt, não fez segredo do seu ódio aos Estados Unidos: "Os inimigos de Israel são também aliados do NPD".

O NPD prega o anti-semitismo, o racismo e a xenofobia. A reitoria da Universidade Livre de Berlim apontou a liberdade de expressão para defender-se das críticas por ter alugado o velho restaurante para o encontro. Mas, ao mesmo tempo, decidiu não ceder mais espaço para grupos, como a Aqida, para que a universidade não sirva de base para extremistas islâmicos e radicais de direita alemães.