UE lança plano de combate às drogas
19 de março de 2005A Comissão Européia, órgão executivo da UE, acaba de lançar um plano de ação para tornar mais eficiente sua política antidrogas. O objetivo é estreitar a cooperação entre os 25 países-membros do bloco para reprimir o tráfico e oferecer novas perspectivas de vida aos drogados.
Um exemplo de reintegração de ex-drogados no mercado de trabalho é a lanchonete Pauke, em Bonn. Aparentemente, é uma lanchonete como qualquer outra na ex-capital alemã, com uma diferença: todos os funcionários, do cozinheiro aos garçons, já foram dependentes de drogas.
Segundo Karl-Heinz Bitzer, que presta assistência ambulante a drogados na Pauke, aumenta o número dos que querem largar o vício. "Para uma terapia ambulatorial, o tempo de espera por uma vaga chega a seis meses", diz.
Os programas de terapia e emprego como o que pratica a associação Pauke são parte central do plano antidrogas da UE para o período de 2005 a 2008. A Comissão Européia faz um apelo aos países-membros para ampliarem suas campanhas de esclarecimento e programas de reabilitação de drogados.
Cerco aos traficantes
Além disso, a UE pede uma cooperação mais estreita entre as polícias nacionais para fechar o cerco aos traficantes, o que em parte já acontece. No começo deste mês, por exemplo, uma ação conjunta das polícias alemã e holandesa levou ao desbaratamento de uma quadrilha de traficantes que levou 27 quilos de cocaína a Mönchengladbach. Estão sendo investigadas ainda 20 pessoas, as chamadas mulas, que transportavam a droga entre o Brasil e a Alemanha.
Segundo um relatório publicado em Lisboa em 2004, caiu o número de europeus que morreram em conseqüência do consumo de drogas, mas ainda há dois milhões de viciados na União Européia.
Um dos autores do relatório, Roland Simon, diz que o plano de ação da UE é um passo na direção certa, embora não seja muito concreto. "Ele tenta tornar a prevenção mais acessível, sobretudo para os consumidores iniciantes, que ainda não afundaram totalmente nas drogas. Tudo depende agora da forma como esse plano será executado", diz.
Dependência é considerada doença
Lamentavelmente, acrescenta Simon, a UE só financia projetos que pressupõem uma cooperação internacional entre países do bloco. Projetos como a lanchonete Pauke, por exemplo, dependem de recursos nacionais ou até municipais.
"Apesar disso, o plano faz sentido, porque indica um rumo comum para atacar o problema", diz Simon. Segundo ele, os drogados passam a ser vistos mais como doentes do que como criminosos. Em vez de prendê-los, a UE sugere medidas que lhes permitam a reintegração na sociedade.