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Ucrânia poderá empregar armas alemãs contra território russo

31 de maio de 2024

Seguindo exemplo dos EUA, Berlim permite a ucranianos atacarem zonas de fronteira com armas que forneceu, para se defenderem. Até então, contraofensivas com equipamento ocidental eram tabu, por temor de uma escalada.

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Bombeiros rescaldam alvo de ofensiva russa na cidade de Mala Danylivka, na Ucrânia
Novo front russo em região fronteiriça de Kharkiv força Ocidente a repensar política de apoio à UcrâniaFoto: Sergey Kolzlov/EPA

A Alemanha deu à Ucrânia carta branca para usar as armas que forneceu na defesa da metrópole de Kharkiv contra a Rússia: agora, as Forças Armadas ucranianas poderão também utilizá-las contra o território do país agressor, para se defender de ataques. Até então vigoravam limitações estritas quanto ao emprego desses armamentos em contraofensivas, por temor de provocar unilateralmente uma escalada no conflito.

"Nas últimas semanas, a Rússia preparou, coordenou e realizou ofensivas, sobretudo contra a província de Kharkiv, a partir de suas regiões na fronteira imediata [com a Ucrânia]", explicou nesta sexta-feira (31/05) o porta-voz do governo, Steffen Hebestreit. Após deliberar com seus aliados mais próximos, "chegamos conjuntamente à conclusão de que a Ucrânia tem o direito garantido pelo direito internacional de se defender contra esses ataques".

"Para tal, ela pode também empregar as armas fornecidas para esse fim, em consonância com suas obrigações legais internacionais, inclusive as fornecidas por nós." Embora o representante da Alemanha não tenha explicitado quais armas ficam liberadas, entram em questão o obuseiro PzH 2000 e o lançador múltiplo de foguetes Mars II, devido a seu alcance.

No âmbito da guerra de agressão iniciada em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia abriu recentemente uma terceira frente de combate na região de Kharkiv, nordeste da Ucrânia, e vem bombardeando constantemente a capital regional homônima a partir de seu território.

Ao suspender algumas restrições ao emprego de armamentos que forneceu aos ucranianos, a Alemanha segue o exemplo recente dos Estados Unidose da França. O anúncio de Berlim foi saudado por políticos nacionais de diversas alas.

"Neste momento não se pode ser previsível"

Na manhã desta sexta-feira, antes de se reunir em Praga com seus homólogos dos demais Estados-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, defendera que a Ucrânia possa usar armas ocidentais contra posições russas atrás da fronteira.

Segundo a política verde, Kiev precisa fazer tudo para proteger a população de Kharkiv. Ninguém tem a intenção de agredir a Rússia, porém esta vem permanentemente atacando a Ucrânia de forma ilegal, observou; além disso não é sensato discutir em público cada detalhe da estratégia de guerra.

Na terça-feira, o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, declarara: "Do ponto de vista do direito internacional, a Ucrânia tem todas as possibilidades para fazer o que faz." Por outro lado, no Congresso Católico na cidade de Erfurt, nesta sexta, o chefe de governo alertou contra o perigo de que a guerra na Ucrânia se transforme numa guerra da Rússia contra a Otan.

A presidente da comissão de defesa do Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão), Marie-Agnes Strack-Zimmermann, criticou o fato de o apoio do Ocidente à Ucrânia ser, no momento, excessivamente previsível e "nos tempos atuais não se pode ser previsível".

Ela disse esperar que a atual dinâmica reavive a discussão sobre o fornecimento aos ucranianos de mísseis de cruzeiro alemães do tipo Taurus. Seu otimismo a esse respeito é moderado, mas, como demonstra o caso de Kharkiv, a situação muda constantemente, frisou Zimmermann.

av/cn (Reuters, AFP, EPD)