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Ucrânia acusa Rússia de planejar desligamento de Zaporíjia

19 de agosto de 2022

Kiev diz que russos se preparam para desligar os blocos ainda em funcionamento da usina e então desconectá-la da rede elétrica da Ucrânia. Chefe da ONU rechaça ideia e afirma que energia gerada em Zaporíjia é ucraniana.

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As duas torres de resfriamento da Usina nuclear de Zaporíjia, na Ucrânia
Usina nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa, foi capturada pelas forças russas em marçoFoto: Dmytro Smolyenko/Ukrinform/IMAGO

A agência nuclear estatal ucraniana Energoatom alertou nesta sexta-feira (19/08) que a Rússia estaria planejando uma "provocação em larga escala" na usina nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa.

Segundo a agência, forças russas estariam se preparando para desligar os blocos de energia que ainda estão em funcionamento na usina, para então desconectá-la da rede energética ucraniana.

"Há informações de que as forças de ocupação russas planejam desligar os blocos de energia e desconectá-los das redes de abastecimento no futuro próximo", afirmou a Energoatom, em nota.

"Os militares russos procuram combustível para abastecer os geradores a diesel, que devem ser acionados após o fechamento das unidades de energia com a ausência do abastecimento externo de energia para os sistemas de resfriamento."

Na semana passada, a Energoatom já havia afirmado que os russos planejariam desviar a eletricidade gerada em Zaporíjia para a Península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.

O desligamento da usina geraria problemas graves para o abastecimento energético do país, especialmente na região sul. A Ucrânia já antecipa a chegada do inverno mais difícil desde sua independência, e já se prepara para uma possível escassez de energia.

A maior usina nuclear da Europa foi capturada pelas forças russas em março, mas o local ainda é operado por técnicos ucranianos.

Somente dois dos seis reatores da usina – de um total de 15 reatores em todo o país – estão funcionando com capacidade total. Zaporíjia é capaz de gerar energia para abastecer até 4 milhões de residências.

Temores de desastre nuclear

Combates entre forças ucranianas e russas nas proximidades da usina ainda geraram temores quanto a possibilidade de um desastre nuclear comparável ao de Chernobyl.

Na quinta-feira, a preocupação aumentou depois que o serviço de inteligência militar da Ucrânia alertou sobre uma possível operação russa na usina nesta sexta, depois que os trabalhadores foram instruídos a ficar em casa.

Por ordem dos ocupantes russos, apenas a equipe de operação foi autorizada a permanecer no local, enquanto todos os outros teriam sido proibidos de entrar, afimou Kiev.

Mas as acusações vêm de ambos os lados. Recentemente, Moscou também acusou a Ucrânia de estar preparando uma "provocação" na usina de Zaporíjia.

ONU: "Energia é ucraniana"

Em meio aos rumores sobre o possível desligamento da usina, o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo para que o local não seja desconectado da rede energética ucraniana. 

"Obviamente, a eletricidade de Zaporíjia é ucraniana [...] Esse princípio deve ser totalmente respeitado", afirmou Guterres durante uma visita ao porto de Odessa, no sul da Ucrânia.

O chefe das Nações Unidas já havia chamado atenção para a situação após um encontro com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, na quinta-feira em Lviv, no oeste do país.

Na ocasião, ele disse estar "gravemente preocupado" com a questão e alertou que qualquer dano a Zaporíjia seria suicídio. "A área precisa ser desmilitarizada. Devemos dizer as coisas como elas são: qualquer dano potencial a Zaporíjia é suicídio", afirmou Guterres.

"Não devemos poupar esforços para garantir que as instalações ou arredores da central não sejam alvo de operações militares. Equipamentos e pessoal militar devem ser retirados da central", exortou.

rc (Reuters, AFP)