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Ucrânia se prepara para enfrentar ofensiva pesada no leste

10 de abril de 2022

Rússia estaria se preparando para tomar regiões separatistas. Na região da capital, são encontrados mais de 1.200 cadáveres. Procuradora-geral ucraniana define Putin como "maior criminoso de guerra do século 21".

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Fumaça negra sobre cidade à distância
Fumaça negra sobre Rubizhne, província de Lugansk, na região do DonbasFoto: Fadel Senna/AFP/Getty Images

Autoridades de Kiev anunciaram neste domingo (10/04) que o exército ucraniano se prepara para "grandes batalhas" contra as forças russas no Donbass, no leste da Ucrânia, onde Moscou controla dois territórios separatistas. A evacuação da região foi retomada neste sábado a partir da cidade de Kramatorsk, palco de ataque recente com míssil que matou mais de 50 civis.

Segundo analistas, a ofensiva em grande escala pode se iniciar nos próximos dias. Muitos questionam a capacidade das tropas russas, desfalcadas e desmoralizadas, de conquistar muito terreno, depois de os motivados combatentes ucranianos terem repelido sua tentativa de tomar a capital, Kiev.

O consultor do presidente Zelenski, Mykhaylo Podolyak, enfatizou que a Ucrânia precisa derrotar o invasor na região leste, antes que se possa realizar um encontro entre os chefes de Estado dos dois países.

1.200 mortos na região de Kiev

Centenas de corpos foram descobertos em torno da capital ucraniana, parcialmente ocupada há várias semanas por forças russas: "Até o momento, só nesta manhã de domingo, temos 1.222 mortos na região de Kiev", disse a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, em entrevista ao canal britânico Sky News.

Sem especificar se os corpos descobertos eram exclusivamente de civis, admitiu que possa haver muitos outros cadáveres ainda não recolhidos e avaliados. Ela também mencionou que 5.600 inquéritos por supostos crimes de guerra já foram abertos desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.

Há uma semana, a alta funcionária havia quantificado 410 civis mortos nos territórios libertados da região de Kiev. Só em Bucha, a noroeste da capital, cerca de 300 vítimas estavam enterradas em valas comuns, de acordo com relatório das autoridades ucranianas de 2 de abril. A cidade se tornou um símbolo das atrocidades da guerra na Ucrânia.

Após as revelações, o presidente ucraniano Volodimir Zelenski anunciou a criação de um "mecanismo especial" para "investigar e processar todos os crimes dos ocupadores", que funcionaria com base no "trabalho conjunto de especialistas nacionais e internacionais".

"Esse mecanismo ajudará a Ucrânia e o mundo a levar à justiça que iniciaram ou participaram de alguma forma nesta terrível guerra e crimes contra o povo ucraniano", prometeu o chefe de Estado.

Funcionário iça bandeira da Ucrânia na prefeitura de Bucha
Funcionário iça bandeira da Ucrânia na prefeitura de BuchaFoto: Ronaldo Schemidt/AFP/Getty Images

"Principal criminoso de guerra do século 21"

Na entrevista à Sky News, após aludir a 5.600 inquéritos em curso envolvendo 500 possíveis criminosos de guerra russos, Iryna Venediktova disse considerar o presidente da Rússia, Vladimir Putin, "o principal criminoso de guerra do século 21".

A procuradora-geral ucraniana disse ter provas de que a Rússia esteve por trás do ataque com um míssil contra a estação ferroviária de Kramatorsk, no leste da Ucrânia, que na sexta-feira matou 52 civis, inclusive cinco crianças.

Segundo os dados mais recentes da ONU, a "operação militar especial" na Ucrânia (na terminologia do Kremlin), ordenada por Putin em 24 de fevereiro, matou até agora pelo menos 1.626 civis, incluindo 132 crianças, e feriu 2.267, sendo 197 menores. A organização ressalva que o número real de vítimas pode ser muito maior.

Além disso, a guerra de agressão já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de cidadãos, dos quais 4,4 milhões para países vizinhos. A invasão é condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com o envio de armamento para a Ucrânia e sucessivos pacotes de sanções econômicas e políticas contra a Rússia.

av (Lusa,AFP,AP)