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Trump suspende negociação de pacote de estímulo econômico

7 de outubro de 2020

Medidas em negociação com os democratas visavam auxiliar famílias e empresas afetadas pela crise gerada pela pandemia. Presidente adia decisão para depois da eleição.

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Donald Trump
Trump pediu que republicanos concentrem esforços para confirmar a indicação da juíza Amy Vivian Coney Barrett para a Suprema Corte Foto: Erin Scott/Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspendeu abruptamente nesta terça-feira (06/10) as negociações com os democratas sobre um pacote adicional de estímulo econômico para ajudar famílias e empresas afetadas pela pandemia de covid-19, apesar dos alertas do Banco Central dos EUA – Federal Reserve, ou Fed – sobre a deterioração da economia.

"Pedi aos meus representantes que parassem de negociar até depois das eleições", anunciou Trump em sua conta no Twitter, acusando a líder democrata Nancy Pelosi de não negociar de boa fé. "Assim que eu ganhar, votaremos um grande plano de ajuda que vai se concentrar nos trabalhadores e nas pequenas empresas americanas", acrescentou.

Com a suspensão, as negociações do pacote econômico foram adiadas para depois da eleição presidencial, marcada para 3 de novembro. Trump afirmou ainda que pediu ao líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell, que concentre os esforços para confirmar a indicação da juíza Amy Coney Barrett para a Suprema Corte dos EUA antes do pleito – contrariando a tradição de evitar a avaliação de um indicado ao tribunal durante um ano eleitoral.

A ultraconservadora Barrett foi indicada rapidamente por Trump à Suprema Corte poucos dias após a morte de Ruth Bader Ginsburg. O presidente espera que a nomeação sirva para galvanizar seus apoiadores diante do avanço do democrata Joe Biden nas intenções de voto. A nomeação também garante aos conservadores na Suprema Corte uma maioria de 6 a 3.

Suspensão pode frear recuperação econômica

A decisão de suspender as negociações sobre o pacote econômico teve impacto imediato em Wall Street, com muitos economistas e especialistas alertando que a ausência de um novo impulso governamental poderá desacelerar a recuperação econômica. O presidente do Fed, Jerome Powell, já havia advertido que um fracasso das negociações "levaria a uma recuperação fraca e criaria dificuldades desnecessárias para famílias e empresas".

O governo Trump e os democratas eleitos no Congresso começaram há mais de dois meses a negociar uma nova ajuda para os 12,6 milhões de americanos desempregados e para as famílias de baixa renda, assim como para empresas devastadas pela crise gerada pela pandemia. Em março, o país havia aprovado um gigantesco pacote de estímulo de mais de 2 trilhões de dólares.

Os democratas previam cerca de 2,2 trilhões de dólares em novos gastos. O governo, porém, queria limitar o novo pacote em 1,6 trilhão de dólares.

Depois de suspender as negociações, Trump pediu aos parlamentares que concordassem com medidas mais limitadas e solicitou ao Congresso que aprove separadamente alguma lei que preveja o repasse de um auxílio de 1.200 dólares para famílias americanas.

A decisão provocou críticas de democratas e republicanos. Biden afirmou que isso mostra que o presidente não se importa com desempregados e pequenos empresários. "O presidente virou as costas para você", escreveu o democrata em sua conta no Twitter. Já a senadora republicana Susan Collins chamou a suspensão de "grande erro".

A manobra de Trump pode minar suas chances de reeleição e ocorrem num momento de turbulência de sua campanha. Infectado com covid-19, o presidente está em quarentena na Casa Branca, e as últimas pesquisas de opinião mostram que Biden abriu uma vantagem de mais de dez pontos percentuais sobre o republicano.

CN/lusa/ap/dw