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Trump anuncia perdão póstumo a sufragista condenada em 1872

19 de agosto de 2020

Em evento pelos 100 anos do sufrágio feminino nos EUA, presidente americano promete perdoar ativista Susan B. Anthony, ícone do direito das mulheres condenada por votar ilegalmente.

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Retrato da ativista dos direitos femininos Susan B. Anthony
Ativista dos direitos das mulheres Susan B. Anthony em 1820Foto: picture-alliance/dpa

Em ocasião do centenário do voto feminino nos Estados Unidos, o presidente americano, Donald Trump, prometeu nesta quarta-feira (18/08) conceder perdão a Susan B. Anthony (1820-1906), ativista dos direitos das mulheres e ícone do abolicionismo condenada em 1872 por violar as leis que só permitiam que os homens votassem.

"Assinarei um perdão total e completo para Susan B. Anthony. Ela nunca foi perdoada. Porque demorou tanto tempo?", questionou Donald Trump durante um evento na Casa Branca em comemoração dos 100 anos da ratificação da 19ª Emenda, que reconheceu o direito de voto às mulheres.

Postulando que "o direito dos cidadãos dos Estados Unidos de votar não deve ser negado ou abreviado pelos Estados Unidos ou por qualquer Estado, devido ao sexo", ela foi aprovada pelo Congresso em 1919, e ratificada em 18 de agosto de 1920.

Segundo Trump, essa "foi uma vitória monumental para a igualdade e a justiça e uma vitória monumental" para o país. "As mulheres dominam os EUA. Posso dizer isso com muita firmeza", acrescentou, recordando que dos 535 membros do Congresso, 131 são mulheres. Ele também chamou atenção para o fato de que quase 70 milhões de mulheres votam nas eleições, que também são mais da metade dos alunos nas universidades, enquanto milhões são donas de pequenas empresas.

Trump, que enfrenta uma campanha acirrada para tentar se reeleger em novembro, tem intensificado a participação em eventos voltados para as mulheres nas últimas semanas. A 76 dias das eleições presidenciais, todas as sondagens mostram que o candidato democrata, Joe Biden, está à frente de Trump, e que essa preferência é ainda mais notória no eleitorado feminino.

"Perdoá-la é validar o julgamento"

Deborah L. Hughes, presidente do Museu e Casa Nacional Susan B. Anthony na cidade de Rochester, onde a ativista morreu em 1906, vê o anúncio de Trump com olhar crítico. "Perdoá-la é validar o julgamento, e ela não aceitaria essa ideia de forma alguma."

Para Hughes, a pergunta a ser feita neste centenário é como Anthony gostaria que a data fosse marcada. "Ela seria a primeira a dizer que se algum presidente quisesse homenageá-la, a melhor maneira de fazer isso é garantir que não haja supressão de eleitores em nenhum lugar dos Estados Unidos."

Susan B. Anthony, nascida numa família "quaker" do Estado de Massachusetts, envolveu-se aos 17 anos na luta pelo abolicionismo e, em 1863, fundou a Liga Nacional das Mulheres, que realizou a maior campanha da história dos EUA, até então, ao recolher quase 400 mil assinaturas em apoio à abolição da escravatura.

Um ano após a emancipação dos escravos, em 1866, Anthony lançou a Associação Norte-Americana para a Igualdade de Direitos e a campanha pelo direito de voto das mulheres e afro-americanos recentemente libertados da escravidão.

Sua tática, audaciosa para a época, consistiu em instigar as mulheres a se apresentarem para votar no dia das eleições e, caso vissem seu direito de voto negado, iniciassem ações judiciais por violação dos direitos de cidadania.

Por essa prática, Anthony foi detida em 1872, sob acusação de voto ilegal, e após um julgamento que alcançou a notoriedade internacional, foi condenada a pagar uma multa de 100 dólares. Apesar de a ativista se recusar a pagar um centavo da multa, as autoridades resolveram não adotar qualquer ação contra ela.

IP/lusa/afp/ap/rts

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