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Tribunal francês condena três homens por ataque antissemita

7 de julho de 2018

Trio agrediu casal e estuprou mulher durante um assalto em 2014. Segundo promotoria, vítimas foram escolhidas por causa da religião. "Judeus não guardam dinheiro no banco”, disse um dos criminosos durante ataque.

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Frankreich Häuser in Creteil
Conjunto de apartamentos em Creteil, o subúrbio de Paris onde o casal de judeus foi atacado pelo trio condenado nesta sexta-feira. Foto: Getty Images/AFP/M. Bureau

Um tribunal francês condenou na sexta-feira (06/07) três homens que cometeram um ataque antissemita que provocou ultraje no país em dezembro de 2014.

Na ocasião, eles invadiram um apartamento em Creteil, um subúrbio de Paris, e atacaram um casal de jovens judeus que estava no local. Eles roubaram o casal e estupraram a mulher.

Dois dos acusados, Abdou Salam Koita, de 26 anos, e Ladje Haidara, 23, estavam no tribunal quando o veredicto foi divulgado. Eles foram presos pouco depois do crime.

Já Houssame Hatri, de 22 anos, que gritou insultos antissemitas durante o ataque e chegou a dizer às vítimas que elas deveriam ser "mortas com gás”, continua foragido. Ele foi condenado in absentia.

O trio foi sentenciando a penas de prisão que variam entre oito e 16 anos pelo tribunal de Val-de-Marn.

Durante o ataque, os três amarraram e amordaçaram suas vítimas antes de revirarem o apartamento em busca de dinheiro, joias e cartões bancários. Segundo a acusação, eles escolheram as vítimas por causa da sua religião. "Judeus não guardam dinheiro no banco", disse um deles durante o ataque.

Durante o crime, o acusado Hatri também disse que estava cometendo o roubo em nome de "meus irmãos na Palestina".

A advogada de defesa dos acusados, Marie Dose, negou que seus clientes fossem antissemitas, afirmando que eles eram apenas "ignorantes". A promotoria, no entanto, refutou essa defesa e questionou um dos acusados sobre incidentes que ocorreram desde a sua prisão. "A diretora da prisão é judia, ela me conhece por causa desse caso”, disse. Quando perguntando como sabia qual é a religião da diretora, ele respondeu: "Posso ver isso nos olhos dela”.

As vítimas

Jonathan e Laurine, as vítimas do ataque, ambas hoje com 23 anos, estavam na casa dos pais de Jonathan quando o ataque aconteceu. O trio de criminosos tocou a campainha. Laurine abriu a porta e os homens entraram, ameaçando o casal com uma arma. "Onde está o dinheiro? Judeus não guardam dinheiro no banco”, disse um deles. Um dos criminosos também disse "sabemos que seu pai é judeu”.

Durante o julgamento, Jonathan relatou os efeitos que o crime teve sobre ele e Laurine. Durante o crime, a jovem, que tinha apenas 19 anos, foi estuprada. Segundo Jonathan, a vida dele entrou em colapso desde então. "Você nunca se sente seguro, nunca. Depois disso, perdi meu emprego, vi psiquiatras. Ainda tenho pesadelos. É isso que quero dizer aos acusados: eles atacaram pessoas que tinham a mesma idade que eles e arruinaram suas vidas”.

Desde então, Laurine e Jonathan se separaram. "Nós não sabíamos mais falar com o outro. Apenas uma palavra frequentemente trazia todo o incidente à tona”, contou.

À época, o crime provocou ultraje na França. O governo francês anunciou pouco depois que o combate  ao antissemitismo era uma "causa nacional". A França tem a maior comunidade judaica da Europa, mas ataques e crimes contra judeus no país têm levado vários membros a deixar o país.

Recentemente, outro crime similar chocou o país. Em março, Mireille Knoll, uma sobrevivente do Holocausto de 85 anos foi assassinada por dois jovens que entraram em seu apartamento. Um dos acusados contou que seu comparsa gritou "Allahu Akbar" quando esfaqueou a vítima.

JPS/ots

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