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ConflitosAfeganistão

Talibã diz que não aceita ampliar prazo para retiradas

23 de agosto de 2021

Islamistas alertam para "consequências", caso países ocidentais não concluam operações até 31 de agosto, e dizem que o contrário seria “prolongar a ocupação”. Governos europeus pedem mais tempo, em meio ao caos em Cabul.

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Interior de um avião Airbus A400M da Bundeswehr lotado de pessoas que fogem do Afeganistão. Países da Europa pedem ampliação do prazo para a retirada de civis de Cabul
Países da Europa pedem ampliação do prazo para a retirada de civis de CabulFoto: Marc Tessensohn/Bundeswehr/dpa/picture alliance

Enquanto permanece o caos no aeroporto de Cabul, com milhares de pessoas tentando desesperadamente deixar o país após a tomada de poder pelo Talibã, os islamistas alertaram nesta segunda-feira (23/08) que haverá "consequências" se as tropas dos Estados Unidos e seus aliados ampliarem sua permanência em solo afegão além do prazo determinado.

Após a retirada das tropas ocidentais no Afeganistão há alguma semanas, milhares de soldados foram enviados de volta ao país centro-asiático para ajudar e fornecer segurança à retirada de estrangeiros e afegãos que tentam escapar do jugo islamista.

Washington está cada vez mais sob pressão para prolongar as evacuações para além de 31 de agosto, quando se encerra o prazo final estipulado pelos próprios americanos.

O Talibã, por sua vez, demonstra que não tem a intenção de fazer concessões. O porta-voz do grupo Suhail Shaheen afirmou à emissora britânica Sky News que a permanência além do prazo significaria "prolongar a ocupação".

"Se os EUA ou o Reino Unido quiserem pedir tempo adicional para continuar as retiradas, a resposta é não", afirmou. "Haverá consequências." A agência de notícias AFP disse que duas fontes do Talibã afirmaram que o grupo não anunciará a formação de seu governo ou gabinete até que o último soldado americano tenha deixado o país.

O pânico e o desespero em Cabul resultaram em cenas terríveis. Ao menos oito pessoas morreram no local. Segundo relatos, sete afegãos perderam a vida ao serem esmagados no meio da multidão, e ao menos uma pessoa caiu de um avião que decolava, após agarrar-se na aeronave em uma tentativa desesperada de fuga.

Na madrugada desta segunda-feira, um guarda afegão morreu e outros três ficaram feridos em um tiroteio com homens armados não identificados no aeroporto. Soldados alemães e americanos também estiveram envolvidos no confronto, informou a Bundeswehr, as Forças Armadas da Alemanha.

Governos da Europa pedem mais tempo

Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e seu gabinete insistem que as retiradas poderão ser completadas a tempo, países da União Europeia e o Reino Unido dizem que isso será impossível.

O Secretário de Defesa britânico, Ben Wallace, disse que o primeiro-ministro Boris Johnson levantará essa questão no próximo encontro dos países do G7. Seu país pediu mais tempo para as operações.

O ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, disse nesta segunda-feira que seu país negocia com os Estados Unidos, a Turquia e o próprio Talibã, para tentar manter o aeroporto em funcionamento. Mas as operações de retirada somente deverão continuar além de 31 de agosto se houver garantias de segurança, ressaltou o ministro.

Seu homólogo francês, Jean-Yves Le Drian, disse que "é necessário tempo adicional para completarmos as operações", nos Emirados Árabes Unidos, de onde os franceses estabeleceram uma ponte aérea até Cabul.

O Pentágono informou nesta segunda-feira que em torno de 16 mil pessoas foram retiradas de Cabul nas últimas 24 horas, aumentando para 37 mil o número de realocados desde a intensificação das evacuações, no dia 14 de agosto.

rc (AFP, DPA)