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Simone Biles: a dramática história de um ícone do esporte

Thomas Klein
2 de agosto de 2024

Quando Simone Biles salta, as arquibancadas aplaudem efusivamente, deixando público em geral e também famosos maravilhados. Mas a história da atleta americana também tem um lado sombrio.

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Paris2024 | Gymnast Simone Biles
Foto: Kyodo/picture alliance

Quando as primeiras notas do hit "Are you ready for it?", da cantora americana Tailor Swift, bradaram dos alto-falantes da Arena Bercy, em Paris. Simone Biles parou por alguns segundos para ouvir a música. A tensão e a concentração da atleta de 27 anos eram evidentes antes de ela começar sua última apresentação na final da categoria individual geral – em sua modalidade favorita, o exercício de solo.

Campeã olímpica nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, ela já havia feito um salto chamado Yurchenko duplo, que nenhuma outra atleta executa. Nas barras irregulares, sua menor especialidade, cometeu um erro. Mas compensou na trave de equilíbrio. Resultado: dois ouros até o momento em Paris 2024.

Biles venceu, entre outras competidoras, uma de suas maiores rivais, a brasileira Rebeca Andrade, que ficou com a prata no individual geral. Rebeca, aliás, tem grande respeito e admiração de Biles. No documentário "O Retorno de Simone Biles", a atleta americana diz ter medo de Rebeca.

"O ouro significa o mundo para mim"

No solo, ao som da música de Swift, Biles mostrou mais uma vez por que é a melhor ginasta do mundo. Em seu primeiro salto, ela se projetou a uma altura de dois, três metros, rolou e girou várias vezes antes de aterrissar sobre os dois pés novamente. O largo sorriso junto com os intensos aplausos vindos das arquibancadas não deixaram dúvida: foi um salto perfeito.

Outras apresentações de tirar o fôlego se seguiram e, no final, Biles foi recompensada com a vitória olímpica no individual geral: "Esse ouro hoje significa muito para mim. Estou muito orgulhosa do meu desempenho, é uma experiência maravilhosa." O outro triunfo de Biles nos Jogos Olímpicos de Paris havia sido o ouro por equipes.

A atleta brasileira Rebeca Andrade está à esquerda, segurando a medalha de prata, enquanto a campeã, Simone Biles, segura a de ouro, e a também americana Shilese Jones, aparece à direita, com o bronze.
Medalha de prata, a brasileira Rebeca Andrade (E) divide o pódio com Biles e a terceira colocada, a também americana Shilese JonesFoto: Lionel Bonaventure/AFP/Getty Images

Aplausos hollywoodianos

Difícil encontrar alguém que discorde que a americana levou a ginástica a um novo patamar. E não são apenas os diversos espectadores que batem palmas e se emocionam, mas também a elite política, artística e de Hollywood.

Quando ela saltou na Arena Bercy durante sua primeira competição, o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, disse que, em casa, em frente à televisão, estava prendendo a respiração. Nas mídias sociais, Obama homenageou a estrela da ginástica classificando-a como "GOAT" – sigla em inglês para "greatest of all time", ou seja, a maior de todos os tempos. Nas arquibancadas em Paris, o astro Tom Cruise, o rapper Snoop Dogg e as cantoras Lady Gaga e Ariana Grande estavam torcendo pela compatriota.

"Acho isso muito legal", comentou a ginasta alemã Helen Kevric, de 16 anos, que terminou em um excelente oitavo lugar em sua primeira competição olímpica. "Snoop Dogg estava lá, Ariana Grande também. Eles me viram competindo. Nem todo mundo pode dizer isso sobre si mesmo, é algo enorme", acrescentou.

Luta contra a depressão

Mas a popularidade de Biles não se deve apenas a razões esportivas. A história da ginasta tem também um lado sombrio. Nos Jogos Olímpicos de 2021, em Tóquio, a ideia era ter acrescentado mais um capítulo dourado às quatro medalhas de ouro conquistadas no Rio 2016. Mas, de repente, ela perdeu o rumo durante um salto. E a confiança se foi.

Biles se retirou da final devido a problemas mentais e não competiu por dois anos até se recuperar. Olhando para trás, Biles diz que teve uma espécie de pressentimento: "Eu provavelmente sabia que entraria em depressão. Mas havia um mecanismo em mim que bloqueava isso".

Abusos

Em entrevista à revista New York Magazine, Biles declarou o seguinte: "Se você olhar para tudo o que passei nos últimos sete anos, eu nunca deveria ter feito parte da equipe olímpica novamente. Eu deveria ter desistido muito antes de Tóquio", afirmou.

Em janeiro de 2018, ela tornou público que havia sido abusada sexualmente pelo ex-médico de sua equipe, Larry Nassar, que foi processado por Biles e centenas de outras ginastas, e acabou condenado a 175 anos de prisão.

A atleta admitiu que isso lhe causou um "grande impacto emocional": "Foi demais. Mas eu não deixaria que ele me tirasse algo pelo qual trabalhei duro desde os seis anos de idade", afirmou.

Depois de uma pausa de dois anos nas competições, Biles lutou para voltar ao cenário mundial. Agora, como um ícone absoluto da ginástica, ela ofusca mais uma vez as concorrentes.