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Separatistas pró-Rússia ordenam mobilização geral na Ucrânia

19 de fevereiro de 2022

Líderes rebeldes em Donetsk e Lugansk assinaram decretos de mobilização militar à medida que a crise se agrava. Estados Unidos e aliados falam em pretexto russo para invadir território ucraniano.

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Em um posto de observação que parece uma trincheira, no leste da Ucrânia, dois soldados separatistas pró-Rússia vestem roupas militares e capacetes verdes. Um deles, à esquerda, segura um binóculo e olha para cima. O outro, à direita, mexe em um armamento apontado para cima.
Soldados separatistas pró-Rússia afirmam que Kiev tem planos de ação militar, o que é negado pelo governo da UcrâniaFoto: Kisileva Svetlana/ABACA/picture alliance

Os líderes separatistas pró-Rússia de dois territórios no leste da Ucrânia - as autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, em disputa entre russos e ucranianos - ordenaram mobilização militar total neste sábado (19/02).

Em uma mensagem de vídeo, o líder da chamada República Popular de Donetsk, Denis Pushilin, disse que pediu "aos compatriotas que estão na reserva que venham aos comissariados militares. Hoje, assinei um decreto de mobilização geral".

Nesta sexta-feira, Pushilin já havia declarado, também por meio de um vídeo, que o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, planeja uma ofensiva militar na região.

O líder rebelde de Lugansk, Leonid Pasetschnik, assinou documento semelhante, em meio às tensões cada vez maiores entre a Rússia e a Ucrânia.

Forças governamentais ucranianas e rebeldes pró-Rússia relataram bombardeios na região leste da Ucrânia nos últimos dias. Neste sábado, Kiev informou que um de seus soldados foi morto.

"Como resultado do bombardeio, um soldado ucraniano sofreu um ferimento fatal por estilhaços", anunciou o Comando Militar Oriental da Ucrânia.

A Ucrânia também informou ter registrado, por volta das 7h deste sábado no horário local, 66 trocas de tiros no leste do país. Foi relatado que rebeldes em Donetsk e Lugansk utilizaram armamentos proibidos de calibres 82 e 120.

Os Estados Unidos e seus aliados acreditam que a escalada pode ser um pretexto para que a Rússia dê início a uma ofensiva militar na Ucrânia. Os russos, em contrapartida, tem constantemente negado qualquer plano de atacar o país vizinho.

Um ônibus estacionado e com as portas abertas recebe crianças e adultos para levá-los rumo à região de Rostov, no sul do território russo. O céu escuro, à noite, contrasta com as luzes da rua e do interior do veículo.
Evacuações de civis começaram na sexta-feira e seguiram neste sábado, com deslocamento rumo ao território russoFoto: Erik Romanenko/TASS/dpa/picture alliance

Trocas de acusações e envio de armas para a Ucrânia

Em Donetsk, os rebeldes pró-Rússia descreveram a situação como crítica. Ambos os lados culpam-se mutuamente pelas violações de cessar-fogo, que começaram nesta sexta-feira. A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) fala em um "aumento dramático" dos ataques na região.

As evacuações de cidades e vilas em Lugansk e Donetsk, que também começaram nesta sexta-feira, continuam. Segundo os separatistas em Donetsk, mais de 6 mil pessoas já foram levadas para lugares considerados seguros, incluindo mais de 2 mil crianças. Os civis evacuados estão sendo transportados de ônibus para Rostov, no sul do território russo.

Neste sábado, o exército ucraniano recebeu o primeiro carregamento de armas a partir da Estônia, segundo anunciou o Ministério da Defesa do país báltico.

Juntamente com Letônia e Lituânia, a Estônia havia anunciado que entregaria armamentos fabricados nos Estados Unidos a Kiev. Com o consentimento de Washington, o objetivo é fortalecer as capacidades de defesa da Ucrânia. A Lituânia também já enviou mísseis antiaéreos para Kiev.

A Estônia quer ainda repassar armamentos que pertenciam à Alemanha Oriental ao exército ucraniano. Entregues primeiramente pelo Bundeswehr - o exército alemão - à Finlândia, as armas foram posteriormente enviadas para a Estônia. Contratualmente, a Alemanha precisa aprovar a transferência.

Uma resposta de Berlim, no entanto, ainda está pendente. O governo alemão rejeita estritamente o repasse de armas à Ucrânia - algo reforçado neste sábado pelo chanceler federal, Olaf Scholz, durante discurso na Conferência de Segurança de Munique.

gb