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Sem-teto do Primeiro Mundo

ef14 de novembro de 2002

Alemanha tem 30 mil sem-teto, mas meio milhão de pessoas estão ameaçadas de pertencer à categoria de excluídos. O contingente de desabrigados cresceu 30% num ano. O problema atinge outras potências da União Européia.

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Os sem-teto Sascha e Theo tentam se proteger de temperaturas abaixo de zeroFoto: AP

Durante muitos anos diminuiu, continuamente, o número de pessoas vivendo ao relento na Alemanha, mas ele voltou a aumentar há dois anos e o potencial de ameaçados já representa 0,5% da população. O desemprego, o divórcio e o endividamento pessoal são os principais fatores que jogam os pobres para o olho na rua.

Só 10% dos sem-teto são mulheres. "Os homens tendem mais à imobilidade social", conforme contataram organizações de ajuda aos desabrigados e a Igreja Luterana. As mulheres costumam procurar conselho, reclamar e pedir ajuda, enquanto os homens tendem a não falar de seus problemas e só reagir quando já estão sendo despejados de suas casas. Eles também tentam afogar seus problemas no álcool com mais freqüência do que as mulheres.

Planos de socorro

O fenômeno do desabrigado é velho na parte ocidental da Alemanha. Mas, como em muitos países europeus, na região da ex-República Democrática Alemanha, a RDA comunista, só agora começa a crescer, lentamente, a consciência para a pobreza nas ruas.

A questão está sendo discutida em um congresso nacional promovido pela Diakonie, obra caritativa da Igreja Luterana, em Dresden. A prioridade dos 300 participantes é a elaboração de estratégias para solucionar o problema dos sem-teto.

Existem receitas inteligentes para impedir despejos por causa de atrasos no pagamento do aluguel, garantiu Thomas Poreski, da organização de ajuda da Igreja Luterana. No estado de Baden-Württemberg, por exemplo, existe um projeto que concede créditos com juros favoráveis para garantir um teto aos mais necessitados. Como até agora esses casos são raros, a Diakonie está fazendo um catálogo de medidas.

Um problema crescente é que os desabrigados estão sendo simplesmente expulsos dos centros das cidades. Especialmente as companhias particulares de segurança se encarregam da "limpeza" sem consideração. Um grande agravante é a falta de recursos das vítimas de ação de despejo para recorrer a todas as instâncias judiciais para garantir um teto. O governo de Munique ameaça agravar ainda mais a situação com sua tentativa de deixar de pagar ajuda social aos sem-teto. Esse auxílio do Estado existe em toda a Alemanha e garante a sobrevivência dos desempregados e desprovidos de outras rendas.

Discrepâncias européias

Existem desigualdades sociais semelhantes em outros membros da União Européia. Mas a Alemanha, França, Holanda, Bélgica, Luxemburgo e os países escandinavos estão partindo para a ofensiva, conforme avaliação da Igreja Luterana. A Grã-Bretanha e a Espanha, ao contrário, são as ovelhas negras na UE. A situação dos desabrigados nos dois países é catastrófica, avalia Poreski.

Nos dez países previstos para ingressar na UE em 2004 ainda falta um desenvolvimento de longo prazo de ofertas de ajuda à população mais carente, embora nos países bálticos e na Polônia já se observe que o número dos sem-teto é um problema grave. A questão será discutida no primeiro congresso dos países vizinhos do Mar Báltico, a realizar-se no final de novembro, na Alemanha.