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Sem Moscou, Ocidente debate crise Ucrânia-Rússia em Munique

18 de fevereiro de 2022

Crise nas fronteiras ucranianas deverá ser tema dominante na conferência de alto nível reunindo líderes ocidentais na capital bávara. Moscou não envia delegação oficial, pela primeira vez em 30 anos.

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Visão de um auditório com telão e homem discursando
Abertura da Conferência de Segurança de Munique. Evento recebe mais de 30 chefes de Estado e governoFoto: Ina Fassbender/AFP/Getty Images

Neste fim de semana, Munique deve se tornar um centro dos esforços das potências ocidentais para coordenar sua estratégia na crise envolvendo a Ucrânia.

A Conferência de Segurança de Munique reúne, a partir desta sexta-feira (18/02), líderes ocidentais no sul da Alemanha. O encontro é marcado neste ano pela ausência da Rússia, que, pela primeira em 30 anos, não enviou uma delegação oficial para o encontro.

O evento deve ser dominado pela crise nas fronteiras ucranianas, enquanto crescem no Ocidente os temores de que a Rússia esteja prestes a invadir seu vizinho, e os Estados Unidos alertam para um possível ataque "nos próximos dias".

Antes de embarcar rumo à capital bávara para a cerimônia de abertura da conferência anual de três dias, a ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, disse que Moscou precisa mostrar "passos sérios em direção à desescalada" e o acusou de pôr em perigo a segurança da Europa com demandas da Guerra Fria.

Também está em Munique o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que nesta quinta-feira afirmou nas Nações Unidas ser possível uma ofensiva russa nos "próximos dias", provavelmente precedida de um pretexto para justificar uma ação militar contra a Ucrânia.

Alguns temiam que esse momento tivesse chegado já nesta quinta-feira, quando um aumento nos bombardeios na linha de frente danificou um jardim de infância no leste da Ucrânia e separatistas apoiados pela Rússia culparam Kiev pela escalada das hostilidades.

O Kremlin negou quaisquer planos de invasão, mas ressalvando que pode ser "forçado" a responder militarmente se Washington não atender a certas exigências de segurança. Blinken deve se reunir com seu homólogo russo, Serguei Lavrov, na próxima semana – se nenhuma invasão tiver ocorrido antes.

Baerbock lamenta ausência russa

A chefe da diplomacia alemã lamentou que Moscou não tenha enviado representante ao encontro. "Em especial na atual situação, extremamente ameaçadora, teria sido muito importante encontrar também representantes russos em Munique. É uma perda que a Rússia não aproveite esta oportunidade”.

Baerbock acrescentou que a conferência oferece uma oportunidade "para discutir como ainda podemos combater a lógica das ameaças de violência e escalada militar com a lógica do diálogo".

Justificando o cancelamento, a porta-voz do Ministério do Exterior da Rússia, Maria Zakharova, alegou: "Lamentamos dizer que a conferência se transformou cada vez mais num fórum transatlântico, nos últimos anos", acrescentando que o evento internacional teria perdido "objetividade e integração de outras perspectivas".

A programação em Munique inclui, além de discursos do chanceler federal alemão, Olaf Scholz, da vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e de outros líderes, uma série de encontros paralelos para discutir a tensão nas fronteiras ucranianas.

Numa rara aparição num grande evento internacional, Harris tem encontro marcado nesta sexta-feira com o chefe da Otan, Jens Stoltenberg. Durante sua estada, ela conversará também com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, com Scholz e com líderes dos países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia).

Mais de 30 líderes mundiais

Também confirmaram participação a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, que abriu nesta sexta-feira a conferência. Sediada no hotel Bayerischer Hof, no centro da capital bávara, ela conta com a presença de mais de 100 ministros e mais de 30 chefes de Estado e governo.

Os ministros do Exterior do G7 têm agendada para este sábado uma discussão sobre a crise na Ucrânia. As conversações serão encabeçadas por Baerbock, cujo país ocupa atualmente a presidência do G7.

"Mesmo pequenos passos em direção à paz são melhores do que grandes passos em direção à guerra. Mas também precisamos de passos sérios para diminuir a escalada da Rússia", disse a ministra alemã, pedindo medidas concretas de Moscou pela paz: "Declarações de vontade de conversar devem ser apoiadas por ofertas reais para conversar. Declarações de retirada de tropas devem ser apoiadas por retiradas de tropas verificáveis."

Moscou fez vários anúncios de retirada de tropas esta semana, mas os Estados Unidos, a Otan e a Ucrânia informaram não ter percebido evidências de uma retirada. Em vez disso, segundo Washington, a Rússia teria transferido 7 mil soldados adicionais para a zona da fronteira ucraniana.

Ucrânia quer retirar cidadãos do leste 

Citando "possível agravamento", as Forças Armadas da Ucrânia anunciaram na quinta-feira que evacuações foram planejadas para algumas comunidades ao longo da fronteira, particularmente da cidade de Donetsk, controlada por separatistas pró-Rússia. Há quase oito anos, o Kiev enfrenta confrontos com rebeldes apoiados por Moscou no leste ucraniano.

Após o fogo de artilharia de quinta-feira, num jardim-de-infância, líderes ucranianos e ocidentais reiteraram os pedidos para que a Rússia não explore as tensões na fronteira para lançar sua temida ofensiva.

O presidente Vladimir Putin tem enfatizado que o preço para remover qualquer ameaça seria a Ucrânia concordar em nunca se juntar à Otan, e a aliança ocidental se retirar de uma faixa do Leste Europeu, efetivamente dividindo o continente em esferas de influência no estilo da Guerra Fria.

A Ucrânia está longe de pronta para se juntar à Otan, mas definiu isso como parte de uma meta mais ampla de integração com as democracias da Europa Ocidental, fazendo uma ruptura histórica com a órbita da Rússia.

md/av (AFP, DPA)