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Schröder e Blair não chegam a consenso

(am)12 de março de 2003

O chanceler alemão Gerhard Schröder e o primeiro-ministro britânico Tony Blair reuniram-se em Londres na noite desta quarta-feira (12/3) para tratar da crise iraquiana.

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Chanceler Gerhard Schröder em Londres: sem aproximação das posiçõesFoto: AP

Apesar das suas divergências políticas na crise do Iraque, Gerhard Schröder e Tony Blair procuraram demonstrar a sua amizade pessoal. O primeiro-ministro britânico ressaltou: "Existem mais coisas que nos unem, do que as que nos separam. Gerhard Schröder é um grande amigo meu, independente das diferenças que possamos ter de tempos em tempos." De sua parte, o chanceler alemão agradeceu Blair pela sua amizade, da qual ele espera "que sobreviva à crise atual".

O chefe do governo alemão procurou ressaltar também que as divergências de opinião entre Berlim e Londres não afetam as boas relações entre a Grã-Bretanha e a Alemanha. E acrescentou, referindo-se às diferentes posições em relação ao Iraque: "Nesta questão, nenhum de nós conseguirá convencer o outro do seu ponto de vista."

De fato, todas as amabilidades trocadas frente aos representantes da imprensa não foram suficientes para amenizar as diferenças de opinião entre os dois chefes de governo. Schröder afirmou "continuar trabalhando" por uma solução pacífica para a crise do Iraque. Blair anunciou na tarde desta quarta-feira uma nova iniciativa para tentar obter a aprovação de uma ação militar no Golfo por parte do Conselho de Segurança da ONU.

Crítica dos correligionários

Como aliado incondicional dos Estados Unidos, Tony Blair enfrenta críticas e pressões crescentes até mesmo do seu próprio partido, o Labour. A única solução plausível para o primeiro-ministro britânico seria a aprovação de uma segunda resolução do Conselho de Segurança, autorizando uma ação militar contra o Iraque. Neste caso, Blair preservaria o apoio dos seus próprios correligionários.

Tony Blair im Parlament
Tony Blair na Câmara dos Comuns nesta quarta-feira (12/3)Foto: AP

O governo de Londres tenta desesperadamente romper o impasse reinante na ONU e lograr um consenso para a aprovação de uma segunda resolução. Durante uma sessão da Câmara dos Comuns, nesta quarta-feira, Tony Blair relatou os esforços da diplomacia britânica: "Estamos preparando uma lista clara de exigências ao Iraque", afirmou. Com sua nova iniciativa, o primeiro-ministro britânico tenta obter a adesão de alguns países membros do Conselho de Segurança, que ainda não se posicionaram.

Enquanto isto, a ministra espanhola das Relações Exteriores, Ana Palácio, sugeriu a possibilidade de que os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a Espanha desistam do seu projeto de uma nova resolução da ONU, em face da resistência encontrada. A ministra manifestou-se nesta quarta-feira, depois de manter conversações com o governo francês em Paris.

Blocos dentro da UE

O chanceler Gerhard Schröder mostra-se até agora irredutível na sua negativa de aprovar uma segunda resolução no Conselho de Segurança. A Alemanha mantém-se firme ao lado da França e da Rússia, que igualmente rechaçam um mandato da ONU para intervenção militar no Iraque. As posições contrárias dos dois blocos na União Européia parecem definitivas: Grã-Bretanha/Espanha do lado dos Estados Unidos e França/Alemanha do lado oposto.

A situação atual poderá ter conseqüências de longo prazo para a União Européia. Em Berlim, fala-se de planos para uma nova ordem política dentro da UE, após uma eventual guerra no Iraque. Isto incluiria uma cooperação mais estreita entre os países denominados como "cerne da União Européia". Ou seja, os países fundadores da UE. Trata-se da Itália, França, Alemanha, Bélgica, Holanda e Luxemburgo. De tal "bloco central" europeu estariam excluídos então, entre outros, a Grã-Bretanha e a Espanha.