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Scholz expressa "vergonha" pelo antissemitismo na Alemanha

22 de outubro de 2023

Em inauguração de sinagoga no leste do país, chanceler ressalta o dever alemão de proteger a comunidade judaica e diz que ataques do Hamas se tornaram ponto de inflexão, não só para Israel, mas para todo o mundo.

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Usando um quipá, chanceler Olaf Scholz discura em abertura de sinagoga
Usando um quipá, chanceler Olaf Scholz se diz revoltado com "ódio antissemita e agitação desumana que explodiram desde 7 de outubro"Foto: Hendrik Schmidt/dpa/picture alliance

O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, e presidente alemão,Frank-Walter Steinmeier, condenaram em atos públicos neste domingo (22/10) o aumento do antissemitismo no país após o início da guerra entre Israel e o Hamas.

Scholz participou da inauguração de uma nova sinagoga construída na cidade de Dessau, no estado da Saxônia-Anhalt, no leste do país.

O local foi destruído pelos nazistas há 85 anos durante a chamada Noite dos Cristais, a revolta contra os judeus em toda a Alemanha e na Áustria, quando milhares de sinagogas e casas de oração foram saqueadas, pilhadas e incendiadas.

"Essa sinagoga no centro de Dessau nos diz que a vida judaica é e continuará sendo parte da Alemanha; ela pertence a esse país", disse o chanceler durante o evento, que contou com um enorme aparato de segurança. Ele assegurou que a Alemanha continuará fazendo todo o possível para fortalecer a vida judaica no país.

Usando um quipá sobre a cabeça, o chanceler se disse revoltado com "o ódio antissemita e a agitação desumana que explodiram desde 7 de outubro [data em que ocorreram os ataques terroristas do Hamas em Israel] na internet, nas redes sociais e, vergonhosamente, aqui entre nós, na Alemanha"

"Aqui na Alemanha, de todos os lugares. Alemães cometeram os crimes do Shoah contra a humanidade", lembrou, utilizando o termo secular hebraico, que significa "destruição" ou "catástrofe", usado também para dar nome ao Holocausto, o massacre de judeus na Segunda Guerra Mundial.

Scholz assegurou que a Alemanha fará de tudo para libertar os reféns sob poder dos terroristas do Hamas na Faixa de Gaza. Ele reiterou que o terror perpetrado pelo grupo islamista se tornou um ponto de inflexão, não somente para os judeus mundo afora, mas "para todos nós". O chanceler prometeu manter tolerância zero com o antissemitismo na Alemanha.

A sinagoga recebeu o nome de Weill em homenagem ao pai do compositor americano-alemão Kurt Weill, que participava dos atos litúrgicos na antiga sinagoga de Dessau entoando cânticos.

"Proteger a vida judaica é tarefa do Estado" diz Steimeier

O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, esteve neste domingo em uma manifestação de solidariedade a Israel e contra o antissemitismo em Berlim, que contou com a presença de milhares de pessoas.

Presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, discursa em frente ao Portão de Brandemburgo
"Dizemos aos nossos amigos em Israel e a todos os judeus: vocês não estão sozinhos", afirmou o presidente da Alemanha, Frank-Walter SteinmeierFoto: Monika Skolimowska/dpa/picture alliance

"Dizemos aos nossos amigos em Israel e a todos os judeus: vocês não estão sozinhos. Estamos ao seu lado nestas horas terríveis", afirmou Steinmeier, em frente ao Portão de Brandemburgo. Ele ressaltou que tudo deve ser tentado para garantir que a guerra em Gaza não se transforme numa conflagração.

O presidente também afirmou que a Alemanha não deve tolerar o ódio a Israel nas ruas do país. "Proteger a vida judaica é uma tarefa do Estado, mas também é um dever cívico", alertou.

"Estamos horrorizados com este massacre cruel", afirmou no evento o presidente da Sociedade Alemã-Israelense, Volker Beck, cerca de duas semanas após o início dos ataques do Hamas a Israel.

"Lamentamos os mortos e tememos pelos reféns", disse Beck. "Estamos aqui porque queremos mostrar a nossa solidariedade com Israel", acrescentando que Israel tem direito à legítima defesa.

rc (DPA, AP)