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Rússia expulsa vice-embaixador dos EUA em Moscou

17 de fevereiro de 2022

Decisão ocorre em meio a aumento da tensão na Ucrânia, mas Kremlin nega escalada. Biden reafirma que invasão russa pode ocorrer em dias. Moscou quer retirada de militares americanos da Europa Central e do Leste Europeu.

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Bart Gorman sai de edifício
Bart Gorman já havia deixado a Rússia há alguns diasFoto: Vladimir Gerdo/TASS/dpa/picture alliance

Em meio ao agravamento das tensões sobre a Ucrânia, a Rússia expulsou o vice-embaixador dos Estados Unidos em Moscou, Bart Gorman, informou nesta quinta-feira (17/02) um porta-voz do Departamento de Estado americano, em Washington.

Gorman, que é vice-chefe de missão dos EUA na Rússia, deixou o país na semana anterior, disse um alto funcionário do Departamento de Estado. Não ficou claro por que a expulsão não havia sido divulgada antes.

"A ação da Rússia contra nosso DCM [vice-chefe de missão] não foi provocada, nós a consideramos um movimento de escalada e estamos avaliando nossa resposta", disse o porta-voz do Departamento de Estado.

A expulsão ocorre no contexto de um impasse de meses sobre um contingente militar russo de cerca de 150 mil soldados perto de sua fronteira com a Ucrânia.

Mais tarde, o Ministério do Exterior da Rússia declarou que a expulsão de Gorman fora resposta a uma outra expulsão, ocorrida antes e determinada pelos EUA, de um ministro-conselheiro da embaixada russa em Washington, sem especificar seu nome.

O comunicado do governo russo veio uma resposta ao que o Kremlin viu como notícias que apresentavam a expulsão "quase como uma escalada deliberada do lado russo".

Disputa sobre pessoal diplomático

Gorman, o segundo oficial americano mais graduado da embaixada em Moscou, havia sido anteriormente secretário adjunto do Departamento de Estado e diretor adjunto para investigações e análises de ameaças, supervisionando o monitoramento de ameaças contra diplomatas americanos.

Além da tensão sobre a Ucrânia, os Estados Unidos e a Rússia estão envolvidos numa disputa sobre suas presenças diplomáticas nas respectivas capitais. Em dezembro, Moscou decretou que os funcionários da embaixada dos Estados Unidos que estivessem em Moscou por mais de três anos deveriam deixar o país.

O porta-voz do Departamento de Estado frisou que Gorman tinha um visto válido e que estava na Rússia há menos de três anos. "Pedimos que a Rússia pare com suas expulsões sem fundamento de diplomatas e funcionários americanos e que trabalhemos produtivamente para restabelecer nossas missões [diplomáticas]", disse o porta-voz. "Agora, mais do que nunca, é crítico que nossos países disponham do pessoal diplomático necessário para facilitar a comunicação entre nossos governos."

Biden: "Risco muito alto" de invasão

O presidente americano, Joe Biden, reafirmou nesta quinta-feira que a Rússia pode invadir a Ucrânia nos próximos dias, diante de evidências de que Moscou não reduzira sua presença militar na fronteira do país, como havia divulgado.

"Temos motivos para acreditar que eles estão envolvidos numa operação encenada como um pretexto para invadir", comentou o líder americano. "Todos os indicativos que temos é de que eles estão preparados para entrar na Ucrânia", afirmou, destacando que há um "risco muito alto" de invasão nos próximos dias. Nesta quinta-feira, houve disparo de artilharia pesada no leste da Ucrânia, numa região de conflito entre rebeldes pró-Rússia e o Exército ucraniano.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, também afirmou ao Conselho de Segurança da ONU que a Rússia estaria preparando um ataque para os próximos dias, e que o plano de Moscou envolvia criar um pretexto para tal.

"Poderia ser um evento violento que a Rússia atribuiria à Ucrânia, ou uma acusação descabida que a Rússia faria contra o governo ucraniano." Também seriam opções, segundo Blinken, um suposto ataque terrorista na Rússia, "a descoberta encenada de uma vala comum" e alegações de genocídio, um ataque encenado de drone contra civis, ou um ataque falso ou real com arma química.

Rússia quer retirada de tropas americanas

O Kremlin, por sua vez, rejeitou o alerta do presidente americano de invasão iminente, afirmando ao Conselho de Segurança da ONU que esse tipo de declaração de Biden exacerbava as tensões. "Creio que já especulamos muito sobre isso", frisou o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Vershinin.

Segundo agências de notícias, em resposta a uma carta enviada por Washington, o governo russo exigiu por escrito a retirada total de militares americanos da Europa Central e do Leste Europeu. Se a Casa Branca não oferecer as garantias de segurança demandas pelos russos, Moscou seria "forçada a reagir, inclusive por meios técnico-militares".

bl/av (Reuters, AP, DPA)