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Rússia ataca alvos na Ucrânia para atrasar chegada de armas

4 de maio de 2022

Bombardeios atingiram subestações de energia em Lviv, próxima à fronteira com a Polônia e porta de entrada dos armamentos enviados pelo Ocidente. Moscou também intensifica ofensiva na região de Donbass, no leste do país.

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Bombeiro combate chamas em subestação elétrica em Lviv atingida por ataque russo
Bombeiro combate chamas em subestação elétrica em Lviv atingida por ataque russoFoto: Andrii Gorb/REUTERS

As Forças Armadas da Rússia bombardearam diversos alvos em toda a Ucrânia na noite de terça-feira (03/05) e nesta quarta-feira. No oeste do país, foram atingidas infraestruturas de transporte e armazenamento que estariam sendo utilizadas para receber armamentos enviados pelo Ocidente. Ao mesmo tempo, houve uma intensificação da ofensiva de Moscou na região do Donbass, no leste do país.

Segundo os militares russos, foram usados mísseis de precisão, lançados a partir de submarinos e aviões, para destruir subestações de energia de cinco estações ferroviárias na Ucrânia.

Alguns dos ataques atingiram Lviv, cidade próxima à fronteira com a Polônia que tem sido a porta de entrada para o fornecimento de armas pela Otan. Explosões foram ouvidas na noite de terça-feira na cidade, que recebeu apenas ataques esporádicos durante a guerra e se tornou um porto seguro para os civis que fogem de outros lugares da Ucrânia.

O prefeito de Lviv disse que os bombardeios danificaram três subestações de energia, derrubando eletricidade em partes da cidade e interrompendo o fornecimento de água. Duas pessoas ficaram feridas.

O ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, reafirmou nesta quarta-feira que a Rússia tentará destruir comboios de armas enviadas pelo Ocidente. "Os Estados Unidos e seus aliados da Otan estão continuamente fornecendo armamento para a Ucrânia", disse. "Consideramos qualquer transporte da Otan chegando ao território do país com armamentos ou materiais destinados ao exército ucraniano como um alvo a ser destruído."

Apenas nesta quarta-feira, teriam sido 77 ataques de Moscou, que atingiram 36 alvos militares, derrubaram seis drones e mataram até 310 militares ucranianos, segundo o Ministério da Defesa russo. Não foi possível confirmar a informação de forma independente.

Expectativa sobre Dia da Vitória

A sequência de ataques ocorreu enquanto a Rússia se prepara para celebrar o Dia da Vitória em 9 de maio, que marca a derrota da Alemanha nazista para a União Soviética, na Segunda Guerra Mundial.

Neste ano, há expectativa para saber se o presidente russo, Vladimir Putin, aproveitará a ocasião para declarar uma vitória limitada na Ucrânia ou expandir o que ele tem chamado de "operação militar especial'' para uma guerra mais ampla.

Vladimir Putin
Analistas avaliam que Putin poderia usar celebração do Dia da Vitória, em 9 de maio, para declarar vitória parcial na Ucrânia ou decretar guerra totalFoto: Kremlin Press Service/Handout/AA/picture alliance

Uma declaração de guerra total permitiria a Putin decretar lei marcial e mobilizar reservistas para fazer frente à perda de militares russos no combate. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, rejeitou na quarta-feira essa hipótese como "falsa" e "sem sentido".

Enquanto isso, Belarus, país que a Rússia utilizou como base de preparação para a sua invasão pelo norte da Ucrânia, anunciou a realização de exercícios militares. O Ministério da Defesa belarusso disse que os exercícios, que começaram nesta quarta-feira, não ameaçam nenhum vizinho, mas um alto funcionário ucraniano afirmou que o país estará pronto para reagir se Belarus se juntar à guerra.

Intensificação da batalha em Donbass

As armas de países do Ocidente enviadas à Ucrânia ajudaram suas forças a resistir à ofensiva inicial da Rússia e devem desempenhar um papel central na batalha pela região de Donbass, que Moscou considera sua prioridade no momento após não ter conseguido tomar o controle de Kiev nas primeiras semanas da guerra.

O governador de Donetsk, que fica na região do Donbass, disse que os ataques russos deixaram 21 mortos na terça-feira, o maior número de mortes conhecidas desde 8 de abril, quando um ataque com mísseis contra a estação ferroviária de Kramatorsk matou pelo menos 59 pessoas.

Mapa das áreas em disputa na guerra na Ucrânia

O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksandr Motuzyanyk, afirmou que a Rússia havia realizado 50 ataques aéreos na terça-feira, e que 18 foguetes haviam sido lançados de caças russos a partir do espaço aéreo do Már Cáspio. "O comando militar russo está tentando aumentar o ritmo de sua operação de ataque no leste da Ucrânia", afirmou.

A Rússia enviou um número significativo de militares para a região e parece estar tentando avançar pelo norte enquanto tenta cortar as forças ucranianas, de acordo com uma análise do Ministério da Defesa britânico. Mas militares ucranianos têm contido a investida usando armas de longo alcance para atingir os russos.

Cerco a siderúrgica

Militares da Ucrânia afirmaram na terça-feira que as forças russas teriam começado a invadir a siderúrgica de Azovstal, em Mariupol, onda há militares e civis ucranianos abrigados e sob cerco de Moscou. Mas o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, negou na quarta-feira que isso esteja ocorrendo.

"Não há assalto. Vemos que há casos de escalada devido ao fato de que os combatentes assumem posições de tiro. Essas tentativas estão sendo reprimidas muito rapidamente", disse Peskov.

Serguei Shoigu, o ministro da Defesa russo, afirmou que os combatentes na siderúrgica haviam sido "bloqueados de forma segura" no seu interior, enquanto as forças russas continuam a exigir sua rendição – algo que eles se recusaram repetidamente a fazer.

No final de semana, 101 pessoas, incluindo mulheres, idosos e 17 crianças, as mais novas de 6 meses, foram retiradas com sucesso da siderúrgica, onde estavam abrigadas desde o início da guerra, há dois meses.

Não está claro quantos combatentes ucranianos ainda estão lá dentro. Os militares russos estimam que seriam cerca de 2 mil, dos quais 500 estariam feridos. Algumas centenas de civis também permanecem no local, segundo a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk.

Novas sanções

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs nesta quarta-feira o sexto pacote de sanções contra Moscou, que inclui o embargo gradual às importações de petróleo da Rússia.

Pela proposta, os países da União Europeia reduziriam a participação russa no fornecimento da commodity ao longo do ano de modo a alcançar o banimento total no final de 2022. Segundo fontes da Comissão, a proposta prevê exceções a Hungria e Eslováquia, que são altamente dependentes do petróleo russo e não têm acesso ao mar. Para esses dois países, o período de transição deverá ser estendido até o fim de 2023. As medidas precisam da aprovação unânime dos países do bloco.

O novo pacote de sanções também prevê a inclusão de mais nomes na lista de restrições, incluindo militares de alta patente e indivíduos relacionados ao massacre de Bucha, e a suspensão do banco Sberbank, o maior da Rússia, e de mais dois outros dois grandes bancos do sistema de transições interbancárias Swift.

bl (AP, Reuters)