1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Rússia abadonará Estação Espacial Internacional em 2024

26 de julho de 2022

Agência espacial russa garante que as obrigações com parceiros serão cumpridas. Nasa não havia sido comunicada. Chefe da Roscosmos diz que a Rússia decidiu priorizar o desenvolvimento de uma estação orbital própria.

https://p.dw.com/p/4EgOu
Imagem da Estação Espacial Internacional no espaço
Programa espacial em torno da Estação Espacial Internacional representa um dos elos remanescentes entre Rússia e EUAFoto: Stanislav Rishnyak/NASA/Zoonar/picture alliance

A Rússia decidiu deixar de fazer parte do projeto espacial da Estação Espacial Internacional (EEI) depois de 2024, afirmou o recém-nomeado chefe da agência espacial russa Roscosmos, nesta terça-feira (26/07), em Moscou.

"Evidentemente, cumpriremos todas as nossas obrigações com nosso parceiros, mas a decisão de deixar esta estação após 2024 foi tomada", disse Yury Borisov, que foi nomeado para liderar a Roscosmos em meados de julho.

"Acho que a esta altura começaremos a montar uma estação orbital russa", disse Borisov, acrescentando ser essa agora a prioridade do programa espacial russo.

Nasa não foi comunicada

Robyn Gatens, diretora da Nasa para a Estação Espacial Internacional, comentou à agência de notícias Reuters que não recebeu nenhuma comunicação de seus colegas russos referente à intenção de se retirarem do programa espacial.

"Nada oficial ainda", disse em conferência da EEI em Washington. Questionada se queria que a parceria terminasse, negou. "Eles têm sido bons parceiros, como todos os nossos parceiros, e queremos continuar operando juntos a estação espacial ao longo da década", afirmou Gatens.

A parceria tem sido um dos últimos elos restantes de cooperação entre Washington e Moscou – as relações atuais entre as duas potências estão no patamar mais distante e gélido desde a Guerra Fria.

Invasão da Ucrânia destroça relações

O anúncio do chefe da Roscosmos é mais um exemplo do contínuo distanciamento – e o consequente aumento das tensões – entre o Kremlin e o Ocidente, impulsionado primordialmente pela invasão russa da Ucrânia e as decorrentes aplicações de sanções contra Moscou.

A decisão também confirma declarações anteriores feitas por autoridades espaciais russas sobre o futuro da Roscosmos no programa espacial internacional após 2024.

No início de julho, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, demitiu o então chefe da agência espacial russa, Dmitry Rogozin, por decreto presidencial e sem dar explicações sobre o motivo.

Na época também foi fechado um acordo que permite aos astronautas continuarem pilotando foguetes russos. e aos cosmonautas pegarem carona para a Estação Espacial Internacional com a SpaceX a partir do segundo semestre.

Esse acordo foi selado apesar de a Nasa ter condenado as ações de três cosmonautas a bordo da EEI, cujas fotografias a Roscosmos postou, portando bandeiras de Lugansk e Donetsk – duas regiões separatistas no leste da Ucrânia reconhecidas unilateralmente por Moscou como "repúblicas populares".

Em abril, a Agência Espacial Europeia (ESA) já havia comunicado que não colaboraria mais com o programa espacial russo numa série de missões lunares, citando como justificativa a guerra decretada por Vladimir Putin contra a Ucrânia e as consequentes sanções impostas à Rússia.

pv/av (AP/AFP)